A última pesquisa do Sebrae, publicada em março de 2023 com base em dados do IBGE, mostra que, no terceiro trimestre de 2022, mais de 34% dos empreendedores no Brasil eram mulheres. Ao longo da última década, esse número aumentou mais de 10 vezes! Sabendo das dificuldades desse caminho, por que essas mulheres decidem empreender?
Perguntamos à Ana Oliveira, CEO da startup Mundo Recicladores, com quem falamos para o primeiro artigo da série de 6 que iremos publicar até o Rio.Futuro – conferência gratuita da qual o Terra é parceiro e que acontecerá dia 15 de agosto.A Ana nos contou que o desejo de empreender vem da vontade de ter um impacto maior e da identificação de um problema a ser resolvido.
Atuando no mercado de tratamento de resíduos sólidos, ela percebeu uma necessidade de melhorar a eficiência no mercado da logística reversa. É por essa razão que ela resolveu criar a Mundo Recicladores, que desenvolve um marketplace, solução tecnológica que contribui para o desenvolvimento da reciclagem no Brasil. Além do modelo de negócio, ter impacto positivo motivou a decisão: a Mundo Recicladores pretende ter impacto ambiental positivo no estímulo da reciclagem mas também na vida dos catadores, que poderão ter uma renda maior.
O exemplo da Ana simboliza muito bem a tendência profunda na sociedade que as estatísticas ilustram. Cada vez mais vemos startups criadas por mulheres com foco em sustentabilidade. Por isso, a Anna Luisa Beserra, fundadora da startup socioambiental SDW (Sustainable Water for Development), foi selecionada na lista da revista Forbes como uma das 30 brasileiras com menos de 30 anos a ser observada no país.
A SDW desenvolveu, entre outras soluções, o Aqualuz, dispositivo premiado pela ONU para desinfecção de água de cisterna de captação de água de chuva de zonas rurais através da radiação solar. Esse filtro de água de baixo custo é de fácil manutenção e permite que comunidades carentes tenham acesso a água potável de qualidade. Ou seja, o Aqualuz melhora a vida cotidiana de milhares de pessoas.
Os exemplos de brasileiras empreendedoras são inúmeras e se juntam ao impacto das mulheres que trabalham em empresas inovadoras, startups e ONGs ou instituições. A realidade do empreendedorismo feminino no Brasil vem crescendo devido à maior representatividade feminina em posições de poder, como na liderança de grandes corporações ou à frente de pequenos negócios.
Várias iniciativas de grandes empresas fortalecem essa tendência, como foi o caso do Banco do Brasil durante o Web Summit Rio em maio de 2023. O banco foi o anfitrião do espaço Women in Tech, espaço destinado a encontros, networking e troca de experiências, além de uma série de painéis sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho de tecnologia da informação. O objetivo não é só dar visibilidade às questões de gênero, mas sim inspirar outras mulheres e criar redes de apoio.
Por isso, na conferência Rio.Futuro, ouviremos, alguns e algumas especialistas, como Victoria Almeida da Fundação Ellen MacArthur, referência em economia circular que apresentará casos de mulheres empreendedoras, além da Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e da Ula Amaral, Diretora de Marketing da Bolder que conecta empresas com empreendedoras para resolver dores reais da sociedade.
Fonte: Portal Mulher Amazônica