Rede acaba de ultrapassar 500 unidades em funcionamento no Brasil e prevê fechar o ano com faturamento de R$ 500 milhões. Novo modelo de negócio tem multifranqueados como foco
O resultado de expansão esperado pela Casa de Bolos para 2023 saiu do forno antes da hora, em agosto, com a inauguração da loja de número 500 em Franca (SP) – e o feito animou a rede para turbinar o crescimento para os próximos anos. A marca se prepara para abrir sua primeira loja na Europa, e projeta chegar a 700 franquias no Brasil em 2025 – são 503 atualmente. As informações foram obtidas com exclusividade por PEGN.
A previsão é fechar 2023 com R$ 500 milhões em faturamento, pouco mais de 20% acima do resultado alcançado em 2022. “Hoje nosso crescimento está baseado fora do Sudeste, pois foi o nosso primeiro grande raio de expansão. Os novos modelos de loja atendem a cidades de 25 mil a 30 habitantes, e isso nos ajuda a chegar a mais lugares com mais facilidade”, afirma Fabrício Ramos, sócio e diretor comercial da Casa de Bolos. Hoje, metade da rede já está em cidades pequenas.
Hubs para impulsionar multifranqueados
Atualmente, todas as lojas têm produção própria, com matéria-prima fornecida pela franqueadora. “Prezamos por sempre fazer e vender o bolo no dia, no máximo em 24 horas”, afirma.
Para acelerar a expansão, a rede passou a apostar no formato de hub. Dessa forma, o multifranqueado pode produzir os itens em uma loja maior e distribuir para outros pontos na região. Hoje, 65% dos franqueados da Casa de Bolos têm mais de uma loja.
Isso, na visão de Ramos, ajuda a marca a chegar a mais locais com um custo de aluguel, estrutura e mão de obra menor. “O hub serve como uma indústria. O próprio multifranqueado atende as lojas dele, com um planejamento logístico estratégico.”
A primeira unidade hub foi inaugurada em Osasco, na Grande São Paulo, no último mês de maio e atende a unidade de Alphaville e algumas franquias dentro de estações de metrô. Estudos internos da Casa de Bolos mostram potencial para abrir, pelo menos, 20 unidades hub entre São Paulo e Rio de Janeiro. “Isso abasteceria entre 80 e 100 unidades”, afirma Ramos. O investimento inicial médio para abrir uma loja hub é de R$ 130 mil.
Rede chega a Europa em 2024
Desde o ano passado, um dos sócios da Casa de Bolos se mudou para Portugal para fazer os estudos necessários para levar a marca para o país. Neste momento, a rede tem adaptado os sabores brasileiros para o paladar português, e a ideia é abrir a primeira unidade própria em Lisboa no primeiro trimestre de 2024.
Portugal é o segundo país que mais recebe franquias brasileiras, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), ficando atrás apenas dos Estados Unidos. No ano passado havia 56 marcas em operação no país europeu, contra 78 no norte-americano. No entanto, em número de unidades, Portugal supera os EUA: eram 266 contra 190 em 2022.
Alimentação é o terceiro segmento com maior presença internacional. No ano passado havia 32 empresas brasileiras com atuação fora do país. A Oakberry Açaí Bowls era a mais representativa no período, com 143 unidades em 27 países. A Sodiê Doces, concorrente da Casa de Bolos, está na Flórida, nos Estados Unidos, desde 2019.
Nova sede administrativa
Nos bastidores, a Casa de Bolos também vem se estruturando para esse crescimento. Recentemente, a marca investiu quase R$ 6 milhões em uma sede administrativa própria de mais de 3 mil metros quadrados em Ribeirão Preto (SP), que será inaugurada até o fim do ano. O objetivo é utilizar o espaço para administrar o negócio de franquias, com suporte e treinamento, por exemplo.
Como a rede enfrenta a concorrência do bolo caseiro
Dos mais de 120 sabores disponíveis no catálogo da Casa de Bolos, que envolvem gelados, sobremesa, tortas, entre outros, o carro-chefe é o bolo de fubá. “É a unanimidade em todas as lojas. É o mais tradicional, mas é o que mais vende”, diz Ramos.
Nos últimos anos, a rede ganhou forte concorrência, de todos os portes, principalmente com o fortalecimento do empreendedorismo caseiro e da venda por marketplaces, que coloca todo mundo na mesma tela. Para lidar com isso, a marca tem se equilibrado para segurar os custos, sem abrir mão da matéria-prima utilizada. O tíquete médio atual é de R$ 25. “Até teríamos um produto mais barato se reduzíssemos a qualidade, mas não queremos fazer isso.”
De acordo com Ramos, essa decisão faz com que o consumidor tenha a sensação de pagar um “preço justo” por um produto com uma “qualidade já reconhecida”. E é isso, ele diz, que o cliente busca ao procurar por um bolo para comer com um café, em vez de se aventurar e fazer o próprio doce em casa ou buscar em outros locais.
“Outra grande preocupação é manter nosso core firme. Já tivemos várias ‘tentações’ de incluir salgados, refrigerantes, ser mais abrangentes. Mas somos especialistas em bolos, não vamos dominar tudo e concorrer com todo mundo. Nosso foco é fazer o melhor bolo possível”, afirma.
Fonte: Paulo Gratão