A respiração dos astronautas pode virar parte do preparo de alimentos para missões espaciais em Marte. É o que uma startup norte-americana, a Air Company, deseja fazer.
Para isso, a empresa desenvolveu uma espécie de levedura espacial. Ela age a partir de uma relação interessante de itens: respiração de astronautas, água, fermento biológico, eletricidade e um rolo de massa.
A startup é uma das oito finalistas da Deep Space Food Challenge, competição promovida pela NASA para aprimorar a alimentação espacial.
Em entrevista à NPR, Stafford Sheehan, um dos fundadores da empresa, explicou que basta colocar o ar, água e fermento no equipamento desenvolvido. Em cerca de duas horas a “comida” fica pronta: os ingredientes viram uma batida proteica com textura de fermento. Essa mistura pode secar e se tornar uma massa ou tortilla, com a ajuda de um rolo de massa.
Em 2017, Sheehan inventou um processo capaz de transformar dióxido de carbono (CO2) em álcool, que pode depois ser transformado em vodka, perfume e levedura.
Mas como o ar vira alimento?
Uma analogia com a fotossíntese facilita o entendimento do processo: as plantas respiram por meio do gás carbônico, o mesmo que liberamos na nossa respiração. Quando a planta absorve uma combinação de CO2, luz do sol e água, ela é capaz de produzir açúcar e oxigênio.
Esses mesmos elementos que produzem o açúcar também podem formar o etanol. Uma vez que a levedura absorve o álcool, ela produz muito mais insumo. Essencialmente, a Air Company encontrou uma forma de copiar o que as plantas fazem para produzir uma levedura nutricional comestível.
Conforme Sheehan, o sabor do alimento é semelhante ao do glúten de trigo, mas um pouco mais doce. A levedura nutricional pode ser comida como uma massa ou até mesmo como seitan, fonte de proteínas comum para os veganos.
Como funciona o concurso
A Air Company está na terceira e última fase do concurso internacional para criar tecnologias alimentares inovadoras e revolucionárias para missões espaciais de longa duração.
A principal exigência é que os alimentos tenham uma quantidade mínima de recursos envolvidos e produzam poucos resíduos. Ao mesmo tempo, o ideal é que sejam insumos seguros para comer, nutritivos e saborosos.
Essas inovações podem contribuir com a exploração de Marte. Outra vantagem é garantir alimentos mais sustentáveis para a Terra. O concurso é realizado em colaboração com a Agência Espacial Canadense. O prêmio máximo vale US$ 1,5 milhões.
O desafio da alimentação em missões espaciais
Um grande problema para viabilizar a exploração de Marte é a questão da alimentação. Os cientistas já resolveram boa parte da logística envolvida em viagens ao planeta vermelho, mas ainda estão quebrando a cabeça para descobrir como levar comida suficiente para uma expedição longa.
Na melhor das hipóteses, os astronautas levariam sete meses para chegar ao planeta. É difícil transportar em um foguete comida para mais de um ano de viagem, considerando ida e volta. O concurso da NASA busca encontrar diversas possíveis soluções para acelerar esse processo.
Fonte: Giz