domingo,10 novembro, 2024

Festival apresenta trabalhos que exploram intersecção entre arte e tecnologia

A interação entre as inteligências artificiais e a humanidade inspira mais uma edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – FILE, que ocupa o Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp, de 5 de julho a 27 de agosto. A visitação à exposição principal acontece de terça a domingo, das 10h às 20h, com entrada gratuita.

O tema da atual edição do festival é “Singularidades Interativas”, uma referência à hipótese à la ficção científica de que a interação mútua entre as inteligências artificiais (IAs) e humanas levaria ao desenvolvimento de uma consciência simulada, ou seja, de um “eu artificial”, que poderia dialogar com o “eu natural”, trocando informações e experiências de diversas maneiras.

Essa ideia, segundo Paula Perissinotto e Ricardo Barreto, os curadores e cofundadores do FILE, vai na contramão daquele pensamento de que a IA se tornará em breve autônoma e autoconsciente.

“Uma ‘consciência mixada’ conjunta conectaria consciências humanas ao vasto conhecimento produzido na história da humanidade por intermédio de uma consciência artificial e isso poderia ocasionar uma transformação evolutiva. Não como uma única singularidade artificial que dominaria a humanidade, mas como ‘Singularidades Mixadas’ que interagiriam entre si, na solução dos problemas complexos do mundo”, explicam os curadores sobre a proposta da edição.

A programação do FILE São Paulo 2023 é composta pela exposição principal, uma instalação na entrada do Centro Cultural Fiesp, projeções de trabalhos na fachada do prédio, parcerias com outras instituições, workshops e uma instalação no Metrô.

Realizado em parceria com o SESI-SP, desde 2004, o festival é um evento em que o público pode interagir e conhecer o que há de mais inovador na união entre arte, ciência e tecnologia.

DESTAQUES DA EXPOSIÇÃO

A exposição principal do FILE São Paulo 2023 reúne 183 participações de 302 artistas, vindos de 39 países, como Brasil, Estados Unidos, Argentina, Alemanha, China, França, Finlândia, Japão, Irã, Reino Unido, Espanha, México, Colômbia, Itália e Portugal.

A ideia é que os visitantes possam interagir ativamente com essas obras e, dessa forma, aprendam com essas experiências estéticas. O público se deparará com novas possibilidades de pensar e de agir em um mundo tecnológico menos massificado, além de se adaptar ao desenvolvimento acelerado das novas formas de Arte, não apenas estéticas, mas também inteligentes.

Uma das obras da mostra é a instalação interativa “Expanded Iris” (2022), da brasileira Anaisa Franco, que convida os visitantes a olhar por um dispositivo chamado pela artista de “iriscópio espacial” (“space iriscope”). O instrumento escaneia a íris da pessoa e projeta sua imagem misturada a galáxias e nebulosas. A ideia é que o público possa olhar para o micro-universo da íris e encontrar similaridades com o Universo das galáxias.

A finlandesa Hanna Haaslahti apresenta a instalação “Captured” (2021), que captura o rosto do visitante e cria um avatar digital para ele em um cenário coletivo no mundo virtual. A ideia desse trabalho, que explora captura fotorrealista e tecnologias em 3D, é que, ao ver seu duplo digital, a pessoa se torne ao mesmo tempo espectadora e atuante na obra.

A dupla canadense Victor Drouin-Trempe (V.ICTOR) e Jean-Philippe Côté (Djip.Co) traz para a exposição a instalação “Empreintes Sonores” (2022), que propõe uma reflexão sobre os rastros digitais que deixamos na vida contemporânea. Na prática, uma assistente digital ativada por voz escuta discretamente e grava os sons emitidos pelas pessoas na instalação. Esses registros sonoros são mixados e transformados em imagem. Com o recurso de sensores de movimento, os visitantes podem percorrer os rastros das ondas sonoras, interferindo na reprodução dos sons originais.

Outro destaque é “VastWaste” (2022), da norte-americana Özge Samanci, uma instalação em realidade virtual que propõe uma conscientização em relação à exploração espacial, baseada em dados que revelam conexões entre a poluição marítima e a recente poluição espacial. Na obra, é possível vivenciar por meio de recursos sonoros e visuais, as altas velocidades dos detritos de satélites e o seu impacto na atmosfera e mares.

Já a instalação “Phase” (2022), de Seph Li, de Hong Kong, também é criada a partir da geração de dados. A obra é inspirada em um conjunto de regras estabelecidas a partir do Projeto de Física de Wolfram misturado ao universo do taoísmo chinês, transformando hipóteses científicas em um sistema visual generativo. Nessa experiência, os visitantes podem manipular animações em 4k a partir do movimento.

Destaca-se também a obra Unbonded on a Bonded Domain, encomendado pela FACT, Londres, do artista brasileiro de Gabriel Massan, que procura alinhar a experiência emocional de sua infância no Rio de Janeiro, adolescência em São Paulo e maturidade na Europa como matéria-prima para seu trabalho, seguindo as dicas da escritora e acadêmica Saidiya Hartman no conceito de ”Fabulação Crítica”, para explorar um ecossistema virtual.

Os visitantes do FILE terão a oportunidade de experimentar o jogo HUMANITY, lançado recentemente pelo estúdio japonês Enhance, liderado pelo criador de jogos Tetsuya Mizuguchi. A equipe se dedica a criar experiências de entretenimento emocionais e sinestésicas por meio do poder de jogos, VR, AR, MR e tecnologia móvel.

Por fim, no trabalho Learning to see do artista turco Memo Akten, o público poderá observar e manipular em tempo real a percepção de redes neurais que reinterpretam objetos do cotidiano para gerar composições visuais, fazendo surgir paisagens na tela.

ATIVAÇÃO ESPECIAL:
Logo na entrada do Centro Cultural Fiesp, o público se depara com a instalação “Light Falls” (2021), do brasileiro Vigas (Leandro Mendes Vigas). Com 5 metros de altura, a obra em formato de cachoeira propõe uma reflexão sobre a importância da água e da preservação da natureza. O trabalho é formado por grandes tubos que partem do alto e imitam o curso da água até o chão, onde se entrelaçam no chão, criando o efeito da água batendo nas pedras. E ao fundo, o visitante pode ouvir sons da Floresta Amazônica.

Fonte: Dasartes

Redação
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