sexta-feira,22 novembro, 2024

Alta produtividade com meio ambiente melhor preservado

Ao longo das últimas décadas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que completou 50 anos no dia 26 de abril, gerou um conjunto de soluções relevantes para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, permeando os eixos da sustentabilidade, das bio e das techs. Um dos seus centros de pesquisa que atuam com esse viés da sustentabilidade é a Embrapa Meio Ambiente, localizada em Jaguariúna-SP, cujas pesquisas são focadas principalmente em proposições que buscam responder os desafios dos sistemas integrados de produção, das boas práticas agrícolas e aquícolas, da gestão agroambiental, da agricultura de base ecológica, dos sistemas agroflorestais, da agregação de valor a produtos da biodiversidade e dos modelos de restauração de áreas de proteção permanente. 

Os experimentos mais recentes abordam também temas na fronteira do conhecimento, como genômica, metagenômica e nanotecnologia, além de focar em problemas de grande relevância como mudanças climáticas, degradação de recursos hídricos e questões fitossanitárias emergentes. 

Agenda Agroambiental

Na busca da pesquisa por uma rota para a agricultura sustentável, a procura por insumos biológicos no país aumentou significativamente, o que levou ao registro de 70 novos produtos só nos últimos três anos. A redução da dependência de fertilizantes acabou por incentivar a implementação de uma nova economia, baseada em biológicos.

O pesquisador Wagner Bettiol ressalta o reconhecimento das pesquisas de pragas e doenças de plantas, com a participação ativa da Embrapa Meio Ambiente em todas as etapas do desenvolvimento do controle biológico no Brasil, desde a criação dos produtos até a legislação atual para o referido registro. Bettiol lembra que foi dessas contribuições que surgiu a Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio), uma referência para o setor no País.  Ainda segundo ele, a pesquisa contribuiu muito com o setor, pois “nos anos 90, não havia registro de produtos de controle biológico no Brasil, sendo que hoje já são mais de 500”.

A Embrapa Meio Ambiente também estuda soluções inovadoras, como a biotecnologia para mitigar impactos adversos, causados por eventos climáticos como secas prolongadas. Exemplo é o inoculante Auras, desenvolvido em parceria com a empresa NOOA. Trata-se de um composto a base de bactérias que auxilia as plantas no aumento da resiliência e da capacidade de adaptação ao estresse hídrico, além de estimular a fixação biológica de nitrogênio e a absorção de nutrientes. O produto é o resultado das pesquisas da área de microbiologia da Unidade.

O avanço no desenvolvimento de bioprodutos associado à inovação viabiliza o despertar de novas metodologias, como a produção de fungos biocontroladores de pragas por meio da fermentação líquida, que traz uma série de vantagens, conforme explica o analista Gabriel Mascarin. “Podemos ainda manipular as condições nutricionais do meio de cultivo do fungo para obter blastosporos mais tolerantes a estresses abióticos, como dessecação, radiação ultravioleta e altas temperaturas”, explica.

Outro importante compromisso da equipe técnica está relacionado ao tema das mudanças climáticas. Nessa área, a Embrapa Meio Ambiente participa ativamente da elaboração das comunicações Nacionais do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC), com a elaboração de alguns relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Essa permeabilidade permitiu aprofundar o conhecimento sobre os gases de efeito estufa (GEEs) em diferentes sistemas agrícolas, o que resultou na criação da Rede Agrogases, além da liderança nos Projetos Carboagro, Qualiacana, ACV Cana-de-Açúcar, FACE e outros que contaram com estudos de mensuração.

É possível também destacar a instalação, nas dependências da Unidade, do experimento FACE (Free-Air Carbon Dioxide Enrichment), pioneiro na América Latina, cujos objetivos foram avaliar os impactos do aumento da concentração de dióxido de carbono do ar, analisar a vulnerabilidade e elaborar medidas de adaptação da cultura do café às mudanças climáticas.

O desdobramento destas competências, permitiu o envolvimento direto da Embrapa Meio Ambiente em diferentes políticas públicas, como a o RenovaBio, Plano ABC e ABC+ e Águas do Agro.

Uma das mais recentes inovações da Unidade, ocorreu em parceria com a Embrapa Agricultura Digital, de Campinas, SP, que foi a criação do hub seguindo o conceito de laboratório vivo (farm lab), o AgNest com os parceiros Banco do Brasil, Bayer, Nutrien e Jacto, idealizado como um espaço catalisador para o empreendedorismo aliado ao conhecimento científico, com um olhar para a sustentabilidade e agricultura digital (https://www.agnest-farm.cnptia.embrapa.br/).

Desafios e oportunidades

A Embrapa Meio Ambiente pretende promover, por meio da ciência, o equilíbrio entre a produção agrícola e a preservação ambiental. Para isso, Paula Packer, chefe geral da Unidade, enfatiza que será preciso mapear as oportunidades futuras “com visão para o futuro, podemos mudar a caminhada quando necessário, para a inovação florescer e a pesquisa entregar resultados de impacto e conhecimento para apoiar as políticas públicas. Saber a hora de ser mais incremental no desafio focado na tríade agro + bio + tech, para que o agro se torne realmente sustentável e mensurável”. Para Paula, a complementariedade entre a pesquisa e a inovação é essencial para o sucesso.

Para alcançar esse desafio, o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Cristiano Menezes, explica que a estratégia passa pela reorganização da integração das diferentes linhas de pesquisa sobre o meio ambiente em objetivos bem definidos. “Para o futuro, o foco é fazer com que essas linhas contribuam para uma única temática, ou seja, promover uma agricultura sustentável e transformar, do ponto de vista ambiental, os sistemas produtivos ineficazes em sistemas agrossustentáveis, mais adequados e rentáveis”. 

Complementa que é necessário incentivar os produtores a adotarem tecnologias adequadas, a fim de melhorar seus indicadores e criarem meios para que as propriedades pssam ampliar as áreas de floresta plantada e de reserva legal. “Será imperioso desenvolver e fortalecer mecanismos de compensação financeira, tornando os empreendimentos rurais mais lucrativos, seja pela possibilidade de exploração da biodiversidade, acesso a Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e ao mercado de carbono. Ações que ajudem o produtor a entender as vantagens de incluir proteção ambiental no processo, com lucros”. 

Com isso, ele acredita que a contribuição da ciência, na outra ponta, seja intensificar as ações que apoiem os governos por meio das políticas públicas”O conhecimento científico cria pontes e conexões que ligam os atores que fazem ou que desejam praticar a sustentabilidade no setor agropecuário, eis a nossa missão”.

Por fim, a chefe adjunta de Transferência de Tecnologia, Janaína Tanure enfatiza que a Unidade tem como missão uma das pautas mais relevantes para a economia mundial na atualidade: promoção de uma agricultura tropical sustentável. Papel de destaque que o Brasil pode (e deve) assumir com maestria, como uma potência agroambiental. “Quando falamos do agro brasileiro, estamos falando de um gigante, com impactos econômicos, sociais e ambientais que extrapolam as fronteiras nacionais. Contribuir com soluções de pesquisa e inovação em prol da sustentabilidade da agricultura brasileira é também contribuir para a resolução de grandes problemas mundiais como a insegurança alimentar, inclusão social e resiliência da humanidade frente às mudanças climáticas, temas que a Embrapa Meio Ambiente se destaca com consolidada expertise e relevância”. 

Fonte: Embrapa Meio Ambiente

Redação
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