sexta-feira,22 novembro, 2024

Startup fatura R$ 2 milhões com testes de medicamentos e cosméticos sem o uso de animais

Laboratório replica células humanas isoladas para realizar procedimentos e já atraiu clientes internacionais

Analgésicos, medicamentos de uso contínuo e hidratantes corporais são produtos comuns no dia a dia das pessoas. Antes de chegarem até o cliente final, eles passam por diferentes etapas de produção, incluindo testes de segurança e eficácia para serem aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma das empresas responsáveis por fazer esses testes no Brasil é o laboratório Crop, fundado em 2020 por Aruã Prudenciatti e Lucas Ribeiro, ambos graduados em Biotecnologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). O negócio faturou R$ 2 milhões em 2022 e espera crescer 80% neste ano, com o diferencial de não utilizar animais nas testagens dos produtos.

Com sede em Botucatu, no interior de São Paulo, a startup se dedicou ao desenvolvimento de produtos contra o coronavírus durante a pandemia. Hoje, o foco do laboratório são serviços de testes de eficácia e segurança de medicamentos e cosméticos por meio de métodos alternativos. “Não existem muitos laboratórios com esse foco no Brasil. Muitas companhias tinham de contratar laboratórios estrangeiros e pagar em dólar, o que afeta o custo para o consumidor final”, aponta Prudenciatti.

Segundo o empreendedor, muitas empresas do setor ainda fazem testes em animais. “Para testar a segurança de um produto, existe um teste de dose letal: 50 camundongos são colocados em contato com ele, e os cientistas literalmente contam quantos morrem”, explica.

Porém, o uso de animais em testes têm sido questionado do ponto de vista ético — o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) proibiu neste ano o uso de animais em testes de cosméticos e produtos de higiene pessoal — e também científico, já que há pesquisas que mostram que esse modelo não é o mais efetivo.

Como alternativa, a Crop faz testes in vitro com células humanas isoladas. A célula pode vir de diferentes órgãos do ser humano, como fígado e rim, e é replicada no laboratório, criando-se um “mini órgão” que vai receber os medicamentos em teste. “Em vez de fazer um teste de irritação cutânea em um camundongo, eu isolo uma célula humana da pele e replico isso em laboratório em proveta”, exemplifica.

Hoje, metade dos clientes da Crop são da indústria farmacêutica e metade produz itens de higiene pessoal e cosméticos. As empresas podem contratar a startup no momento em que estão lançando novos produtos ou de forma contínua, com testes realizados a cada lote. O valor médio dos serviços fica entre R$ 60 mil e R$ 100 mil.

Em 2022, a empresa atingiu faturamento de R$ 2 milhões. Neste ano, a base de clientes já dobrou, com 59 serviços realizados, e deve crescer 80% em relação ao ano anterior. “Alguns clientes de fora do país chegaram até nós de forma espontânea. Isso trouxe uma validação de que poderia ter gente lá fora interessado, e agora estamos estudando para ampliar essa atuação”, adiciona.

Os empreendedores também estão investindo em estudos de testes alternativos que ainda não são bem aceitos por órgãos regulatórios, como os que verificam a toxicidade de medicamentos para o material genético e para bebês em gestação. A Crop consegue realizá-los da mesma maneira que os testes de eficácia e segurança – replicando as células humanas –, mas eles ainda não podem ser aproveitados para que novos produtos sejam registrados pela Anvisa, por exemplo. “Estamos trabalhando para provar para essas agências que o teste pode ser aceito. Fazemos isso gerando dados de pesquisa”, diz Prudenciatti.

Fonte: Bianca Camatta

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