Estudo mostra que setor de finanças sofre mais para encontrar pessoas com qualificações sustentáveis, enquanto energia renovável cresce mais rapidamente; Brasil acompanha tendência global
Mesmo quando superam problemas como falta de recursos ou de priorização por governos, serviços e indústrias ligadas à economia verde estão enfrentando outro percalço para sua expansão global: a falta de trabalhadores qualificados.
Um relatório recente do LinkedIn sugere que a demanda de empresas por profissionais com “talentos verdes” está crescendo mais rapidamente do que a oferta de pessoas com essas qualificações no mercado.
“Só entre 2022 e 2023, a porcentagem de talentos verdes na força de trabalho aumentou em média 12,3% nos 48 países que examinamos, enquanto a porcentagem de ofertas de emprego que exigem pelo menos uma competência verde cresceu quase duas vezes mais rapidamente – numa média de 22,4%”, diz o relatório.
A taxa de crescimento anualizada nos cinco anos entre 2018 e 2023 revela uma tendência semelhante. A porcentagem de talentos verdes cresceu 5,4% ao ano durante esse período, enquanto aquela de empregos que exigem qualificações ligadas à sustentabilidade cresceu 9,2%.
Em 2021, menos de 1% das contratações mundiais envolveram empregos verdes, e metade do total envolveu empregos sem quaisquer competências verdes, de acordo com o LinkedIn. A empresa aponta que isso ocorre em parte porque é difícil conseguir esses empregos – eles tendem a exigir múltiplas competências que a maior parte das pessoas ainda não possui.
Algumas indústrias sofrem mais do que outras. Embora a concentração média de talentos verdes em todos os setores seja de 12,3% (o que significa que um em cada oito trabalhadores possui competências de sustentabilidade), ela é de apenas 6,8% no setor financeiro (o que significa que um em cada 15 possui competências verdes). Setores como energia, mineração, agricultura, saúde e indústria transformadora têm cenários melhores que esse.
A indústria da energia verde é a que tem o melhor cenário na atração de trabalhadores qualificados. “Entre 2015 e 2023, o emprego na indústria das energias renováveis cresceu em todos os países que examinamos. Durante este período, 120 trabalhadores ingressaram na indústria das energias renováveis para cada 100 que saíram”, afirma o relatório LinkedIn.
Esse é um dos reflexos em uma indústria que vem crescendo rapidamente em meio à transição energética. Alguns exemplos desse cenário são as projeções de que a energia eólica será pela primeira vez a principal fonte de eletricidade no Reino Unido este ano, e a energia solar caminha para superar o petróleo em investimentos também pela primeira vez em todo o mundo.
Dados do Brasil
As poucas menções ao Brasil no relatório do LinkedIn mostram que o país acompanha o cenário difícil global em relação à presença de competências de sustentabilidade entre a força de trabalho. Considerando o período entre 2017 e 2023, o país teve crescimento de apenas cerca de 8% na proporção de trabalhadores qualificados para atuar na produção de veículos elétricos, por exemplo.
Mas, mesmo entre os mercados mais maduros, a proporção de pessoas qualificadas ainda é baixa. Diz o LinkedIn que Suécia, Alemanha e Reino Unido têm a maior proporção de trabalhadores qualificados, entre aqueles da indústria automotiva, para atuar com veículos elétricos – mas essa concentração é, no melhor dos cenários (da Suécia), de 8,1%.
O cenário é semelhante na indústria de infraestrutura, com o Brasil tendo, junto com a Holanda, a menor proporção de pessoas com ao menos uma qualificação em veículos elétricos – o que, nesse caso, seria útil para a construção de estações de carregamento de veículos, por exemplo.
Também nesse caso, mesmo os melhores resultados evidenciam que a falta de mão de obra qualificada é uma questão global. Reino Unido e Canadá têm a melhor concentração de trabalhadores com qualificações verdes para veículos elétricos entre a mão de obra em infraestrutura, mas ela ainda é menor que 10% do total.
Por fim, no setor de finanças, que sofre para encontrar profissionais com qualificações verdes, o país tem a 12ª pior proporção de trabalhadores com essas qualidades, entre os 48 pesquisados pelo LinkedIn.Alemanha, Áustria e Colômbia têm os melhores índices.
Texto: Redação, Um Só Planeta