As Cidades Inteligentes, também conhecidas como Smart Cities, são uma tendência em vários países do mundo. Mas por que países em desenvolvimento, especificamente, devem investir ainda mais para criar cidades e espaços inteligentes? Afinal, estamos falando de nações que, muitas vezes, contam com recursos limitados. Bem, para entender isso, vamos começar com um levantamento de dados.
O Brasil é um dos países mais violentos do mundo, ocupando a oitava posição no ranking global UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime). E o mais chocante é a completa desproporção entre o quanto o Brasil representa na população global (2,7%) e o nosso percentual de homicídios no mundo (20,4%).
Já no quesito “trânsito”, de acordo com a OMS, países de baixa e média renda concentram quase 90% das lesões causadas por acidentes automotivos, sendo que detém apenas 54% da frota global de veículos. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que 45 mil pessoas morrem por ano em situações acidentais no trânsito.
Observando apenas o nosso país novamente, encontramos outro sinal de alerta: somos o 4° colocado quando o assunto são acidentes fatais de trabalho. Em média, foram oito óbitos a cada 100 mil vínculos empregatícios entre 2002 e 2022, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Quanto aos países que ocupam o pódio deste ranking, todos também são nações em desenvolvimento – China, Índia e Indonésia.
Agora, imagine que câmeras inteligentes fossem instaladas pelas cidades brasileiras e de outras nações similares. Graças à combinação de Inteligência Artificial com vídeo analytics, este recurso tecnológico poderia ajudar a evitar acidentes e situações de violência, seja em ambientes fechados (como lojas, shoppings, hospitais, indústrias) ou em locais abertos.
Explicando de forma mais direta, o sistema é programado para identificar diversas variáveis em tempo real por meio das filmagens, por exemplo: pessoas entrando em zonas de risco em uma fábrica, colaboradores que não estão utilizando seus equipamentos de proteção, brigas e confusões, roubos, motoristas acima da velocidade permitida em rodovias, entre tantas outras possíveis aplicações.
Se essas soluções fossem instaladas nos países em desenvolvimento, será que veríamos melhoras consideráveis nos índices alarmantes citados? Com certeza, a resposta é “sim”. Quando instituições governamentais usam inovações tecnológicas para monitorar áreas públicas e instituições privadas as usam para controlar seus ambientes, uma poderosa ferramenta de prevenção é criada. Não importa a extensão territorial ou a quantidade de cidadãos: os gastos públicos para investir em Cidades Inteligentes são infinitamente menores do que arcar com despesas decorrentes dos problemas que acontecem, especialmente a longo prazo.
Para que os países em desenvolvimento se tornem desenvolvidos, é preciso que as autoridades cuidem da segurança e bem-estar da população, identificando e reeducando os responsáveis por infrações com instrumentos eficientes. E essa é a melhor forma de reverter dados tão ruins e, ao mesmo tempo, prevenir novos acidentes e homicídios.
Fonte: Mobilidade Sampa