sábado,23 novembro, 2024

Robô trabalha com câmeras e sensores para monitorar engorda e saúde dos suínos

Um módulo “Big Brother” acoplado ao Roboagro, a primeira máquina de alimentação automática de suínos, pretende elevar as vantagens da suinocultura de precisão.

Com o Pig Star, o robô que foi desenvolvido por uma empresa gaúcha, com DNA 100% nacional e está no mercado há sete anos ganha câmeras e sensores para fazer o monitoramento em tempo real do desenvolvimento, ganho de peso individual, sanidade, bem-estar e comportamento dos animais em cada baia nas granjas comerciais.

Giovani Molin, CEO da empresa que leva o nome do robô, disse à Globo Rural que a nova tecnologia é voltada para as agroindústrias que fazem a gestão das granjas de seus produtores integrados, mas também pode ser usada por produtores independentes.

“A conversão alimentar e o GPD (ganho de peso diário) são informações estratégicas que geralmente a agroindústria só recebe na entrega do lote para o abate. Com o Pig Star, a indústria tem essas informações em tempo real em todas as passagens do robô pelas baias e pode usar os dados para interferir e melhorar a gestão.”

Segundo o CEO, geralmente, o suinocultor integrado recebe animais com 23 kg para entregar com média de 120 kg após 120 dias. A ração também é fornecida pela indústria, que paga um preço fixo por animal ao produtor.

Mesmo recebendo lotes de porte e peso aproximados, devido à variação genética e outros fatores, é comum que, na entrega à indústria, haja uma variação de até 60% no peso dos animais de um mesmo lote, ou seja, alguns com 140 kg e outros pesando 90 kg.

Molin afirma que o acompanhamento do ganho de peso diário nas baias gera uma economia na alimentação, um ganho ambiental com menor excreção de dejetos e maior qualidade e padronização da carne ao sinalizar o ponto certo de abate.

As câmeras e o sistema de Inteligência Artificial (IA) do módulo identificam também se há animais na baia que não estão buscando o comedouro na passagem do robô, o que pode ser um indicativo de algum problema de saúde. Nesse caso, a intervenção do produtor ou dos técnicos da agroindústria pode ser imediata.

“O Roboagro não é uma impressora de ração. É um sistema completo de inteligência que aplica quantidades distintas em cada baia de acordo com o desejado pela agroindústria, que agora pode monitorar à distância em tempo real tudo que acontece na granja e interferir na gestão para ter um melhor resultado.”

Lançamento
O Roboagro Pig Star, que foi testado nos últimos dois anos em mais de 10 mil animais para validação da tecnologia, será apresentado para venda comercial na Agriness Next, o principal evento de inovação, tecnologia e gestão para a produção animal​, que vai ocorrer em Florianópolis (SC), de 30 de maio a 1º de junho.

Além de conferir a funcionalidade da nova tecnologia, no evento será possível ver o robô em ação também com o dispositivo Flex Feed, que permite a entrega em cada baia de dois ou mais tipos de rações e medicamentos, de acordo com a quantidade e nutrientes necessários.

Segundo o CEO, comparando o robô com um trator, os módulos seriam os implementos e a empresa instalada em Caxias do Sul (RS) trabalha para oferecer ao produtor e à indústria cada vez mais opções de acessórios para um ganho de gestão, qualidade e produtividade na atividade.

O robô é comercializado na cor vermelha (e rosa, sob demanda). Cada Robogro tem capacidade de alimentar automaticamente de 600 a 3 mil animais. O preço varia de R$ 75 mil a R$ 200 mil, aumentando de acordo com o número de animais.

Há também a opção de aluguel do robô, com pagamento de R$ 15 por animal. “Nesse caso, o produtor não precisa fazer nenhum investimento e o valor se paga com a melhoria dos resultados gerados na granja.”

Assim como o Flex Seed, o módulo Pig Star não é vendido. Ele é comercializado no formato de serviço pela fábrica com custo de R$ 2 por animal produzido.

O Roboagro já é equipado com um módulo de som que toca música clássica, convidando os suínos a se aproximarem do comedouro.

Faturamento
Molin diz que a empresa cresceu uma média de 113% ao ano desde 2020 e projeta dobrar o faturamento em 2023. Atualmente 2,5% dos animais produzidos no Brasil usam a tecnologia da Roboagro.

Os maiores clientes são as agroindústrias e produtores do sul do país, região onde é produzida 70% da carne suína brasileira e de onde partem 95% das exportações do setor.

“Granjas de integrados das três maiores agroindústrias do país (BRF, JBS e Aurora) já trabalham com o equipamento. Temos muito orgulho em constatar que os produtores que ganharam o prêmio de maior eficiência dessas indústrias usam o Roboagro”, diz Molin, acrescentando que não há modelos similares ao robô na suinocultura de outros países.

Há dois anos, a empresa gaúcha estuda parcerias para lançar a máquina também no exterior.

Fonte: Globo Rural

Redação
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