sexta-feira,22 novembro, 2024

Especialistas em ESG devem conquistar o mercado profissional nos próximos anos

Pesquisa aponta aumento de 33% nas vagas de postos de trabalho até 2027

Conforme a agenda socioambiental ganha novos horizontes dentro da sociedade nos dias atuais, mais o mercado profissional se expande para alcançar especializações que propõem o equilíbrio entre o desenvolvimento e a sustentabilidade nas organizações. A necessidade de incorporar práticas que alinham os interesses corporativos às demandas do meio ambiente, sociedade e ética nos negócios abriu caminhos para o surgimento de um novo posto de trabalho: o especialista ESG

Do inglês, a sigla ESG significa sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa (Environmental, Social and Governance) nas empresas. O economista e PhD em Estudos do Desenvolvimento Mario Vasconcellos afirma que o termo ganhou mais força no Brasil a partir de 2020, com a publicização de comportamentos indevidos de corporações.“Somente agora as empresas estão se preocupando em ter profissionais capacitados para atuar nesse campo profissional”, analisa o doutor.

O conceito de ESG é amplo mas ainda está em fase de consolidação, aponta Vasconcellos, que afirma que as formas como as empresas avaliam esse conceito não estão totalmente definidas, especialmente na Região Norte. “O profissional tem atuado na estruturação e acompanhamento de instrumentos de compliance e governança interna nas empresas, mas seguindo as regras e padrões de boas práticas estabelecidas nacional e, principalmente em nível internacional. Todavia, ainda existem importantes indicadores não claramente estabelecidos que o profissional precisa acompanhar, como, por exemplo, a emissão de gases no processo produtivo no campo ambiental, combate a corrupção no campo da governança, e inclusão social e direitos humanos no campo social. No caso regional, penso que o profissional tenha que criar indicadores específicos a serem incorporados na prática de gestão”, pondera. 

Elen Néris, especialista em ESG e em comunicação, aponta que a especialização possui um potencial de crescimento muito grande nos próximos anos por conta de que cada vez mais empresas decidem implementar ações voltadas a cada uma das áreas correspondentes da sigla. De acordo com a pesquisa “Futuro do Trabalho”, realizada pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Fundação Dom Cabral, divulgada neste ano, estima um crescimento de 33% nos postos de trabalho ligados a essa especialização até 2027. 

“Costumo dizer que o ESG é para todos. Os investidores de uma organização de grande porte, por exemplo, estão cada vez mais interessados em empresas que praticam ações de ESG. Mas empresas pequenas também devem incorporar boas práticas, como ética, transparência nas finanças, bom relacionamento com os empregados, e nesses casos também entra um profissional para ajudá-las”, ressalta Néris. 

No panorama amazônico, Mario Vasconcellos acredita que o campo ainda está restrito a grandes corporações, especialmente àquelas que possuem ações no mercado financeiro e possuem maior visibilidade dos comportamentos junto ao meio ambiente e sociedade. Por outro lado, Elen acredita que a atual visibilidade da Amazônia, adquirida com a COP-30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que será sediada em Belém em 2025, evidencia algumas questões ligadas ao conceito de sustentabilidade e abre oportunidades voltadas para o mercado de crédito de carbono.

“Esse é um profissional que, com certeza, vai ter uma demanda muito grande aqui, pois com a cobrança, com o olhar do mundo voltado para a gente por conta da COP, e para a sustentabilidade, principalmente ambiental. Os olhos do mundo vão olhar muito para cá, para a região amazônica. E nós, no Pará, como porta de entrada para a Amazônia, vamos ter nossas produções vão ser muito cobradas. Por isso, esse profissional de sustentabilidade e de relacionamento com a comunidade vão ser muito importantes nesse processo”, destaca Néris. 

Áreas de atuação 

Por estar ainda em crescimento, o segmento de ESG não possui um mercado tão competitivo no Estado. Essa área agrega profissionais de diversos cursos de graduação, que desenvolvem projetos multidisciplinares dentro do ambiente corporativo. Um profissional de ESG pode ter uma atuação completa e ampla na corporação ou segmentada, como compliance, meio ambiente, engenharia, direito, arquitetura, políticas de inclusão e diversidade, entre outros. 

Elen Néris explica que os interessados nesta área podem se especializar em um dos três pilares do ESG, tendo como foco o desenvolvimento de ações e projetos conforme o segmento da corporação. “Empresas podem contratar um profissional qualificado em políticas de diversidade, que dê treinamento e toque dentro do ambiente colaborativo um programa de diversidade e inclusão —- que é uma tendência muito forte. Há várias profissões ligadas ao ESG em cada letra da sigla que vão trabalhar para que os programas desenvolvidos nas empresas sejam uma realidade e tragam resultados”, afirma. 

Vasconcellos ressalta que uma das dificuldades da profissão é a capacitação que, no momento, ainda está em desenvolvimento. A maior parte dos cursos e especializações que existem são fora do Estado, os quais nem sempre conseguem abarcar todas as peculiaridades e demandas da Região Norte. Por outro lado, Mario destaca que esse profissional precisa ter uma visão ampla de estratégias empresariais e estar atualizado das discussões sociais e ambientais. 

“Penso que para ser um especialista em ESG, o profissional tem que já ter tido experiência no campo da organização ou na região em que atuará, visão interdisciplinar, incluindo um perspectiva técnico-política, conhecimento em formulação ou leitura de indicadores e disposição a interagir com diversos públicos, a depender do objeto da empresa ou organização”, afirma o PhD. 

Texto: Emilly Melo

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