A solução é mais simples e barata do que as camas utilizadas em situações de desastre
Parece uma caixa de papelão achatada. Mas, com algumas dobras e um novo design, se transforma em uma cama de baixo custo que pode ser usada em abrigos após um desastre.
“É um dos equipamentos mais requisitados para uma ONG, mas não existem camas especificamente projetadas para o trabalho humanitário”, diz Juan Sanz Molina, cofundador da Humanitaria, startup de Madri que projetou o equipamento.
“As ONGs frequentemente usam camas de acampamento, que são caras, lentas para montar e difíceis, ou até impossíveis, de transportar por avião.”
É o primeiro produto da Humanitaria, que decidiu trabalhar com papelão porque era a opção mais barata de material rígido e leve, tornando possível reduzir o custo de uma cama em até 90%, chegando a cerca de US$ 18. Também é rápido de produzir em fábricas de embalagens.Crédito: Humanitaria
“Podemos aproveitar as vantagens da indústria, principalmente o custo reduzido e a velocidade de produção, significativamente mais rápida”, diz Sanz. “Isso garante que possamos atender a qualquer demanda específica prontamente, em questão de horas, em vez de semanas.”
Até 24 mil unidades podem ser feitas em um dia, o dobro do que os fabricantes de camas de acampamento podem produzir em um mês.
Os designers desenvolveram o conceito inicial – uma cama que poderia ser facilmente fabricada e montada – relativamente rápido. Levou mais tempo para ajustar o design de modo a torná-lo do tamanho certo para transporte e armazenamento resistente o suficiente para suportar mais de 300 quilos.
A resistência vem de várias camadas no próprio papelão, com duas folhas de papelão na área do colchão e dobras cuidadosamente planejadas no design.
Esticadas, 100 camas podem ser empilhadas em um palete, economizando espaço nos centros de logística e possibilitando que mais delas sejam embarcadas nos aviões. Quando estão prontas para uso, podem ser montadas em questão de segundos, como uma caixa de papelão.
A cama não é projetada para o conforto, embora Sanz diga que as ONGs provavelmente fornecerão colchões finos e cobertores, como fazem com as camas básicas de acampamento atualmente. Ela também é resistente o suficiente para ser usada em hospitais improvisados, enquanto médicos fornecem atendimento de emergência.
A startup expandiu a produção em uma fábrica na Espanha. As primeiras camas serão testadas pela Cruz Vermelha local para vítimas de enchentes. A empresa também está começando a conversar com fabricantes em outras partes do mundo.
Sanz acredita que esta é uma solução que pode ser adotada rapidamente em abrigos humanitários devido ao baixo custo e facilidade de uso. Também é mais sustentável do que uma cama de metal, pois usa uma quantidade relativamente pequena de um material reciclado, reciclável e biodegradável.
“É um produto revolucionário, voltado para um setor tradicionalmente conservador que está começando a perceber a necessidade de inovação”, diz ele.
Texto: Adele Peters