No primeiro painel do evento 5G Saúde Conectada, nesta terça-feira, 11, fica identificado que há uma clara necessidade de que sistemas de saúde conectados se integrem às ferramentas e recursos para otimizar e atender o máximo possível a população de pacientes.
Como explicou Carlos Bassi, co-fundador e CEO da Quoretech, empresa brasileira fabricante um dispositivo para monitorização cardíaca. a indústria tem se empenhado no desenvolvimento de formas mais modernas e melhoradas para confecção de produtos para diagnóstico, como no caso da monitoração de arritmia cardíaca, em contraposição aos métodos convencionais desconfortáveis, além do envolvimento de softwares ou plataformas que são necessários para este tipo de aparelhos.
Neste caso, a conectividade dos wearables que oferecem hardware as a service para quem realiza o diagnóstico tem um viés de praticidade de monitoramento por meio desses dispositivos que aliam apps e acompanhamento via celular do próprio paciente, além de processamento em nuvem e envio para quem analisa e emite o exame ao profissionais. “Este tipo de produto veio possibilitar que exames sejam feitos em localizações remotas e permite levar tecnologia para minimizar tempo, dar acesso a mais pessoas a exames complexos e que exigem profissionais especializados muitas vezes longe de onde se necessita”, disse Bassi.
Para ele, o receio que existiu em relação a telemedicina tanto de médicos quanto de pacientes foi superado durante a pandemia e em relação a diagnóstico remoto nem tanto, e explica que essa evolução se dará a partir da combinação entre a disponibilização de equipamentos cada vez mais tecnológicos e seus resultados mais precisos junto com novos modelos de negócios.
“A conectividade viabiliza se chegar onde não se pode ir. O diagnóstico a distância significa uma economia de tempo e comodidade para o paciente ao encurtar a jornada dolorosa pela qual ele passa durante esta fase do tratamento e ao mesmo tempo entregar o desfecho clínico no menor tempo possível minimizando esta jornada”, exemplificou.
Para Gustavo Perez, CEO da MTM, empresa de software para a área de saúde, a conectividade permite que o processo de transformação digital que está ocorrendo na saúde chegue também em benefício aos pacientes por meio da alertas para informação dos médicos, por meio de diagnósticos mais rápidos, por acesso a informações e dados à processos mais fluidos dentro do ambiente hospitalar, na saúde preventiva ou nos cuidados paliativos.
Como afirma Perez, ainda há um gap entre a tecnologia e sua aplicação efetiva no sistema de saúde já que estes processos exigem tempo, investimentos, remuneração adequada e um tempo de maturação, entretanto os pacientes nessa sua jornada forçam a evolução pelas mudanças. “A pandemia de Covid impulsionou a tecnologia de forma a não haver retrocessos mais evidenciada pela teleconsulta e a telemedicina naquele momento. Mesmo assim ainda existe uma fricção se comparada ao atendimento tradicional, mas pudemos identificar que a falta de oferta talvez fosse um desses entraves, talvez uma questão cultural que está se desmistificando e a dinâmica desse processo está evidenciando mudanças que estão levando a um novo modo de atendimento”, disse.
Nesse processo de acesso dos pacientes aos cuidados necessários, Pedro Filizzola, head de Marketing da Doctoralia (sistema de saúde agendamento de consultas que conecta médicos e pacientes) concorda que a transformação mudou o comportamento do consumidor/paciente e também dos médicos.
“A jornada do paciente não compreende apenas a consulta. Essa é apenas uma das etapas que inicia no agendamento, na pré- consulta, na consulta, no pós consulta e na fidelização desse paciente. No nosso caso, a tecnologia se envolve em cada etapa a fim de diminuir os atritos do processo e propõe eficiência operacional para que essa jornada seja a melhor para o paciente”, explica.
