quinta-feira,19 setembro, 2024

Programa de coleta de peças usadas da C&A mostra potencial de reciclagem ainda pouco explorado na indústria têxtil

ReCiclo completa seis anos com arrecadação de 80 toneladas de roupas usadas, uma quantidade pequena frente ao volume produzido pela gigante da moda, mas programa aponta caminhos de mudança

O Movimento ReCiclo, programa da C&A voltado à correta destinação de peças usadas, completou seis anos no mês de setembro com um total de 270 mil peças arrecadadas, que somaram 80 toneladas. As urnas de depósito do programa, criado em 2017, estão atualmente presentes em 206 lojas da C&A (61% do total) espalhadas pelo Brasil, e todas as novas lojas inauguradas já nascem com ele.

Os dados do ReCiclo, compartilhados em primeira mão com Um Só Planeta, representam uma quantidade pequena frente ao volume produzido pela gigante da moda e também uma fatia diminuta diante das cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis que são descartadas de forma incorreta no lixo comum todos os anos, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção (Abit).

Mas o programa aponta caminhos de mudança de hábitos possíveis e, surpreende, ao mostrar como os consumidores surfam essa onda. “A dimensão do tema de sustentabilidade não é tão óbvia, por isso, um dos maiores desafios é embarcar o cliente nessa jornada. Hoje, os consumidores que participam do Reciclo estão engajados com o tema e acreditam no objetivo da iniciativa. Como não temos nenhum incentivo monetário ou de desconto nas lojas para tal ação o maior engajador é a sensibilização e conscientização do tema”, diz Cyntia Kasai, gerente-sênior de ASG da C&A.

O programa ReCiclo integra campanhas ao longo do ano da marca, como na Semana Jeans, que apresenta as principais tendências de moda alinhadas à sustentabilidade, circularidade e upclycling. “Além de fazer a divulgação nos alto-falantes das lojas e não incentivar a troca por produtos ou descontos. A intenção é conscientizar sobre a importância da sustentabilidade e moda circular”, acrescenta, destacando que o Sudeste é a região que mais arrecada e São Paulo é o estado mais engajado.

Como funciona

Ao depositar uma peça nas urnas verdes do programa, abrem-se três possíveis caminhos para destinação: upcycling, por meio da recuperação das fibras de tecido das peças descartadas, dando origem a um novo produto; reciclagem ou doação.

As doações são realizadas em parceria com o Instituto C&A, o pilar social da C&A Brasil há mais de 30 anos, que distribui essas roupas em bom estado para instituições e para ajudas humanitárias em crises ambientais, sociais ou sanitárias. Desde o início de 2023, já foram recolhidas 28 toneladas em um total de 57 mil unidades arrecadadas.

Jeans circular

Entre os tecidos com alto potencial de reaproveitamento está o velho e bom jeans. Desde 2021, a C&A lança cápsulas da coleção de jeans circular proveniente de peças recicladas. São coleções consideradas menores, daí serem “cápsulas”. No caso do jeans circular, o tecido é produzido a partir da reciclagem de peças coletadas pelo Movimento ReCiclo e aparas de produção, em parceria com a Cotton Move, plataforma que promove reciclagem de roupas e moda circular.

“As peças são produzidas a partir do upcycling de itens usados, por meio da recuperação das fibras de tecido que dão origem a um novo produto. Em 2022, a coleção jeans circular utilizou 9,8 mil toneladas de matéria prima reciclada, 16.120 peças e sendo reconhecida pelo Prêmio ECO 2022 da Amcham Brasil, como destaque da edição”, conta Cyntia.

Nas vendas, uma surpresa com a recepção dos consumidores: desde o lançamento, em 2021, foram produzidas 153 mil peças do jeans circular, todas esgotadas. Em 2023 a iniciativa chegou a ganhar uma mesa fixa e exclusiva para as coleções do Jeans Reciclado em 51 lojas da C&A. Pelo jeito, os consumidores estão dispostos a comprar peças mais “conscientes e ecológicas”. Agora é hora de aumentar o ânimo e o ritmo da destinação correta de peças velhas.

Texto: Vanessa Oliveira

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