Há poucos anos, o termo ESG virou a “bola da vez”. Só nos últimos quatro anos, o número de menções da sigla ESG cresceu 2.600% nas redes sociais, é o que revela uma pesquisa realizada pelo Pacto Global da ONU em parceria com a consultoria Stilingue.
Como consequência dessa tendência, os temas por ele englobados (sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental e governança corporativa), que antes eram tratados isoladamente, passaram a se abrigar sob o mesmo guarda-chuva.
As empresas estão levando as práticas de ESG a sério?
A corrida corporativa para adequação aos novos pilares de valor para a sociedade segue acelerada, mas há uma dúvida que sussurra teimosa aos ouvidos de quem exige ver para crer: a prática dos compromissos tão anunciados e defendidos existe de fato ou não passa de uma ação contínua de marketing “para inglês ver”?
Particularmente, sigo me questionando sobre diversos aspectos acerca do assunto. A conclusão à qual chego é que, se as promessas não estiverem diretamente relacionadas à sua essência, elas serão compromissos vazios, encenações. Com o intuito de adicionar algum elemento à questão, peço licença para fazer um breve link com experiências de caráter bastante pessoal.
Tenho minha origem conectada à filantropia. Meus avós eram vicentinos e demonstravam grande preocupação com as necessidades da nossa comunidade. Era natural para o meu núcleo familiar dedicar tempo e recursos para quem mais precisava. Com esses exemplos e valores, determinei como propósito de vida o desejo de fazer a diferença na vida da maior quantidade de pessoas possível, da melhor forma que eu pudesse.
Hoje, concluo que muito do que conquistei ⏤ pessoal e profissionalmente ⏤ relaciona-se com esse propósito definido há tanto tempo. A Engeform Engenharia, empresa da qual sou diretor-superintendente, por exemplo, faz a essência do seu negócio, a engenharia, algo que tem um pujante poder de transformação. Afinal, realiza obras e negócios de grande impacto socioambiental, como a despoluição do Rio Pinheiros, acesso à moradia de baixa renda, contribuição para a transformação da matriz energética nacional com fontes renováveis, hospitais que salvam tantas vidas, entre outras.
Transcendendo as atividades principais, felizmente, criamos uma cultura de fomento à educação dentro e fora da empresa, além de incentivo a projetos sociais. A verdade é que, para nós, a ESG suscita valores com os quais trabalhamos desde o berço da nossa empresa. Ainda há muito a se caminhar, mas muita estrada já foi trilhada nesses 46 anos de história.
Contudo, a questão que levanto é que a ESG tem todo o mote para que lobos se vistam de cordeiros e divulguem discursos fáceis e ações demagógicas. Todos querem estar nos holofotes, e muitos até merecem a audiência, mas será que tudo aquilo que gritam aos quatro ventos está mesmo conectado à sua própria essência?
Em um mundo tão egoísta e avarento, há muita mídia focada em quem poderia fazer, divulga que faz e, no fim, não faz nada ou quase nada; e pouca valorização àqueles que nem podem tanto, porém se dispõem a ajudar como podem.
Felizmente, há pessoas generosas, valorosas, valiosas, e para a minha sorte, muitas conectadas à minha rede pessoal e profissional. Nós queremos estar ao lado delas, fazendo o que pudermos para tentar transformar este mundo em um lugar melhor para se viver agora e para as próximas gerações. Afinal, sem ação, ESG é só um cartaz bonito; é coisa para inglês ⏤ e o mundo todo ⏤ ver.
Por: André Abucham