Especialista aponta que inteligência artificial e mobilidade aérea serão algumas das apostas para o setor
Com a crescente demanda por veículos mais ecológicos por parte dos consumidores, as empresas de transporte por aplicativo deverão desempenhar um papel de liderança na adoção de carros elétricos no Brasil. Isso é o que revela uma pesquisa da McKinsey sobre o futuro da mobilidade sustentável no país, que prevê que até 2040, os veículos elétricos deverão compor 85% da frota de veículos utilizados por meio de aplicativos de transporte. Esse número é quatro vezes maior do que a estimativa para a adoção de carros elétricos de uso pessoal, os quais devem atingir uma parcela de 21% da frota no mesmo período.
Para Bruno Muniz, sócio-executivo da Gaudium, startup de tecnologia focada em mobilidade urbana e logística, a atenção às novidades do setor são cruciais para que as empresas possam oferecer a melhor experiência aos seus clientes. “Para os próximos anos, espera-se que algumas movimentações que já vêm ocorrendo de forma casual ganhem mais força e se consolidem, como é o caso da descentralização dos grandes apps de transporte. A realidade aumentada dentro do transporte por aplicativo deverá aparecer mais vezes, por exemplo, com imagens reais de pontos de embarque dos passageiros, o que evita o desencontros com motoristas.”, aponta o executivo.
Pensando nos próximos passos da mobilidade, o especialista listou as cinco grandes tendências promissoras para o setor de aplicativos de transportes. Confira:
Foco em apps de transporte locais
Em vez de um grande aplicativo multinacional presente em todas as cidades do Brasil, Muniz aponta a tendência do fortalecimento dos aplicativos regionais, que conseguem se conectar mais aos motoristas e passageiros por serem geridos por empreendedores da região. Muitas vezes, eles até oferecem diferenciais atraentes àquela localidade específica. No país, aplicativos como Urbano Norte e Ubiz Car Brasil lideram este modelo, focando suas operações em cidades de pequeno e médio porte.
Mobilidade elétrica
Com a necessidade cada vez maior da substituição dos combustíveis fósseis, veículos à base de energia limpa deverão tomar a frente também no transporte por aplicativo. A Uber, por exemplo, tem o objetivo de ter sua frota composta 100% por veículos elétricos até 2040, inclusive já oferecendo bônus nos EUA para motoristas trocarem seus veículos por um modelo mais sustentável.
Crescimento do Pix como modalidade de pagamento
Uma das tendências que devem seguir em alta é o uso do Pix em apps de transportes. Para Muniz, o Pix conquistou espaço pela simplicidade e praticidade para todos os envolvidos. “É um meio que oferece mais flexibilidade financeira para os passageiros, além de existir menos chances dos usuários transferirem valores errados ou caírem em golpes. Para motoristas, o valor é creditado na hora e não é preciso pagar pela taxa da maquininha”, aponta. Segundo levantamento da Gaudium, o Pix movimentou mais de R$ 60 milhões em transações de aplicativos de transporte regionais de janeiro a setembro de 2022.
Inteligência Artificial
A inteligência artificial está desempenhando um papel transformador nas tendências de aplicativos de transporte, revolucionando a maneira como as empresas operam e os usuários se deslocam. Desde a otimização de rotas e previsões de tráfego em tempo real até a personalização da experiência do passageiro e a implementação de veículos autônomos, a IA está impulsionando a eficiência, a segurança e a comodidade no setor de transporte, moldando um futuro onde a mobilidade se torna mais inteligente e sustentável.
“A IA veio para ficar e vai tornar os aplicativos cada vez mais inteligentes, tanto em usabilidade quanto em comunicação. Outro ponto é que as redes inferiores ao 5G são um impeditivo na experiência do usuário, então a popularização do 5G traz um impacto muito positivo no monitoramento em tempo real das corridas via aplicativo, aumentando a precisão da localização entre o motorista e o passageiro”, afirma o executivo.
Mobilidade aérea
Apesar de parecer vinda de um filme de ficção científica, a mobilidade aérea urbana nunca esteve tão perto de se tornar realidade. A Eve, braço da Embraer no setor, realizou seis voos diários entre o Aeroporto Internacional do Galeão e a Barra da Tijuca, ambos no Rio de Janeiro, em novembro de 2021. Os testes não foram realizados ainda com o veículo que será utilizado no futuro, o eVTOL, e sim com um helicóptero. Mas os testes ajudaram a empresa a conceber, junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o primeiro Conceito de Operações para Mobilidade Aérea Urbana no Brasil.
Sobre a Gaudium
A Gaudium, dona da Machine, é uma empresa de tecnologia criada em 2011 pelo cientista da computação Bruno Muniz e pelo engenheiro Ricardo Góes. Hoje, a startup é focada nos mercados de mobilidade e logística, possui o selo Great Place to Work e já participou de dois Programas de Aceleração Scale Up da Endeavor. Além da Machine, a empresa é dona do Conecta, portal de conteúdo e educação sobre mobilidade e logística, e do Mr. Frete, site de busca por empresas de motoboy.
