Pessoas que residem próximas de poluidores do ar, principalmente empreendimentos agropecuários (responsáveis, por exemplo, pela emissão de metano) e incêndios florestais (que produzem CO2), correm maiores riscos de desenvolverem quadros de demência. É o que diz estudo publicado nesta segunda-feira (14) no periódico científico Journal of the American Medical Association.

Apesar dessas duas fontes terem correlação mais forte com a doença, os pesquisadores também apontam que poluição do trânsito em cidades, e da queima do carvão, também podem ter impacto na formação da doença.

Pesquisadores da Universidade de Michigan e da Universidade de Saúde Pública de Boston resgataram informações sobre saúde mental, atualizadas de dois em dois anos, de 28 mil moradores dos Estados Unidos entre 1998 e 2016 (15% deles apresentaram demência nesse meio tempo). Eles foram relacionados a relatórios contemporâneos da Agência de Proteção Ambiental, além de dados acerca da densidade populacional e de trânsito na época.

Desta população, os casos de demência tenderam a ocorrer com mais frequência em pessoas não brancas, de menor escolaridade e próximas de grandes concentrações de poluentes, em particular de queimadas e da agropecuária. A poluição do ar responde a 188 mil novos casos de demência nos EUA por ano, dizem os pesquisadores.

O estudo sugere que “reduzir (a poluição de material particulado fino) e talvez intervenções políticas focadas em certas fontes poluentes possam ser estratégias efetivas para reduzir o fardo da demência em nível populacional”, mas que é necessário mais pesquisa para cravar relações mais diretas entre poluições e a doença.

Emissões poluentes já foram ligadas a problemas respiratórios e cardíacos, mas não é a primeira vez que o tema “demência” veio à tona. Em abril, cientistas da Harvard apontaram a mesma relação através de uma meta-análise de 2 mil estudos relacionados ao assunto.

Mais de 57 milhões de pessoas no mundo convivem com a doença, número que deve subir para 153 milhões até 2050. Acredita-se que até 40% dos casos se relacionam a fatores de risco modificáveis, como a qualidade do ar.

Fonte:  Redação, da GQ