Rios de águas cristalinas, cavernas, lagoas de um azul intenso e revoadas de araras, tudo isso cercado por extensas plantações de soja e milho e pasto com cabeças de gado até onde a vista alcança. Assim é Bonito, no Mato Grosso do Sul, um reduto de ecoturismo em uma das regiões mais conhecidas pelo agronegócio no país.
O que Bonito tem a oferecer?
A cidade, que começou as atividades com ecoturismo ainda na década de 1990, não só tem obtido sucesso em manter os atrativos turísticos preservados em proximidade ao agronegócio, como também tem despontado como um destino de ecoturismo sustentável que quer se internacionalizar e virar o segundo destino do turista no Brasil.
“Os rios de águas cristalinas que a gente nada hoje, eram rios de águas cristalinas que o gado bebia água, até que os fazendeiros passaram a perceber que tinham ali uma verdadeira jóia e se reuniram para organizar o sistema. O segredo de Bonito é que começou certo”, conta Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur).
A ideia é atrair o turista estrangeiro que vem ao Rio de Janeiro e São Paulo e opta por um destino de ecoturismo como Foz de Iguaçu (PR), bem como promover o destino internamente. Outra ideia é fomentar a rota Bonito-Pantanal, que conecta os dois biomas passando pela Serra da Bodoquena, criando um grupo de atrativos diversos no estado.
Um destino sustentável
Para promover o destino, o governo investiu em pilares do ESG: profissionalizou a gestão dos atrativos de aventura, zerou as emissões de carbono com turismo na cidade e envolveu a comunidade por meio do fomento da economia local e treinamento para empregos no setor.
Em 2022, Bonito se tornou o primeiro ecodestino do mundo com certificação carbono neutro, creditado pela Green Initiative. A cidade também já recebe, desde dezembro de 2021, um dos voos carbono-zero do país, vindo do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o setor é responsável por até 8% das emissões de gases de efeito estufa no mundo.
Bonito é reconhecida década de 1990 por um sistema de gestão do fluxo de turistas nos atrativos, conhecido como voucher, que garante que os ingressos sejam adquiridos apenas com os operadores licenciados, mantém a lotação sobre controle de acordo com o plano de impacto ambiental e garante ainda o recolhimento de impostos, num sistema integrado entre prefeitura, agências de turismo e fazendas.
Agora o foco é a certificação de segurança dos atrativos, com planos de emergência e teste de equipamentos.
A Secretaria de Turismo de Bonito mantém programa Aventura Segura que fiscaliza, certifica e orienta empresas e profissionais que operam atividades como rafting, rapel, tirolesa, arvorismo, trilhas, canoagem e até observação de aves, garantindo ao turista que normas de segurança e controle de risco são atendidas.
Mas administradores locais estão avançando na certificação e recorrendo a normas do Inmetro e ABNT para certificar atrações como tirolesa e bóia-cross, numa percepção de que o turista quer aventura, mas não quer correr riscos.
A aposta é de que um operação de turismo sustentável, certificado e que envolva a comunidade atraia mais os visitantes que ainda não conhecem esse pedaço de paraíso no quintal do agronegócio brasileiro. O resultado é garantido: um relatório do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) em conjunto com a Deloitte no mundo todo, 69% dos turistas buscam destinos sustentáveis e 60% já fizeram, nos últimos dois anos, suas escolhas baseadas neste quesito.