O Ministério da Saúde estuda implementar ferramentas de Inteligência Artificial (IA) no Sistema Único de Saúde, objetivando melhorar o atendimento, agilizando processos e estendo atendimento a regiões de difícil acesso físico.
Para a pasta, a implementação da IA é um avanço para a saúde no país, porém ainda existem muitos desafios para que essa tecnologia possa ser integrada aos serviços de saúde, de forma que garanta segurança aos pacientes e profissionais.
O cenário atual da saúde pública no Brasil
Sendo um país de dimensões continentais, o Brasil possui diversas diferenças sociodemográficas. A distribuição de renda, acesso a serviços de saúde entre outras demandas podem ser muito deficitárias em diferentes regiões.
Na região amazônica, por exemplo, o acesso a serviços de saúde é um desafio. Muitas comunidades só podem ser acessadas por via aquática, se tornando uma barreira para o acompanhamento dos pacientes.
Profissionais de saúde levam horas para acessar comunidades, impedindo inclusive, a chegada de medicamentos específicos que necessitam de refrigeração no transporte. Fonte: Getty Images
Doenças que poderiam ser tratadas sem agravo, acabam se tornando crônicas e levando a desfechos fatais pela impossibilidade de atendimento rápido e seguro. Além das regiões isoladas, existem barreiras culturais e financeiras para que as pessoas possam receber atendimento ágil e eficiente.
As filas, falta de profissionais, horários de atendimento, entre outros empecilhos, são postos à população, atrasando diagnósticos, procedimentos e garantia de qualidade e dignidade no acesso à saúde.
Considerando que os quatro princípios do SUS englobam: universalização, equidade, integralidade e a descentralização, propiciando a participação popular, vemos que ainda há um longo caminho a percorrer para a garantia desses pilares.
Sonho ou utopia? Os desafios para implementar a IA
Seria então a inteligência artificial uma boa aliada para melhoria, ampliação e garantia de atendimento de saúde?
Criada em janeiro de 2023, a Secretaria de Saúde e Informação Digital (SEIDIG), estuda a implementação da IA com uma ferramenta de suporte para melhoria do acesso, acompanhamento e monitoria em saúde no país.
A frente da secretaria, Ana Estela Haddad, prevê que a IA poderia auxiliar para diminuição de filas, realizando triagens para encaminhamento, além do monitoramento ativo de pacientes com diferentes tipos de comorbidades.
Com a pandemia, diversos serviços de saúde ganharam a modalidade de teleatendimento, agilizando algumas consultas. Fonte: GettyImages
Mas considerando um Brasil desigual, a população teria posse de tecnologia suficiente para adentrar nesse espaço digital? Além disso, como seriam garantidos os direitos de sigilo de dados e segurança dos usuários e profissionais?
Para solução de algumas dessas questões, está em tramitação o PL (projeto de lei): 2338 de 2023, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG), que dispõe sobre o uso da Inteligência Artificial no Brasil.
Como o uso das IAs pode garantir segurança e equidade entre a população?Fonte: GettyImages
A regulamentação da IA é essencial para que se possa fazer uma implementação segura, que gere confiança para os usuários de ambas as partes, sejam pacientes ou profissionais, incentivando o uso da tecnologia como ferramenta.
De acordo com o texto da PL, também há de se garantir meios para que a IA seja um fator gere equidade, ao invés de acentuar diferenças de classes, promovendo uma maior cesura entre a população e o acesso à saúde.
Outro desafio para implementação dessa tecnologia é a capacitação profissional. Por melhor que a ferramenta possa ser, nunca poderá ser bem utilizada se quem lida com ela não foi capacitado para fazê-lo.
Por esses e outros desafios, o governo diz não ter pressa para a implementação da IA no SUS, antes sim, quer fazer um bom alicerce, para que quando o dia chegar, estejamos preparados utilizar da melhor maneira, possibilitando avanços e melhoria.
A formação continuada de profissionais da saúde nas áreas de tecnologia serão essenciais para um futuro mais conectado entre os serviços de saúde. Fonte: GettyImages
Os possíveis benefícios da IA no SUS
Em outros países, o uso de algoritmos para monitoramento de casos, previsão de agravos e até de reconhecimento e diagnóstico de algumas doenças, já é amplamente pesquisado e utilizado.
Em nosso sistema de saúde a IA poderia auxiliar na triagem de casos, acompanhamento de pacientes, como aquelas com diabetes, pressão alta ou até mesmo gestantes e puérperas. Em exames clínicos, a inteligência artificial se mostrou bastante eficaz no rastreio de anomalias em exames laboratoriais, sejam os de sangue ou de pesquisa genético.
Alguns algoritmos se mostraram mais eficazes no rastreio de anormalidades do que a observação humana. Fonte: GettyImages
Em UTIs, sua utilização seria no monitoramento, previsão de fatores de risco e chances de agravo. Obviamente, todos os processos da IA, seja de diagnóstico, previsão, bancos da dados e afins, estariam sob supervisão humana.
Novamente, é uma preocupação dos pesquisadores, que a IA aprenda de acordo com a sua área de implementação, pois cada região de nosso país, possui particularidades que precisam ser avaliadas individualmente.
A IA pode ser uma ferramenta robusta para todos os níveis de atenção em saúde do SUS. Na atenção primária, impactaria na agilidade de marcação de consultas com especialistas, por exemplo. Mas ela não substitui a força humana dos profissionais dessa área.
Portanto, é de suma importância que o governo capacite seus profissionais, dando incentivo para a continuidade e aprimoramento do seu conhecimento.Isso impactará de forma significando não apenas na manutenção da qualidade de nosso serviço gratuito de saúde, mas também na garantia de respeito aos princípios do SUS, melhorando como um todo a vida de nossa população.
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Fonte: TecMundo