Em um contexto de escassez de recursos e impactos devido eventos climáticos extremos, a digitalização da agricultura pode promover a sustentabilidade, a resiliência e a rentabilidade do setor e apoiar a segurança alimentar, mas a transformação digital dessa atividade deve ser inclusiva e não deixar para trás nenhum produtor, afirmaram especialistas da Universidade de Córdoba, Espanha, em um seminário internacional desenvolvido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Os especialistas, acadêmicos do mestrado em Transformação Digital do setor agroalimentar e florestal (Digital Agri) da universidade espanhola, estiveram na Costa Rica entre o final de maio e início de junho e participaram de diversos encontros com profissionais e estudantes de carreiras agroalimentares.
Ele foi organizado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) e desenvolvido pelo Instituto Tecnológico da Costa Rica (TEC) e o IICA.
“As universidades desempenham um papel fundamental no conjunto do ecossistema de apoio à transformação digital. Esses centros de estudo devem se reinventar para acompanhar o setor no processo de transformação, com um modelo integrador que trabalhe junto com os produtores e as empresas. O papel das universidades é identificar os problemas, investigar e trabalhar com todos os atores para oferecer soluções adequadas”, disse Rosa Gallardo, Diretora da Escola Técnica Superior de Engenheiros Agrônomos e Florestais da Universidade de Córdoba.
“Foi realizada muita pesquisa, muito tem sido inovado em tecnologia e ferramentas digitais foram disponibilizadas aos produtores, cooperativas e indústria agroalimentar; mas isso não basta, pois o percentual de pequenos e médios agricultores que utilizam essas tecnologias é mínimo. A transformação digital é um trabalho de todos”, enfatizou Gallardo.
O seminário internacional, chamado “Aplicação da tecnologia digital ao setor agroalimentar para uma agricultura e um meio rural mais produtivo e sustentável”, incluiu visitas dos especialistas espanhóis a dois campi do TEC, em San Carlos e em Cartago (norte e centro do país) para trocar conhecimentos com cerca de 250 produtores, profissionais e estudantes desses lugares, onde se produz uma intensa pesquisa e produção agropecuária na Costa Rica.
“A agricultura tem um potencial enorme usar com sucesso as atuais tecnologias digitais. Existem algumas ferramentas que são quase exclusivas para aplicação na agricultura, como imagens de satélites que permitem conhecer o estado das plantas, o solo e a umidade, ao incorporar elementos que apoiam a agricultura digital”, ressaltou Adolfo Peña, Diretor do mestrado Digital Agri.
Esse mestrado da Universidade de Córdoba tem apoio do IICA, que concedeu bolsas a profissionais do setor agroalimentar da América Latina e do Caribe em anos anteriores.
“Há alguns anos, o Instituto decidiu ser um líder no processo de transformação digital, no qual os produtores, por meio da tecnologia, otimizam seus recursos e produzem mais com uma maior sustentabilidade ambiental. Concebemos uma agricultura baseada na ciência, na inovação, na tecnologia e, sobretudo, em dados; pois os agricultores tomam decisões todos os dias”, disse Emmanuel Picado, Gerente de Tecnologias de Informação, Comunicação e Agricultura Digital do IICA.
José Emilio Guerrero, catedrático da Universidade de Córdoba, ressaltou: “o setor agroalimentar tem uma oportunidade enorme para avançar para uma transformação digital onde os dados se convertem em conhecimentos para lograr uma transição verde, digital e harmoniosa”.
“Investir em capital humano, em formação e em conhecimentos é fundamental para a transformação digital da agricultura. A capacitação dos agricultores, de técnicos e de agroempresários é a chave para diminuir o hiato digital”, afirmou Javier Mesas, Codiretor do mestrado Digital Agri.
Fonte: IICA