O ecossistema de alimentação mundial responde por mais de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Com uma população de mais de 8 bilhões de pessoas, o desafio para mudar essa realidade é enorme, mas conta com o apoio da Symbiomics, biotech nacional que realiza sequenciamento genético de microrganismos de alto potencial para culturas.
O objetivo da empresa é gerar receita de impacto positivo no agronegócio. “Precisamos urgentemente de tecnologias e métodos sustentáveis para melhorar a forma de alimentar a sociedade. Alguns dos desafios do sistema alimentar estão intimamente ligados às nossas escolhas, o que acaba levando a uma discrepância entre os recursos da terra, as preferências por alimentos de origem animal e as emissões de GEE associadas”, afirma Rafael de Souza, CEO da startup.
A transição para um sistema agroalimentar sustentável e resiliente, capaz de se adaptar e mitigar as alterações climáticas, pode parecer uma missão impossível, mas, há boas notícias. O último relatório do IPPC – International Plant Protection Convention – demonstra claramente que os sistemas agrícolas e alimentares têm um potencial de mitigação significativo, podendo ajudar a reduzir 8% das emissões globais de GEE até 2030. O que é ainda melhor: existem inúmeras soluções prontas e disponíveis para a implantação de alternativas.
Algumas delas, por exemplo, podem ser usadas para aumentar a produtividade de culturas agrícolas, reduzir o uso da terra, fornecer fontes alternativas de proteína para alimentos, diminuir a demanda por plástico e pesticidas, evitar o desperdício de alimentos e melhorar a biodiversidade, o suprimento e a segurança alimentar. “Já estamos vendo os impactos devastadores da crise climática, e será fatal ignorar as soluções disponíveis como as oferecidas pela biotecnologia. As decisões que tomamos agora, seja por meio de políticas, negócios ou na sociedade em geral, terão um impacto drástico em nosso futuro e no mundo em que vivemos”, pontua Rafael.
A Symbiomics explora os ambientes naturais do Brasil à procura de microrganismos com potencial aplicação tecnológica. “Os seres vivos desses ambientes guardam características importantes para uso como biofertilizante, bioestimulantes e biocontrole. A Amazônia, por exemplo, é riquíssima em biodiversidade, particularmente microbiana, e certamente poderá fornecer microrganismos que corroborem com a tese e gerem distribuição de riqueza local e empregos”, afirma Jader Armanhi, COO da biotech.
Impacto social em nível global atrai fundos brasileiros
As Soluções Baseadas na Natureza (NBS, do inglês Nature-Based Solutions) foram apontadas pela Cúpula do Clima da ONU como uma das nove estratégias prioritárias para enfrentamento da crise climática e um futuro defensável para as próximas gerações. Diante da importância da pauta para toda a sociedade, em fevereiro de 2022, a Symbiomics obteve êxito em validar sua ideia.
Foi quando, durante a rodada pré-seed, houve a parceria com a Vesper Ventures, venture builder e gestora de fundos, pioneira no Brasil em investimentos em startups de biotecnologia, que, além do apoio financeiro, participa ativamente da concepção e gestão dos projetos da empresa. “Fomos os primeiros investidores financeiros na Symbiomics, mas, mais do que isso, participamos, desde o início do desenvolvimento da companhia, atuando diretamente no planejamento estratégico, planos de ação e gestão”, comenta Gabriel Mantovani Bottós, CEO da Vesper Ventures. “Auxiliamos a startup em todos os níveis para prepará-la para as próximas etapas de crescimento e na correta aproximação com outros fundos de investimento qualificados”.
Ao todo, foram dois anos e mais de três mil projetos avaliados pela Vesper. Apenas sete foram selecionados, entre os quais a Symbiomics, que se destacou pelo profundo domínio técnico e capacidade de execução dos fundadores. “Por se tratar de um projeto que endereça um desafio global que poderá trazer um grande impacto positivo para nossa sociedade e para o mundo, demos continuidade”, revela Bottós. De acordo com ele, ainda, a Symbiomics trará uma verdadeira revolução para as lavouras, com produtos que trazem ganhos significativos de produção e, ao mesmo tempo, reduzem drasticamente os danos gerados ao meio ambiente. A melhor forma de alimentar a população.
De acordo com a MOV, gestora de fundos de investimentos de impacto socioambiental e uma das investidoras, o aumento sustentável da produção de alimentos para atender às demandas urgentes de uma população crescente está entre os desafios mais importantes da próxima década. “Insumos biológicos têm excelente potencial de melhorar o rendimento de lavouras, substituir fertilizantes sintéticos, combater doenças e pragas, reduzir emissões de gases de efeito estufa, além de capturar carbono do meio ambiente”, comenta o CEO, Martin Mitteldorf. “Esse é o primeiro de 6–8 investimentos que faremos neste 2º fundo da MOV e estamos bastante otimistas com o potencial de impacto e retorno que isso poderá gerar”, complementa.
Para a Baraúna Venture Capital, outra investidora, a expectativa é que a Symbiomics se consolide como uma das principais referências em ciências aplicadas ao agronegócio. “Os empreendedores são extremamente diferenciados, capazes de aliar uma série de conhecimentos técnicos e formação acadêmica com visão de negócios e capacidade de gestão”, afirma Paulo Ciampolini, CEO da Baraúna. “O setor de biológicos no Brasil cresce a taxas elevadas e deve seguir assim por um bom tempo. A adoção desse tipo de produto é cada vez maior e acreditamos ser essa uma tendência muito forte e duradoura pois combina produtividade a sustentabilidade”, completa.
Fonte: Casa9 Agência de Comunicação