KondZilla sobre crescimento nos negócios: ‘Muitas pessoas disseram que eu ia matar o funk’

Konrad Dantas, o KondZilla, palestrou nesta terça-feira (17/10) na Feira do Empreendedor 2023

O clipe Baile de Favela, do MC João, foi um divisor de águas para Konrad Dantas – o KondZilla – em 2015. “Essa música bombou como um dos primeiros clipes de funk a bater mais de 100 milhões de visualizações”, diz o produtor. Quando o MC foi para o programa Encontro com Fátima Bernardes, porém, ouviu da apresentadora que a música poderia ter ido ainda mais longe se não tivesse um palavrão no refrão. “Será?”, questionou-se KondZilla, que decidiu testar. “Só precisamos de um hit, e veio a oportunidade quando lançamos ‘Deu onda’, do MC G15”, afirma. A música bateu recordes, tornando-se um dos vídeos mais assistidos do mundo no YouTube na época.

A partir daquele momento, KondZilla tomou uma decisão: baniu os palavrões e videoclipes com armas e objetificação de mulheres dos seus trabalhos. “Nosso canal subiu de 8 milhões para 22 milhões de inscritos em menos de um ano, e rompemos muitas barreiras de preconceito que faziam as pessoas não consumirem funk”, afirma. Entretanto, a medida que levou ao crescimento dos negócios não agradou a todos: “Muitas pessoas disseram que eu ia matar o funk”, conta.

KondZilla apresentou o painel “Da quebrada para o mundo” nesta terça-feira (17/10), no segundo dia da Feira do Empreendedor 2023, realizada na cidade de São Paulo. Organizado pelo Sebrae-SP, o evento tem expectativa de receber 125 mil pessoas até quinta-feira (19/10). No palco, o empresário relembrou sua trajetória e os aprendizados que vieram com ela. Seu negócio, que começou como uma produtora, hoje também atua como gravadora, festival de música, marca de licenciamento e aplicativo musical. O canal KondZilla no YouTube tem 66 milhões de inscritos e coleciona 37 bilhões de visualizações.

A empresa ainda deu origem a uma série da Netflix, chamada Sintonia. A produção já alcançou o 1º lugar no ranking semanal das séries de língua não-inglesa mais assistidas na plataforma e ainda terá uma quinta temporada. “Duas músicas da trilha sonora alcançaram o topo das paradas do Spotify”, afirma o produtor. O sucesso ainda alavancou a carreira do MC JottaPê – intérprete do personagem MC Doni –, que cobrava R$ 50 de cachê e passou a receber R$ 50 mil por show.

Além de apostar na diversidade de produtos, KondZilla destaca a importância de investir em públicos de diferentes idades. Pensando nisso, ele aceitou a proposta de apresentar o programa de televisão Papo de Segunda, transmitido na GNT.

“Começamos a trabalhar com um público totalmente diferente. Todo mundo quer falar com a geração Z, mas nós olhamos para a audiência de mulheres com mais de 50 anos de idade. Todo mundo está olhando para vídeos curtos, mas nós queremos produzir uma série com episódios de 45 minutos”, afirma.

A nova aposta da produtora é uma animação infantil chamada “Bonde do KondZillinha”, em que uma das personagens é uma professora inspirada na mãe de KondZilla, que faleceu aos 46 anos. O produtor não revelou a data para estreia do programa. “Espero que os filhos de vocês consumam muito. Quero receber mensagens de pessoas reclamando que as crianças estão ouvindo muito e que elas não aguentam mais. Este é o sonho.”

Texto:  Carina Brito