sexta-feira,22 novembro, 2024

Artesãos do Amazonas geram renda com acessórios e utensílios feitos com madeira reaproveitada

Técnica de marchetaria reaproveita madeira que seria descartada pela construção naval

Às margens do rio Negro, no município de Novo Airão, na região metropolitana de Manaus (AM), artesãos aproveitam resíduos de madeira da construção naval local e os transformam nos mais variados produtos, como bolsas, caixas, utensílios de cozinha e objetos decorativos. Tudo feito com a técnica milenar da marchetaria, que combina diferentes cores de madeira para criar efeitos ornamentais nas peças. A iniciativa é idealizada há mais de duas décadas pela Fundação Almerinda Malaquias (FAM), organização não-governamental que promove formação profissional, geração de renda e educação ambiental na região.

“Capacitamos jovens e adultos para atuarem na produção de artesanato sustentável. Os cursos de formação acontecem uma vez por ano”, diz Paulo Henrique Queiroz da Silva, diretor administrativo e financeiro da instituição. A FAM se responsabiliza pela gestão e venda dos produtos na loja física, localizada na sede da fundação, e também na virtual.

A capacitação para artesãos é oferecida há 23 anos e tem o objetivo de incentivar as pessoas a adquirir habilidades e conhecimentos que estimulem seu desenvolvimento pessoal e profissional. Segundo Silva, a venda do artesanato gera renda para 50 famílias de artesãos locais, garante a manutenção da oficina de marcenaria e paga a equipe de vendas que se dedica exclusivamente à gestão da loja, além de apoiar demais programas de educação da FAM. Na loja virtual, os produtos variam de R$ 42 a R$ 400 e podem ser entregues em todo o Brasil. Além da beleza das peças, elas têm a vantagem de serem sustentáveis, uma vez que dão vida nova a materiais que seriam descartados.

Técnica da marchetaria combina diferentes cores de madeira para criar efeitos ornamentais nas peças — Foto: Divulgação

O diretor conta que a história da capacitação dos artesãos se mistura à própria origem da fundação. O empreendedor Miguel Rocha da Silva, dono de uma empresa de turismo ecológico na região, criou a FAM para realizar seu antigo sonho de oferecer formação profissional aos jovens carentes de Novo Airão.

O nome da instituição é uma homenagem aos seus pais, Almerinda e Malaquias, e a ideia de ensinar o ofício da marcenaria com sobras de materiais foi quase que natural, já que sua família ajudou a desenvolver a construção naval do município. A instituição começou a tomar forma a partir de 1997 com ajuda do suíço Jean-Daniel Vallotton, turista apaixonado pela região amazônica e que, coincidentemente, teve formação técnica em marcenaria.

A venda do artesanato gera renda para 50 famílias de artesãos locais — Foto: Divulgação

Foi em 2000 que a FAM começou, de fato, a oferecer a capacitação a artesãos. Depois, em 2005, estendeu seu campo de atuação para outros programas de orientação profissional e educação ambiental. “Podemos estimar que mais de 2,4 mil pessoas, entre jovens e adultos, homens e mulheres, participaram de cursos de formação ministrados pela FAM. Atualmente, temos mais de 250 pessoas participando dos programas de formação”, finaliza Silva. A fundação sobrevive a partir de doações e aceita trabalhos de voluntários.

Texto: Maria Clara Vieira

Redação
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