sexta-feira,22 novembro, 2024

Tribunal da Holanda decide dar andamento a grande projeto de captura de carbono que será o maior da Europa

Apesar das críticas de ambientalistas, o mais alto Tribunal dos Países Baixos, aprovou nesta quarta-feira (16) o andamento da construção de um grande projeto de captura de carbono na área portuária da cidade de Roterdão, na Holanda. Uma decisão preliminar em vigor em novembro do ano passado dizia que a obra poderia ser interrompida porque não atendia às diretrizes ambientais europeias por conta das altas emissões de nitrogênio e danos ao meio ambiente, mas pesquisas encomendadas pelo governo holandês disseram que os efeitos de sua construção nos ecossistemas naturais seriam ‘limitados e temporários’.

Batizada de “Porthos”, a tecnologia seria a maior de captura e armazenamento de carbono da Europa e deve reduzir as emissões anuais de CO2 do país em cerca de 2% por um período de 15 anos a partir de 2026. Atualmente, o líder do setor é uma usina inaugurada na Islândia em 2021, que remove cerca de 4 mil toneladas de CO2 da atmosfera por ano.

Quem está por trás do empreendimento é a empresa de gás holandesa Gasunie, que agora com a aprovação espera tomar uma decisão final de investimento nas próximas semanas e iniciar a construção no início de 2024. A ideia é que o CO2 emitido por refinarias e plantas químicas operadas pela Shell, Exxon Mobil, Air Liquide e Produtos Aéreos passem a ser transportadas para campos de gás vazios sob o Mar do Norte.

Segundo especialistas, a captura do CO2 emitido por grandes indústrias é fundamental para a meta do governo holandês de reduzir em 55% essas emissões até 2030, em relação aos níveis de 1990, e combater a crise climática.

Atualmente, tecnologias como essas estão se somando a remoção natural de carbono já feita por árvores e oceanos – que já não estão dando conta de capturar as emissões em escala global. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), existem atualmente 27 locais de captura de carbono atmosférico no mundo em escala pequena e mais de 130 projetos estão em desenvolvimento.

No entanto, esquemas de captura e armazenamento de carbono, um elemento-chave dos planos de zero líquido de muitos governos, “não são uma solução climática”, aponta relatório sobre a tecnologia. Pesquisadores do Institute for Energy Economics and Financial Analysis (IEEFA). Segundo os pesquisadores, os projetos de captura de carbono com baixo desempenho superam consideravelmente os bem-sucedidos. Dos 13 projetos examinados para o estudo – representando cerca de 55% da capacidade operacional atual do mundo –, 7 tiveram desempenho inferior, 2 falharam e 1 foi desativado, segundo o relatório.

Outro desafio apontado pelo estudo é encontrar locais de armazenamento adequados para o sequestro de carbono, onde o gás não seja usado apenas para extrair mais petróleo. De acordo com o relatório, o CO2 aprisionado precisará de monitoramento por séculos para garantir que não vaze para a atmosfera – aumentando o risco de a responsabilidade ser entregue ao público, anos depois que interesses privados extraíram seus lucros.

O risco principal é que a tecnologia de captura e armazenamento de carbono seja usada para prolongar a vida útil da infraestrutura de combustíveis fósseis muito além do ponto de corte para manter o carbono atmosférico em níveis menos do que catastróficos, sugeriu o relatório.

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