Fazendo um resgate histórico, contando bastidores e planejando o futuro, o presidente do PSDB em Mato Grosso, deputado estadual Carlos Avallone, deixou um recado claro: o PSDB não tem dono. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é um partido político de centro, que desenvolve um trabalho de base ao governador Mauro Mendes (DEM) e também ao prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).

Na Assembleia, a legenda tem dois deputados: o próprio Avallone e Wilson Santos. Na Câmara de Cuiabá, Renivaldo Nascimento. Não há representantes no Senado Federal e nem na Câmara dos Deputados, o que reduz muito a distribuição de recursos partidários.

Os tucanos construíram história em Mato Grosso tendo em suas fileiras nomes como o do ex-governador Dante Martins de Oliveira, autor das Diretas Já, bem como do ex-senador Antero Paes de Barros.

Para as eleições de 2022, o presidente da sigla fez críticas ao presidenciável João Dória (prefeito de São Paulo pelo PSDB) e também demonstrou dúvidas quanto à possibilidade do partido apoiar novamente o governador Mauro Mendes, que deve concorrer à reeleição.

O PSDB tem o firme propósito de eleger um deputado federal, além de trabalhar por uma vaga no Senado. O partido não descarta lançar candidato próprio ao Governo do Estado. Dante deixou uma lição aos correligionários: partido que não disputa eleição majoritária, acaba.

Confira os principais trechos da entrevista com Carlos Avallone:

Assembleia Legislativa

“A chapa de estadual funciona com a soma dos votos conquistados por todos os candidatos àquele cargo, que é o que produz o número de deputados que vão se eleger. Se pensa em eleger três ou quatro deputados, temos que acumular em torno de 200 mil votos. Gira em torno de 48 candidatos a deputados, sendo esse percentual 30% de mulheres, o que dá cerca de 16 candidatas. Precisa realmente conversar com todo mundo e é isso que eu tenho feito”.

“Eu e o Wilson já estamos definidos [pela reeleição]. Vamos consolidar o espaço na Assembleia Legislativa. Estimular as candidaturas regionais. Tem ainda o Rui Prado, o ex-governador Rogério Salles, que todas as vezes convocamos às majoritárias e seria um grande nome, até para o Senado. E temos a ex-prefeita de Chapada dos Guimarães, Thelma de Oliveira”.

Nilson Leitão é um candidato para qualquer cargo. Eu, pessoalmente, acho que seria importante ter ele como candidato a federal. Você pode ter tudo, mas se não tem deputado federal fica com uma parte menor do bolo

Câmara Federal

“A lógica para eleger um deputado federal é a mesma. Temos 16 vagas e precisamos arrumar as candidaturas. Nilson Leitão é um candidato para qualquer cargo, até mesmo para o Governo do Estado, mas depende das suas pretenções. Eu, pessoalmente, acho que seria importante ter ele como candidato a federal, mas depende ele. A distribuição de recursos partidários depende da quantidade de deputados que você tem. Ou seja, você pode ter tudo, mas se não tem deputado federal fica com uma parte menor do bolo. Ele já foi o deputado federal mais votado do Estado, com 130 mil votos. E por isso essa candidatura dele é muito importante para o partido”.

Senado

O ex-prefeito de Cáceres Francis Maris está disposto. Devo começar a retomar as viagens a partir de Cáceres, que é uma região onde há diversas cidades sem partido. Se não me engano, umas 15 cidades estão sem estruturação. Elegeram dois deputados na região, o Valmir Moretto (PRB) e o Dr. Gimenez (PV), e isso fez uma mudança muito grande naquela região e eles acabam atraindo mais candidatos. Precisamos retomar o tempo perdido e reconquistar território. É como se fosse uma guerra (risos)”.

Governo do Estado

“Ari Lafin [prefeito de Sorriso] é uma liderança nova e de sucesso, mas tem outros nomes como o próprio Nilson Leitão e Rogério Salles, o próprio Wilson Santos e outros. Dante dizia que partido que não disputa eleição majoritária, acaba. Ficar trabalhando para apoiar alguém, é trabalhar para desmontar o partido. Até porque você nunca sabe se a pessoa será candidato mesmo”.

Já ganhamos assim [chapa pura] com Dante de Oliveira ao Governo, Rogério Salles de vice e Antero Paes de Barros de senador. Eles ganharam, mas isso não foi porque a gente quis, foi porque ninguém nos quis (risos).

“Falando de Mauro Mendes, nós já passamos por isso. Fizemos isso na Prefeitura de Cuiabá a pedido do ex-governador Pedro Taques, que dizia ter um acordo com ele de apoiar sua reeleição à prefeitura e ser apoiado por ele no Governo. Mauro chegou na última hora, não foi candidato à reeleição. E depois disputou o Governo com Pedro Taques. Ganhou dele. A gente erra, e eu fui um dos culpados disso, porque eu era o presidente da municipal, o Pedro me chamou juntamente com o Nilson Leitão, que era presidente da estadual, e disse: olha, estou muito a fim de ir para o PSDB, precisaria ir, mas eu tenho um compromisso que é apoiar Mauro Mendes à reeleição. Vocês estão dispostos? Se não estiverem, me avisa que eu não vou para o PSDB. Foi assim, para se ter uma ideia. Podem acusar o Pedro Taques do que quiser, mas nunca de ter faltado com a palavra, porque ele realmente cumpriu isso”.

