O processo de automatização e robotização está transformando o setor de foodservice, trazendo benefícios como controle de estoque, agilidade no tempo de preparo e aprimoramento da experiência do consumidor. E as tecnologias disponíveis estão cada vez mais acessíveis, mesmo para empresas de menor porte.
Após alguns dias conhecendo as novidades do setor na NRA Show 2023, João Bibar, general manager na Pede Pronto, conversou com a reportagem da Mercado&Consumo sobre o que viu pela maior feira de foodservice das Américas. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.
Mercado&Consumo: Como você vê a evolução da tecnologia no foodservice e em especial considerando o que foi exposto na NRA Show 2023?
O que eu vi na NRA Show foi o avanço da robotização, tanto quando se fala no autosserviço quanto quando se fala no atendimento totalmente digital, o que traz cada vez mais dados para a tomada de decisão.
Por exemplo, agora você pode controlar o estoque de bebida e o tempo de preparo. Isso vai aperfeiçoando o processo e criando novas oportunidades de automatização e personalização. Vimos totens sendo usados por algumas startups, por exemplo, para capturar até a expressão facial do consumidor. Elas já prometem 20% de upsell na venda nesses casos.
Vi também soluções para realização de pedidos por voz, o que é muito bom em termos de acessibilidade, especialmente no autosserviço. Outro destaque é a precificação dinâmica, que foi tema de uma das palestras. Ela pode ajudar o estabelecimento a cobrar valores diferentes em dias da semana e finais de semana, o que pode atrair público e facilitar a gestão.
Em termos de investimento, essas tecnologias são acessíveis e escaláveis para as empresas de foodservice no Brasil hoje?
Existem muitas startups querendo fazer parcerias para fornecer esse tipo de serviço. Obviamente, é preciso uma tropicalização, uma adaptação para o nosso mercado, mas vimos muitas empresas pequenas provendo serviços que vão, certamente, causar um impacto grande na jornada do consumidor. Houve um barateamento no custo de aquisição.
A feira expôs muitos robôs, tanto para uso em operações nos bastidores dos restaurantes quanto para atendimento no foodservice. Como avalia o uso dessas tecnologias?
Quando a gente fala de operação, o que me chamou atenção é a diferença entre a digitalização e a digitização. Vimos, por exemplo, uma fritadeira de batata com um braço que imita o movimento humano e opera o equipamento. No entanto, ao conversar com expositores de uma empresa que faz uma máquina que frita o hambúrguer sozinha, eu pude perceber que eles pensaram na redefinição do processo. Em vez de você replicar o processo manual, eles fazem isso de uma outra forma. Ela não ocupa tanto espaço, então você consegue otimizar a cozinha. Eles de fato mudaram e automatizaram o processo. É a transformação de fato.
Você acha que no futuro os robôs serão usados também no atendimento?
Eu acho que sim, até porque a coleta de dados feita por eles é muito relevante e importante. A gente viu, por exemplo, a expansão da robotização em supermercados, que é um segmento também da alimentação. Existem exemplos claros hoje do quanto isso ajuda na escolha do sortimento e nos processos operacionais dos supermercados. Acho que do restaurante a tendência também é essa. A barreira que o segmento encontra hoje para fazer essa transformação no Brasil é a cadeia de manutenção. Muitas das empresas que a gente viu não têm ainda assistência técnica do Brasil, profissionalização e tudo mais.É um problema e também uma oportunidade. A profissionalização desse segmento de assistências talvez possa trazer um incremento rápido na utilização da tecnologia.
Quando a gente fala de tecnologias de pedido, como as que a Pede Pronto usa, você viu avanços na NRA Show?
O hábito do americano quando vai ao restaurante é um pouco diferente; ele geralmente reserva a mesa, por exemplo, e às vezes até paga por isso. Mesmo assim, eu vi oportunidades de conexão de serviços, de melhoria de experiência, de entendimento de outras jornadas e, por que não, de prestar também esse serviço de hospitalidade. Talvez não de uma forma para rentabilizar, mas que dê mais comodidade e mais conforto. Por exemplo, podendo fornecer informações para o consumidor sobre ocupação. Assim, antes mesmo de ele sair para um restaurante, permitir que ele saiba como está a ocupação daquele estabelecimento, se tem fila de espera. São serviços que podem, sim, complementar a oferta de valor da plataforma.
Hoje algumas empresas fazem isso no Brasil, especialmente startups. A grande dificuldade acaba sendo a integração. O que a gente viu aqui é que na maioria dos PDVs, desde o meio de pagamento até a frente de caixa, existem dados abertos que permitem que as empresas se integrem com grande facilidade. No entanto, no Brasil, a gente ainda tem um pouco de dificuldade. O Open Delivery tem ajudado nisso, mas essa ainda é uma barreira para melhorar a jornada e a experiência de compra do consumidor.
Imagens: Aiana Freitas e Divulgação
Por: Aiana Freitas