sábado,09 novembro, 2024

Como os líderes devem agir em meio à epidemia de transtornos mentais?

Estamos passando por uma pandemia no ambiente empresarial cujos efeitos, apesar de não serem nada silenciosos, têm sido solenemente ignorados pelas organizações e seus líderes empresariais. Seus tentáculos se espalham por todo o planeta e a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que, anualmente, 12 bilhões de dias de trabalho sejam perdidos devido a alguns de seus efeitos mais nocivos.

Estamos passando por uma pandemia no ambiente empresarial cujos efeitos, apesar de não serem nada silenciosos, têm sido solenemente ignorados pelas organizações e seus líderes empresariais. Seus tentáculos se espalham por todo o planeta e a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que, anualmente, 12 bilhões de dias de trabalho sejam perdidos devido a alguns de seus efeitos mais nocivos.

Estamos passando por uma pandemia no ambiente empresarial cujos efeitos, apesar de não serem nada silenciosos, têm sido solenemente ignorados pelas organizações e seus líderes empresariais. Seus tentáculos se espalham por todo o planeta e a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que, anualmente, 12 bilhões de dias de trabalho sejam perdidos devido a alguns de seus efeitos mais nocivos.

Qual é a relação da atual sociedade com a obra “Sociedade do Cansaço”?

Quando lançou a obra “Sociedade do Cansaço”, em 2010, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han já expressava sua percepção sobre esse contexto quando argumentava que a dinâmica da atual sociedade traz implicações significativas para a saúde emocional das pessoas no ambiente de trabalho. Han faz uma distinção entre o cansaço derivado do trabalho duro, que caracterizou o ambiente empresarial no modelo tradicional, com o burnout, que é um fenômeno do que define como “sociedade do desempenho”, em que as pessoas não estão apenas fisicamente cansadas, mas também emocionalmente esgotadas.

Se, por um lado, essa dinâmica é fruto da forma como as empresas se relacionam com seus colaboradores, por outro há um comportamento do indivíduo hipervalorizado atualmente, que se expressa no desejo constante de se superar e alcançar “sempre mais”, o que culmina num ciclo de auto exploração e excessiva cobrança pessoal.

Não há dúvidas que os efeitos desse movimento influenciam a produtividade das organizações, impactadas por alto nível tanto de absenteísmo, decorrente dos afastamentos de colaboradores, quanto de presenteísmo, representado por indivíduos que, mesmo presentes na organização, não estão aptos emocionalmente a lidar com as demandas do negócio.

Qual é o atributo mais importante da vida atualmente?

Como se não bastassem essas perspectivas, há outra dimensão evidenciada na recente pesquisa publicada pela Cia de Talentos, intitulada “Carreira dos Sonhos”. Essa pesquisa está em sua 22ª edição e contou com mais de 91 mil respostas organizadas em três camadas: jovens estudantes e recém-formados; média gerência; e alta liderança.

Dos respondentes, 56% definiram que “Qualidade de Vida” (saúde, física, mental e emocional) é o atributo mais importante em sua vida. É simbólico comparar às respostas da mesma pesquisa realizada há cinco anos. Em 2018, 67% dos entrevistados responderam que consideravam o sucesso profissional como a prioridade máxima em suas vidas; e a busca por realização profissional era central e frequentemente vinculada ao sucesso pessoal.

Temos, então, os efeitos de uma tempestade perfeita. De um lado, as organizações já sofrem com os efeitos das doenças de saúde mental na gestão de seus negócios. De outro, tendem a sofrer mais ainda, já que haverá desafios crescentes em capturar os melhores talentos que valorizam um ambiente de equilíbrio emocional alinhado com seus desejos.

O que as empresas devem fazer para aprender a lidar com esse novo contexto?

Está claro que a resposta a essa questão envolve uma inserção clara e direta do tema junto aos líderes corporativos, pois estes são os agentes com mais condições de promover não apenas essa discussão como a implantação de iniciativas práticas e concretas orientadas à construção de um novo modelo.

E, aqui, temos um desafio ainda maior, pois os mesmos líderes que devem assumir o protagonismo para gerar novas soluções também estão nas cordas. Como aponta a pesquisa da Cia de Talentos, “a liderança, da qual se espera um norte, por vezes se sente perdida”.

O meio para articular caminhos nessa jornada passa, inevitavelmente, por um olhar para dentro de cada indivíduo. O líder deve entender que, independentemente da posição que ocupa, é um ser humano como qualquer outro e tem inseguranças, medos e receios de lidar com a complexidade atual. Como aponta a autora Brené Brown na obra homônima, é necessário assumir a “coragem de ser imperfeito” e, a partir daí, articular as bases para um novo modelo.

Sim. Não há dúvidas que esse cenário evidencia a necessidade da estruturação de um novo modelo de gestão que abrace o tema da saúde mental com o mesmo vigor que acolhe os temas relacionados à produtividade do negócio.

Quais são as consequências para as empresas?

E não se trata de uma visão altruísta. Esse tema vai além da mandatória visão humanista. As empresas que não se adaptarem a esse contexto, rapidamente, estão fadadas a enfrentarem problemas que podem ser irreversíveis na sustentabilidade futura de seu negócio, pois não serão capazes de extrair a melhor performance de seu insumo mais estratégico: seus colaboradores. Além disso, serão impedidas de captar indivíduos talentosos com potencial de fazer a diferença em seus projetos.

É chegada a hora de dar um basta na situação atual e não ficar confortável perante um cenário catastrófico. Não acredite que estou carregando nas tintas ou exagerando. O mesmo estudo da OMS citado anteriormente aponta que as doenças de saúde mental custaram à economia global algo em torno de 1 trilhão de dólares. Desenvolver um novo contexto que promova a saúde mental ao topo da agenda dos líderes não apenas criará valor à sociedade, mas será essencial para o desempenho financeiro das empresas. Hoje e sempre.

Fonte: Redação Exame

Redação
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