Há um mês tive a oportunidade de acompanhar o South by Southwest (SXSW), maior festival de inovação do mundo, realizado anualmente em Austin, no Texas, desde 1987. O evento é uma parada obrigatória para profissionais e empresas que buscam saber sobre as últimas tendências do mercado.
Este ano, os holofotes estavam todos voltados para a Inteligência Artificial (IA). Foram nove dias de evento com muita informação, inovação, lançamentos e debates importantes. Destaque para alguns painéis que consegui acompanhar.
IA para o bem da humanidade
Greg Brockman, cofundador e presidente da OpenAI, esteve em um Keynote com Laurie Segall, cofundadora da Dot Dot Dot Media. Falaram muito sobre como usar a tecnologia de inteligência artificial para o bem da humanidade, focando em habilidades de alto nível. Uma frase que resume um pouco do painel como um todo: “se você não pode programar uma máquina para resolver um problema, programe-a para aprender a resolver”.
Psicodélicos
Os debates sobre uso de substâncias psicodélicas estiveram em alta no festival. Destaque para o painel do Dr. Jeffrey Becker, cofundador e Chief Scientific Officer da Bexson Biomedical, ao lado da psicoterapeuta Sunny Strasburg e de Brandon Goode, fundador da Outro Health. Eles ressaltaram como os psicodélicos, aliados a realidades imersivas, podem ajudar a reabilitar pessoas que sofrem de ansiedade crônica, por exemplo. Alguns outros pontos que chamaram a atenção no debate foram:
- O questionamento: por que a sociedade quer se livrar do sofrimento?
- É muito fácil nos perder em meio a tanta tecnologia.
- Os psicodélicos devem ser usados como uma ferramenta para tratar ansiedade e não como uma fuga.
- Sunny Strasburg, sobre IA: “Estamos usando as máquinas para entender algo que nós mesmos criamos e para entender a nós mesmos”.
IA vai nos trazer mais tempo livro
John Maeda, VP de Design da Microsoft, trouxe em seu painel diversas referências interessantes para falar sobre o Design e a Inteligência Artificial, montando um panorama histórico. Algumas delas são:
- Livro “Nectarine”, de Paul Rand, que foi seu professor.
- Algumas de suas obras e seu livro “How to Speak Machine”.
- O curta de Stop Motion “Hidari”.
- O executivo da Microsoft finalizou a palestra com uma visão que endosso: a IA vai assumir coisas que não gostamos de fazer, para termos mais tempo dedicado às coisas que nos trazem felicidade!
Os perigos da IA
Rahul Roy, Global Head of Product da Grammarly, começou sua palestra ao estilo Homem Aranha: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Ele disse que tem trabalhado para que a IA nos “ajude na tomada de decisões”, e falou sobre as pessoas que estão assustadas com os avanços tecnológicos: “Então devemos desligar tudo porque é perigoso? O perigo, sim, é real, mas só a esperança não é uma estratégia”.
Deixou claro que somos nós quem decidimos o futuro que queremos construir. A IA vem para elevar nosso potencial gerando a “Inteligência Aumentada”. Os humanos têm o controle, podemos tomar decisões para construir e escalar essa tecnologia de forma ética e sábia.
Nosso futuro depende da IA
Um dos painéis mais interessantes do evento, na minha opinião, foi o do Whurley, CEO da Strangeworks, que falou sobre como o nosso futuro depende da computação quântica e da inteligência artificial. Ele colocou vários pontos e exemplificou que chegaremos em uma “Quantum Super Intelligence”. Segundo ele, a computação quântica aliada à inteligência artificial vai melhorar nossa tomada de decisão, e a primeira esfera impactada será a Educação. No final, Whurley disse que toda a apresentação foi construída com o ChatGPT. Acreditem, estava muito boa. Isso é prova do momento que estamos vivendo. E fica aqui uma dica: vale a pena acompanhar o trabalho dele.
Privacidade de dados
Outro assunto em voga foi a privacidade de dados. No painel, Brittany Kaiser, cofundadora da Own Your Data Foundation, levantou pontos muito importantes sobre os nossos dados e nossa privacidade. Quando fez a pergunta: “quem lê os termos e condições que assina dos apps e sites que frequenta?”, apenas quatro pessoas levantaram a mão. Advogados, provavelmente.
A verdade é que não temos controle das nossas vidas digitais quando assinamos esses termos. Normalmente damos liberdade para essas plataformas acessarem quase tudo: câmera, microfone, localização etc. Não ganhamos nada com os dados que “compartilhamos” com essas empresas trilionárias. Por isso, a Web3 tem tanta importância, principalmente quando falamos de identidade digital e proteção de dados.
A adoção pode demorar algum tempo, mas as ferramentas já estão disponíveis. Eu, por exemplo, não uso o Google há 2 anos. Uso o PreSearch, um buscador descentralizado que respeita sua privacidade, não guarda seus dados, cada pesquisa que você faz é “única” e ainda te paga em criptomoedas por fazer parte do projeto.
Fonte: Olhar Digital