“Tem que fazer um grupo de apoio, porque você não pode ser candidato de si mesmo. Não podemos ter uma chapa formada somente pelo PSDB. É preciso ter três candidaturas: governador, vice e senado. Já ganhamos assim [chapa pura] com Dante de Oliveira ao Governo, Rogério Salles de vice e Antero Paes de Barros de senador. Eles ganharam, mas isso não foi porque a gente quis, foi porque ninguém nos quis (risos). Na época, ninguém acreditava que nós podíamos ganhar, era a reeleição do Dante. Júlio Campos estava eleito antes de começar a luta e as coisas aconteceram de uma forma que vencemos as eleições”.

Podem acusar o Pedro Taques do que quiser, mas nunca de ter faltado com a palavra

“Quatro anos depois, se a gente tivesse escrito um livro ‘como se ganha uma eleição perdida’, que foi o que tinha acontecido lá atrás, depois de quatro anos teríamos que escrever “como se perde uma eleição ganha’ (risos)”.

“Nós cometemos os mesmos erros que os adversários cometiam contra nós. Então, a política tem essa característica e o PSDB não tem dono. Com várias lideranças, as pessoas criticam falando que o partido está pequeno, que vai acabar, mas nós temos líderes importantíssimos: senadores, governadores e uma série de nomes fundamentais dentro do partido. Para se ter uma ideia, das últimas nove eleições à Prefeitura de Cuiabá, o PSDB fez seis prefeitos: duas com Dante, duas com Roberto França e duas com Wilson Santos. Somos um partido fadado a disputar eleições majoritárias”.

Presidência da República

“O único partido, dos grandes do Brasil, que terá candidato a presidente é o PSDB, como o PT também terá. Quem será o nome, depende das prévias do partido e vamos trabalhar aqui, orientados pela própria nacional, de sermos protagonistas em Mato Grosso, mas ouvindo a base”.

“Não há dúvida que o governador de São Paulo João Dória tem muita força. Eu, pessoalmente, acho que foi um erro dele ter começado esses embates com o Bolsonaro antes da hora. Se ele tivesse ficado mais em São Paulo, e deixasse para discutir no ano da eleição, ele estaria melhor. Como ele começou o enfrentamento quando o Bolsonaro estava muito forte, houve um desgaste, até mesmo internamente no PSDB. Apareceu a nova candidatura do Eduardo Leite [governador do Rio Grande do Sul], que é um jovem extremamente competente (…) Ele é um político de postura diferente. As pessoas estão procurando essas novidades, mas é claro, ele é um cara muito novo, não tem nome nacional e seria uma aposta”.

Bolsonaro está extremamente desgastado. Aqui em Mato Grosso ele tem um apoio muito grande, mas no Brasil ele tem fanáticos

“Temos o Tasso Jereissati, que é um nome reconhecido, nunca perdeu uma eleição, é uma figura expressiva, fez uma grande mudança no Nordeste, é um cara espetacular, mas já tem uma certa idade e talvez o Brasil esteja esperando coisas novas. No entanto, o Bolsonaro não é novidade nenhuma e conseguiu se colocar como se fosse algo novo. Na política, idade não é problema, tem que ter ideias novas”.

“Eu acho que um grande nome seria do Geraldo Alckmin, mas muito diriam que ele teve apenas 4% na última eleição e perdeu para o Bolsonaro, mas hoje o Bolsonaro está extremamente desgastado. Aqui em Mato Grosso ele tem um apoio muito grande, mas no Brasil ele tem fanáticos o defendendo e existe uma oposição forte. Eu acho que o Brasil espera uma terceira opção, que não apareceu ainda. Os brasileiros não querem votar no Lula e nem no Bolsonaro, em geral. Os dois têm torcidas fanáticas, como se fosse um jogo de futebol. Acho que o PSDB pode ser essa terceira via”.

Avaliação do Governo Bolsonaro

“Bolsonaro não soube ser um líder que a nação precisava. É um desastre na condução da pandemia. As manifestações do último final de semana são um exemplo disso. Pessoas se aglomerando na Avenida Paulista, Praia de Copacabana, e todo mundo sem máscara. Não tem condições! É um absurdo e uma demonstração clara de falta de compromisso com a saúde”.

Bolsonaro não soube ser um líder que a nação precisava. É um desastre na condução da pandemia

“Teve a gravação do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que fala que precisou se vacinar escondido, porque o presidente não queria que eles se vacinassem. Isso é de um nível absurdo. Disse que está tentando convencer Bolsonaro a se vacinar! Poxa, em que mundo estamos vivendo? Que país? Ai vem o Paulo Guedes, que tomou a Coronavac, e saiu falando que o vírus nasceu na China, inventado, que não deveriam tomar a Coronavac, mas a Pfizer, que é americana e blá blá blá”.

“Quer dizer, a China que é um grande parceiro comercial do Brasil. Ele ainda achar que isso não atrapalha? Lógico que atrapalha. Eles são os maiores parceiros do país, como de Mato Grosso. Exportamos carnes, soja, milho, e uma série de coisas. Agora Bolsonaro quer fechar o Congresso, acabar com o STF… são medidas complicadas, mas existem pessoas que gostam desse tipo de postura e faz parte da política. Na minha avaliação, a cada dia que passa o Bolsonaro perde espaço e o Brasil espera essa terceira via”.

Fonte: PNB

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