Estudo aponta que baixos níveis de vários biocidas comuns podem levar germes a ganharem tolerância aos medicamentos
Utilizar produtos de limpeza comuns contra germes e bactérias de forma cotidiana é extremamente eficaz, mas pode trazer alguns riscos para a saúde. Um novo estudo sugere que alguns resíduos de desinfetantes podem estar tornando bactérias mortais mais resistentes aos antibióticos.
Os componentes em questão são os biocidas, encontrados em desinfetantes e antissépticos. Esses produtos químicos – utilizados diariamente em ambientes, como residências e hospitais -, podem estar pressionando a evolução das bactérias, que, por sua vez, estão cada vez menos vulneráveis aos medicamentos.
O estudo
- Publicado na revista Nature Microbiology, o artigo foi concentrado na bactéria multirresistente Acinetobacter baumannii;
- Essa espécie é responsável por adoecer milhares de pacientes em hospitais nos EUA todos os anos;
- Os pesquisadores descobriram que os baixos níveis de vários biocidas comuns podem levar os germes a ganhar tolerância aos antibióticos;
- Durante os testes, a Acinetobacter se mostrou resistente aos antibióticos que atuam no interior das células bacterianas – na tentativa de impedir a produção de novo ADN ou proteínas;
- A equipe introduziu mutações no genoma da bactéria, com o intuito de descobrir quais genes ajudariam a bactéria a sobreviver contra dez tipos de biocidas;
- Durante a exposição, foram identificados diversos genes de sobrevivência. Entre eles, alguns codificavam proteínas na parede que envolve as células bacterianas, enquanto outros codificavam proteínas dentro das células – incluindo as proteínas envolvidas no metabolismo ou na respiração.
“Nossa descoberta sugere que os biocidas em baixa concentração podem comprometer a potência dos antibióticos e levar ao desenvolvimento de resistência”, disse Liping Li, principal autor do estudo, em entrevista ao Live Science.
São necessárias mais investigações e pesquisas sobre os efeitos colaterais dos biocidas residuais em cenários do mundo real para garantir que estamos usando esses produtos químicos preciosos com sabedoria e segurança.
Liping Li, principal autor do estudo, em entrevista ao Live Science
Por mais que a pesquisa laboratorial não trate de ambientes reais – como os hospitais -, os autores estimam que os resultados levantem certa preocupação com a administração de biocidas. Além disso, a principal preocupação dessa investigação seria descobrir como reduzir a quantidade de biocida residual no ambiente após a limpeza.
Texto: Alisson Santos