Atrás apenas das fintechs, as startups brasileiras do setor de alimentos ficaram em segundo lugar entre os destinos dos aportes de 2022, somando US$ 755 milhões investidos (16,7% do total aplicado no ano). Os dados fazem parte do estudo Report Investimentos no Sistema Alimentar Brasil 2023, realizado pela Outcast Capital, gestora de investimentos especializada na cadeia de alimentos e antecipado ao Broadcast Agro. A pesquisa analisou 133 startups como foodtechs e agtechs e os investimentos realizados nelas no último ano.
A pesquisa constatou que 70,7% dos investimentos obtidos por empresas ocorreram em rodadas super early stage (fase de desenvolvimento inicial da startup, que geralmente precede a fase de crescimento rápido). Entretanto, o volume de investimentos nesses estágios representa apenas 13% do total. Já 87% dos aportes, os mais substanciais, ocorreram no growth stage (quando a startup já tem um produto ou serviço que funcione e consegue comprovar a eficiência operacional).
O estudo observou também que as dez empresas que receberam os maiores aportes no último ano concentram 63% de todo o volume de negócios do sistema alimentar. A primeira foi a startup de venda de vinhos Evino (com investimento de US$ 127,2 milhões), seguida pela empresa de benefícios corporativos Flash (US$ 100 milhões). A Solinftec, dedicada à inteligência artificial e robótica para o agronegócio, ficou no terceiro lugar do ranking (US$ 70 milhões) e a startup de desenvolvimento de projetos florestais Carbonext ocupou a quarta posição (U$$ 40 milhões).
Os agentes financeiros mais relevantes no setor foram Bossanova Investimentos (com 10 empresas no portfólio), a SP Ventures (9), Endeavor (8) e Captable (8). “Espera-se que investidores, empreendedores e profissionais da indústria possam ampliar seu repertório e conhecimento sobre a dinâmica de investimentos e financiamentos do setor no Brasil e evoluam em melhores teses de negócios”, afirmou o fundador da Outcast Capital, José Rodolpho Bernardoni.
A Outcast Capital ressalta que, apesar de estar crescendo, o investimento em inovação ainda está longe do ideal. “Com base numa estimativa da Global Alliance For The Future Of Food, seriam necessários US$ 350 bilhões até 2030 para fomentar a transição para sistemas alimentares sustentáveis e resilientes”, afirmou a gestora. Bernardoni ressalta que, nos últimos cinco anos, US$ 321 bilhões foram alocados para a mitigação climática no mundo, mas apenas US$ 9,3 bilhões estavam relacionados a medidas em sistemas alimentares. “Tanto para o bem quanto para o mal, a influência do clima na Terra passa por como vamos nos alimentar nos próximos anos”, disse.
Fonte: Gabriela Brumatti