Você já se perguntou a razão de precisar tirar computadores e tablets da bagagem de mão para passar pelo detector de metais antes de embarcar em um avião comercial? É por segurança, para que os agentes responsáveis possam examinar melhor os equipamentos eletrônicos e ver se ninguém os modificou com peças potencialmente perigosas. Esse e outros apertos na segurança de aeroportos são frutos de mudanças de protocolo que se seguiram aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.
Há exatos 22 anos, 19 terroristas embarcaram em quatro voos comerciais que estavam saindo de aeroportos de grandes cidades da costa leste dos EUA no início da manhã. Alguns levavam lâminas e objetos perfurantes e parte do grupo conseguiu embarcar sem se identificar com documentos emitidos pelo Estado. No ar, os sequestradores da organização terrorista Al-Qaeda tomaram o controle das aeronaves, contando com a facilidade para acessar as cabines de comando, e as usaram como mísseis no maior ataque ao território norte-americano desde a 2ª Guerra Mundial.
Numa das cenas mais conhecidas dos nossos tempos, dois aviões foram lançados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e os impactos transformaram as enormes construções em escombros, cobrindo de poeira tóxica grandes áreas da ilha de Manhattan. Outro chocou-se com o Pentágono, em Washington D.C., e outro, que tinha como alvo a Casa Branca ou o Capitólio, caiu em um campo na Pensilvânia após reação dos passageiros contra os terroristas.
Os atentados mataram 2.977 pessoas de mais de 90 nacionalidades, incluindo passageiros e tripulação dos aviões, pessoas que estavam nos prédios atingidos e bombeiros, socorristas e policiais que atuaram nos resgates logo após os impactos. Os 19 sequestradores também morreram. E o mundo mudou.
Segurança reforçada
Quando o espaço aéreo dos EUA foi reaberto, regras mais restritas de segurança já estavam em vigor e foram sendo reforçadas nos anos seguintes e aplicadas no resto do mundo, pois a regulação do mercado de aviação civil é globalmente integrada.
Ainda em 2001, nos EUA, uma lei chamada Patriot Act limitou direitos individuais e facilitou operações de vigilância e monitoramento em serviços de comunicação, como telefones e a internet, sem a necessidade de autorizações judiciais explícitas.
Além das telecomunicações, foi nos aeroportos que as mudanças ficaram mais evidentes. Após 2001, o tempo necessário para passar pelos procedimentos de segurança nos terminais aumentou muito e os passageiros tiveram de começar a chegar ao local com mais antecedência.
Veja o que mais mudou nesses 22 anos
- Identificação pessoal – Documentos oficiais com foto se tornaram obrigatórios para embarcar em voos domésticos em todo o mundo e os funcionários passaram a ser melhor treinados para identificar fraudes. Também se tornou obrigatória a identificação na hora de despachar bagagens no balcão das companhias aéreas. O acesso aos portões de embarque se tornou mais rigoroso, com a adoção de mais pontos de controle de passagem. E só quem tem passagem para o dia consegue passar por esses pontos de controle.
- Artigos proibidos – Mesmo pequenos objetos de metal, como cortadores de unhas, passaram a ser proibidos em bagagens de mão, além de embalagens com aerossol ou determinada quantidade de líquido ou gel. Canivetes e lâminas, então, nem pensar. As companhias aéreas deixaram de oferecer talheres de metal nas refeições e foram inseridas novas regras antes do embarque, como a retirada de computadores e tablets da bagagem.
- Os detectores de metal e aparelhos de Raio-X também têm sido modernizados constantemente e muitos aeroportos nos Estados Unidos e em outros países já utilizam scaners de corpo inteiro – uma tendência que deve se espalhar no mundo inteiro.
- Além disso, se tornou comum o passageiro ser obrigado a tirar os sapatos para passar pelo detector, principalmente em voos internacionais, e as revistas pessoais, inclusive em salas reservadas onde é possível tirar peças de roupas, se tornaram mais numerosas – um rigor exigidos pelos EUA a países com voos para seu território. Nos sapatos, os agentes de segurança checam por explosivos escondidos.
- Dentro do avião – Quem voou antes de 2001 deve se lembrar que o acesso à cabine de comando não era difícil e era comum os pilotos receberem crianças e curiosos durante o voo. Desde os atentados, porém, o acesso aos pilotos é blindado e a porta passa o voo trancada, só podendo ser aberta por dentro. A comunicação entre pilotos, passageiros e tripulação agora só ocorre por meio do sistema de som do avião.
- Segurança explícita – Até os atentados de 2021, não havia a intenção de que os passageiros percebessem o tempo todo a segurança e o monitoramento. Isso mudou. Agora os trajes dos agentes de segurança são mais chamativos, há mais deles e todo o espaço é monitorado por câmeras, que ficam bem visíveis. A sensação de estar sendo vigiado o tempo todo é proposital.
Fonte: Metrópoles