domingo,24 novembro, 2024

Lego revela dilema para ser mais sustentável: reciclar plástico gasta mais energia do que fabricá-lo

Investindo em pesquisas desde 2018, a companhia anunciou mudança de política na busca pela redução de emissões

A dinamarquesa Lego, maior fabricante de brinquedos do mundo, anunciou que vai abandonar seus planos de desenvolver um novo material para a fabricação de seus brinquedos. Desde 2018 a companhia vem perseguindo a produção de um material livre de plástico advindo de petróleo, em esforços para descarbonizar sua cadeia de produção dos famosos bloquinhos.

Segundo a companhia, o projeto de reciclar garrafas de plástico para fazer novos brinquedos teria uma emissão de carbono maior do que o processo atual, informou o jornal Financial Times. O chamado RPET não alcança a facilidade e força de encaixe exigidas para substituir a matéria-prima das peças.

Para tornar o material reciclado adequado, um processo que demanda mais energia seria necessário, adicionando ingredientes para maior durabilidade e por fim processando e secando o novo material. “É como tentar fazer uma bicicleta de madeira em vez de aço”, afirmou Tim Brooks, chefe de sustentabilidade da companhia.

A abordagem da empresa daqui por diante será a de gradualmente substituir ingredientes de suas peças de plástico por materiais de origem vegetal, diminuindo aos poucos a pegada de carbono dos brinquedos e da cadeia de produção da companhia como um todo.

Outro ponto defendido pelos executivos é o de reforçar atitudes de economia circular, incentivando o reuso de brinquedos, que podem ser entregues pelos consumidores. O programa Replay já funciona nos Estados Unidos e no Canadá.

“É melhor reutilizar do que reciclar. Portanto, estamos diante de um modelo de negócios circular – como podemos obter receita recirculando tijolos de plástico. É uma grande mudança de pensamento e ideias”, acrescentou Brooks.

Hoje, para fabricar um quilo de plástico ABS, a companhia gasta dois quilos de petróleo. O plástico compõe 80% das peças usadas nos brinquedos da Lego.

“Em um primeiro momento, acreditava-se que seria mais fácil encontrar este material mágico que resolveria a questão da sustentabilidade”, afirmou Niels Christiansen, CEO da Lego. “Isso não parece existir. Testamos centenas e centenas de materiais. Simplesmente não foi possível encontrar um material como esse.”

A mudança de táctica da companhia realça as difíceis decisões que as empresas enfrentam em matéria de sustentabilidade, onde objetivos como a eliminação da utilização de combustíveis fósseis e a redução das emissões de carbono podem entrar em conflito, observou o Financial Times.

Entre outras iniciativas, a Lego já vem eliminando plástico de suas embalagens, trocando materiais descartáveis por papel, algo que deve chegar a toda a produção até 2025, segundo a empresa.

“Não será uma mudança de 0 a 100 por cento sustentável de um dia para o outro, mas você começa com elementos baseados em biomateriais ou materiais reciclados. Talvez seja 50%, ou 30%, ou 70% com base nisso”, disse Christiansen.

Desde o início das pesquisas pelo novo material, agora encerradas, a Lego vem mantendo investimentos na casa de US$ 400 milhões (R$ 2 bilhões) ao ano em sustentabilidade, e pretende reduzir as emissões de carbono da companhia em pelo menos 17% até 2032, tendo como referência o ano de 2019.

Texto:  Marco Britto, Redação Um Só Planeta

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