sexta-feira,22 novembro, 2024

Cientistas descobrem como as células-tronco impactam o envelhecimento

Conforme o corpo humano envelhece, a maioria dos sistemas apresenta falhas ou passa a funcionar em uma velocidade reduzida. Hoje, a ciência entende muito pouco sobre este processo, mas novas evidências começam a desvendar o complexo esquema. É o caso das células-tronco do sangue em sua longa missão de renovação celular.

Após uma série de estudos, cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, avançaram no entendimento de como algumas células-tronco são fundamentais no sangue. Quando começam a apresentar defeito ou o equilíbrio do ambiente em que trabalham é quebrado, tornam-se mais recorrentes casos de anemia, coagulação irregular e até câncer.

Até onde se sabe, o processo de declínio das células-tronco hematopoiéticas (HSCs) é inevitável com o envelhecimento, mas, após a recente descoberta, o grupo de pesquisadores quer encontrar formas de barrar esse mecanismo.

O que atrapalha as células-tronco no processo de renovação celular?
Antes de seguirmos, vale explicar que o tipo de célula-tronco investigada está localizado na medula óssea, produz proteínas e é responsável por se especializar (se desenvolver) em células do tecido sanguíneo e do sistema imune.

Em situações normais, as HSCs sintetizam novas proteínas em um ritmo lento, dando preferência à qualidade do processo. Apesar disso, algumas falhas ocorrem naturalmente, criando proteínas mal dobradas. Estas podem ser tóxicas, caso se acumulem.

No organismo, a forma mais comum de descarte de proteínas danificadas é o proteassoma. É como se ele trabalhasse como um faxineiro geral, decompondo as proteínas nos componentes originais (aminoácidos) quase instantaneamente. Eis que, segundo o estudo publicado na revista Cell Stem Cell, eles não cuidam dos dejetos das HSCs.

Diferente da regra padrão, as proteínas danificadas são capturadas pelos agressomos, que as concentram em um único local. Após serem encurraladas, elas são destruídas coletivamente pelo lisossomo — uma organela celular carregada de enzimas digestivas. Este processo recebe o nome de agrefagia.

Por que as células-tronco tratam melhor o seu “lixo”?
Segundo os autores, a estratégia diferente de limpeza busca criar um depósito concentrado de aminoácidos. É como se as células-tronco quisessem preservar, bem próximo ao campo de atuação, as peças básicas para a construção de outras proteínas.

Para comprovar a hipótese, o grupo de cientistas desativou geneticamente o processo de agrefagia. Dessa forma, as células-tronco passaram a acumular as proteínas com defeito, afetando suas capacidades regenerativas. O problema induzido também ocorre em organismos que envelhecem, já que as HSCs têm poucos agressomas.

“Nossa esperança é que, se pudermos melhorar a capacidade das células-tronco de manter o processo de agrefagia, preservaremos melhor a função das células-tronco durante o envelhecimento e atenuaremos os distúrbios sanguíneos e imunológicos”, afirma Robert Signer, principal autor do estudo, em comunicado.

Vale pontuar que, a recente descoberta e a maioria das pesquisas com células-tronco, usam roedores como modelo de pesquisa. Embora os organismos sejam semelhantes, no futuro, o processo deve ser validado com humanos. Sem isso, o campo de conhecimento que busca retardar o envelhecimento e manter a qualidade de vida não avançará.

Fonte: Cell Stem Cell e UC San Diego

Redação
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