A proposta é de uma polinização guiada para aumentar a produção de café
Treinar abelhas pode ser o novo esporte dos cafeicultores no Brasil que, por meio de uma corrida para melhorar o transporte do pólen com a ajuda de um composto sintético criado em São Paulo, poderão aumentar a produtividade das lavouras de café de 18% a 30%, além da sustentabilidade.
Para isso, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, iniciou o treinamento dos insetos a partir de moléculas sintéticas que se assemelham ao aroma da flor de café.
Os métodos utilizados para este estudo inédito foram o treinamento de abelhas, manipulação de um composto mimético das flores de café e polinização guiada, que são inéditos no país, porque, apesar da polinização guiada ser utilizada em culturas de clima temperado, a pesquisa da Apta Regional é nas culturas tropicas e no uso com as abelhas nativas, como divulgou a instituição em nota.
A equipe de pesquisadores é formada por Maria Imaculada Zucchi da Apta Regional de Piracicaba, e pelos especialistas em polinização Marcela Barbosa e em ecologia comportamental, João Marcelo Aguiar, ambos da startup PollinTech, participante do Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Segundo Zucchi, atualmente, existem empresas no mercado que atuam apenas com o aluguel de caixas de abelhas para o aumento da polinização e produtividade, mas que isso não dá conta.
“Nossa tecnologia envolve o desenvolvimento de um mimético e o treinamento de abelhas para polinização monofloral, desta forma, com aumento certeiro de produtividade”, detalhou, em nota.
Com o trabalho, os pesquisadores esperam conferir influencia direta à produção. A startup já está na fase de teste de campo com a cultura do café e o próximo passo é desenvolver um aroma mimético para o abacate, citros e açaí, nas quais a polinização é uma grande aliada.
As pesquisas apontam que futuramente será possível o aumento de produtividade para outras plantas alogamas (fecundação cruzada), e outras culturas agrícolas com os desafios de aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos alimentos com valor agregado e diminuição dos custos, como lembra a pesquisadora.
O mercado com foco em agricultura regenerativa, café especial e sustentabilidade, fala Zucchi, “carece de tecnologias sustentáveis que resultem em alimentos com mais teor de ácidos graxos, como o óleo de girassol e de canola, quando polinizado por abelhas”. Do mesmo modo, esses insetos impulsionam a geração de cafés com notas sensoriais incrementadas.
Além disso, com a polinização, produtores podem explorar um subproduto da união das abelhas e do café, que é o mel da flor de café. Um artigo de luxo, rico em nutrientes para a alimentação saudável e de alto valor agregado nacional e internacionalmente.