Como reforçou que a conectividade que proporciona o acesso a telemedicina veio capilarizar os avanços tecnológicos oferecendo soluções para acesso e com a portaria que regulamentou a telemedicina estendeu esse benefício a um maior número de pessoas com a quebra de paradigmas que hoje depois dos momentos mais críticos de isolamento permanecem pelas vantagens oferecidas e pelo alcance que tem.
Jornada do paciente conectado
Diante do crescente acesso à tecnologia para grande parte da população global, o mesmo ocorre para esta população enquanto pacientes e por isso, cada vez se torna importante criar experiências customizadas e fluidas para atendê-los, desde a marcação de uma consulta até na estimulação para seu engajamento nos cuidados de sua própria saúde por meio de aplicativos móveis.
Para Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures, o usuário está no centro do cuidado e o aumento de acesso a tecnologia faz parte da sua jornada dentro do sistema, desde o atendimento e até a telessaúde.
“Em cada etapa a tecnologia está presente desde o atendimento, reabilitação ou até o desfecho clínico. E todo esse arsenal tecnológico gera dados e impacta em outras áreas que vão além da saúde propriamente dita. Seja no conhecimento de seus direitos com seus dados, ao acoplar tecnologia nas etapas da saúde dos pacientes, na otimização do cuidado dentro e fora das barreiras das instituições de saúde, tudo impacta aspectos e ambientes”, reforçou Kenji.
Conforme argumentou, o processo de aproximação do paciente proporcionado pela conectividade dá oportunidade aos profissionais para se chegar a um melhor tratamento com decisões mais acertadas que são compartilhadas pelos pacientes que além do centro participam do processo. Segundo lembrou, ao lado do atendimento customizado há também todo o ambiente organizacional dos consultórios, serviços privados de saúde, serviços públicos e o todo o ecossistema que hoje não existe sem que haja a interação tecnológica e neste contexto a interoperacionalidade é uma das questões mais importantes a serem resolvidas pela comunidade.
Para Carlos Braga, CEO e fundador do Bio , a tecnologia mudou a forma de acesso dos usuários ao sistema de saúde, seja na saúde suplementar, seja na saúde pública.
Como ressaltou a jornada do paciente agora tem como meio a telemedicina e pode usufruir desse meio de forma correta e já existe até uma preferência por este tipo de atendimento pela facilidade de acesso. “Mas há que se fazer aqui um aparte, pois a triagem é importante no processo bem como ter acesso ao histórico do paciente e outros dados que permitem ter uma visão mais ampliada de cada caso em paralelo aos exames, etc”, ressaltou.
Para o executivo, o acompanhamento pela equipe de saúde ao paciente permite que a partir desse atendimento virtual, via tecnologia, haja lembretes de datas de exames, mensagens sobre retorno de consultas entre outros que envolvem esse paciente no seu próprio tratamento. “A tecnologia vem aproximando o usuário do profissional e a humanização desse atendimento deverá ser mais frequente e latente diante do anseio das pessoas por meios mais humanizados”, reiterou .
Jorge Carvalho, head da vertical de Health na Semantix, reiterou que a jornada de dados faz parte da jornada do paciente e dos profissionais e empresas de saúde. “As organizações estão inseridas dentro de um framework de maturidade de dados e todos querem estar no mundo dos dados inteligentes, mas isso também é uma jornada. Com isso é possível criar e construir uma engenharia de dados para múltiplos usos e transformar dados em cuidados”, argumentou.
Como disse, 70% das organizações de saúde não oferecem capacitações em saúde digital para seus profissionais, portanto , conforme o executivo, não basta ter a tecnologia, pois é preciso ter a cultura para transformar a organização em digital. ” É necessário ter a capacidade de ter um conhecimento tecnológico mais analítico para reverter isso em função do paciente “.
Como reforçou o uso de sistemas com interoperabilidade, tecnologias generativas, IA, Machine Learning vão ser usadas antes em várias áreas até chegar na saúde, mas essa experiência vai ajudar nas operações mais burocráticas até chegarem finalmente na linha de cuidados as pessoas.