O governador Mauro Mendes (DEM) e outros 22 governadores brasileiros preparam o envio de uma carta ao presidente americano Joe Biden, para estabelecer uma parceria com o país norte-americano a fim de desenvolver cadeias econômicas com produção de menos carbono e promover a regeneração ambiental.
O documento conta com 23 assinaturas de governantes brasileiros, até esta quarta-feira (15) e será enviado a Biden, durante a realização da Cúpula dos Líderes Climáticos, convocada pelo mandatário dos EUA para 22 de abril, mesma data em que se celebra o Dia da Terra.
A carta propõe uma interlocução entre os Estados Unidos e os governadores estaduais brasileiros visando ações conjuntas e está constituída em quatro eixos essenciais de cooperação:
Descarbonização
Recuperação Florestal
Recursos Internacionais
Cultura Ecopolítica
O documento também traz referências para a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, com base em créditos de descarbonização e de carbono.
“Conscientes da emergência climática global, os governos subnacionais brasileiros signatários estão cientes da sua responsabilidade com a redução dos gases de efeito estufa, a promoção de energias renováveis, o combate ao desmatamento, o cumprimento do Código Florestal e a busca de formas consorciadas de viabilizar massivos reflorestamentos, integrados aos sistemas sociobioprodutivos regionais”, diz um trecho da carta.
Segundo o documento, a meta é estimular a regeneração ambiental, diminuir as desigualdades, criar modelos resilientes no enfrentamento de pandemias e elaborar cadeias econômicas de menos carbono.
A proposta não inclui apenas governadores dos estados da Amazônia, mas também outros biomas com estoque de carbono, como Cerrado, Caatinga, Pantanal e a Mata Atlântica.
Além de Mato Grosso, os outros 22 estados que já assinaram são:
Acre
Alagoas
Amapá
Amazonas
Bahia
Ceará
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Pará
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Piauí
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul
São Paulo
Sergipe
Tocantins
O conteúdo da carta foi produzido pelo Centro Brasil no Clima com a colaboração de outros especialistas como o Instituto Clima e Sociedade (iCS), Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), SOS Mata Atlântica e Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).
Desmatamento em MT e acordo de Paris
Dados divulgados pelo Instituto Centro de Vida (ICV) no dia 4 apontam que Mato Grosso foi o segundo estado que mais desmatou a Amazônia Legal neste ano e 88% do desmatamento aconteceu de forma ilegal, sem autorização dos órgãos ambientais. O levantamento foi feito com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Desmatamento em MT nos últimos 11 anos
Segundo dados do desmatamento na Amazônia apurados pelo Inpe e divulgados pelo ICV, em Mato Grosso os índices vem crescendo ano a ano. Em 2019 foram 1702 km² e em 2020, 1.767 km².
O estado está distante de alcançar as metas estaduais que foram estabelecidas durante a Conferência do Clima, em Paris, em 2015. O acordo prevê reduzir o desmatamento em 517 km² por ano, mas em 2020 esse número triplicou.
Foram mais de 1.700 km² de florestas devastadas neste ano em Mato Grosso, o correspondente a 16% do total desmatado no bioma nesse período. Essa foi a maior devastação registrada no estado nos últimos 12 anos.
A Amazônia Legal é composta por 9 estados que fazem parte da bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica do mundo, e corresponde a mais da metade de todo o território brasileiro.
A região tem sido alvo de desmatamento desordenado e garimpo ilegal, inclusive em terras indígenas e áreas de conservação. Neste ano, foram mais 11 mil km² desmatados em toda a Amazônia.
Fonte: G1/MT