A cúpula, que teve início na segunda-feira, tem como foco a mobilização de financiamento para a resposta da África às mudanças climáticas
O mundo está perdendo a corrida para atingir suas metas no combate à mudança climática, disse nesta terça-feira (5) o presidente da próxima cúpula COP28, enquanto os líderes africanos pediam mudanças no que eles dizem ser um sistema internacional injusto de financiamento climático.
A avaliação sombria feita por Sultan Al Jaber, que presidirá a cúpula nos Emirados Árabes Unidos no final de novembro, foi feita três dias antes da Organização das Nações Unidas (ONU) publicar seu primeiro “balanço global”, uma avaliação de como as nações estão se saindo em seus esforços para enfrentar as mudanças climáticas.
“Não estamos apresentando os resultados de que precisamos no tempo necessário”, disse Jaber, que também dirige a Abu Dhabi National Oil Company, aos delegados da primeira Cúpula do Clima da África, na capital do Quênia, Nairóbi.
A cúpula, que teve início na segunda-feira (4), tem como foco a mobilização de financiamento para a resposta da África às mudanças climáticas.
Embora a África esteja sofrendo alguns dos impactos mais severos da mudança climática, o continente recebe apenas cerca de 12% do financiamento necessário para lidar com o problema, de acordo com pesquisadores.
Centenas de milhões de dólares de investimentos em projetos de desenvolvimento sustentável foram anunciados na segunda-feira e, na terça-feira, Jaber anunciou que os Emirados Árabes Unidos estavam prometendo 4,5 bilhões de dólares para desenvolver 15 GW de energia limpa na África até 2030.
Atualmente, a África tem cerca de 60 GW de capacidade instalada de energia renovável.
As autoridades africanas afirmam que os investimentos são bem-vindos, mas que atender às necessidades de financiamento do continente exigirá uma transformação da arquitetura global de financiamento climático, principalmente devido ao alto endividamento dos governos.
Especificamente, os Estados africanos planejam pressionar na COP28 pela expansão dos direitos especiais de saque no Fundo Monetário Internacional (FMI), o que poderia liberar 500 bilhões de dólares em financiamento climático, que poderiam ser alavancados em até cinco vezes.
O presidente do Quênia, William Ruto, disse que os direitos especiais de saque devem ser disponibilizados para os países que mais precisam deles, o que, segundo ele, não era o caso anteriormente.
Reclamando que os países africanos pagam cinco vezes mais juros do que outros tomadores de empréstimos, ele pediu às instituições financeiras multilaterais que aumentem os empréstimos concessionais e que “conversem” sobre um imposto sobre o carbono para financiar o desenvolvimento.
“Uma arquitetura financeira internacional justa não é uma proposta injusta a ser feita”, disse Ruto.
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, pediu que a riqueza natural do continente, principalmente suas florestas que sequestram carbono, seja contabilizada no cálculo de sua produção econômica.
“Se isso for feito, o índice de dívida em relação ao PIB ajustado de vários países africanos será menor e eles terão mais espaço para tomar mais empréstimos para apoiar seu desenvolvimento”, disse Adesina.
Texto: Forbes