O setor agro é um dos segmentos mais importantes para a economia brasileira e um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do país. Por isso, é comum que surja o interesse em investir no agronegócio. Para tanto, vale a pena entender melhor sobre o setor de agronegócio e por que ele pode ser interessante para quem investe.
Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu 8,3% em relação a 2020. Além disso, o setor atingiu a participação recorde de 27,4% no PIB brasileiro — o maior valor desde 2004. Esse resultado, junto ao desempenho de 2020 de 24,3%, fez com que o biênio fosse especialmente significativo para a performance desse segmento.
Em 2022, entretanto, o resultado foi um pouco diferente. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que juntas calculam o PIB do agronegócio brasileiro especificamente, destaca que o segmento agro no país apresentou recuo de 4,28% entre janeiro e setembro de 2022, em comparação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, o valor bruto da produção (VBP) aumentou 2,2% no ano e chegou a R$ 1,3 trilhão. Vale destacar que parte dos resultados se deve ao aumento dos custos causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia, por exemplo.
“Apesar da recente queda nos resultados de agronegócio do Brasil, acredito que o agronegócio permanece desempenhando um papel importante no Brasil. Por isso, investir no segmento pode ser uma ótima alternativa para investidores brasileiros, uma vez que trata-se de um mercado de insumos extremamente necessários para o nosso país e para o mundo”, explica Cauê Mançanares, CEO da Investo.
Mesmo com este recente cenário em 2022, é importante ressaltar que, entre 2011 e 2020, a agropecuária apresentou um avanço de 25,4%, superando os resultados gerais do PIB brasileiro, da indústria e dos serviços. Confira o gráfico abaixo:
O aumento no volume produzido e comercializado de itens agropecuários é um dos fatores mais relevantes para o desempenho do setor. Em 2021, por exemplo, havia a estimativa de uma safra recorde de 285 milhões de toneladas de grãos. Já no ano passado, também houve um bom desempenho de partes do setor nesse sentido. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia a projeção de safra recorde de grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas em 2022, podendo chegar a 293,6 milhões de toneladas.
Logo, o aumento no volume produzido pelo agro é determinante para o crescimento do segmento. Essa questão está relacionada ao clima favorável e às condições de plantio, como uso de recursos mais adequados ou expansão das terras cultiváveis. O aumento na safra também está relacionado à adoção de tecnologia e de outros recursos que tornam o trabalho no campo mais efetivo. Inclusive, esse tipo de resultado pode ser medido pela produtividade total dos fatores (PTF).
Esse é um indicador que relaciona a produção agrícola aos seus insumos, de modo que valores mais altos representam um nível maior de eficiência no campo. Segundo a Embrapa, entre 1975 e 2020, o PTF alcançou uma taxa de crescimento anual de 3,3%.
Veja a evolução no período:
Outro pilar para o desenvolvimento do segmento envolve o aumento do investimento, direto ou indireto, no agro. A disponibilização de crédito rural, por exemplo, ajuda os produtores a expandirem sua atuação, com a compra de máquinas ou a realização de outras melhorias. Ainda, é possível destacar o investimento público e privado em pesquisa e desenvolvimento, medidas de extensão rural e acordos comerciais para a exportação de produtos. Na outra ponta, o investimento privado no setor ajudou a estimular o desenvolvimento do segmento, levando ao alcance de resultados mais significativos.
Por que é um bom momento para investir no setor?
Após entender melhor o desempenho do agronegócio no Brasil, é interessante saber por que aproveitar essa alternativa pode ser vantajoso. Veja abaixo alguns dos principais aspectos positivos para investimento no setor:
Potencial de crescimento nos próximos anos: apesar do cenário no último ano, as projeções para 2023 são mais animadoras, já que o PIB do setor poderá crescer 10%, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Diante das dificuldades econômicas mundiais, o segmento pode ser o principal motor do PIB brasileiro no ano;
Grande participação no PIB: outro motivo que pode justificar o investimento no agronegócio é a elevada participação que ele tem no PIB brasileiro. Afinal, o segmento responde, em média, por um quarto de toda riqueza anual produzida no país;
Diversificação do setor: investir no agronegócio traz muitas oportunidades de diversificação, já que existem empresas com diferentes tipos de atuação. Ademais, há a possibilidade de investir no agronegócio em outros países. Desse modo, há como diversificar ainda mais a sua carteira e aproveitar o potencial do agro em diferentes mercados, auxiliando a mitigar os riscos do portfólio e a melhorar o potencial de resultados da carteira;
O que considerar antes de investir?
Investir no agronegócio pode ser uma alternativa interessante, devido às vantagens que o setor apresenta. No entanto, antes de tomar uma decisão de investimento, é preciso ter cuidado para garantir que a alternativa seja a mais adequada para cada pessoa. Para isso, vale identificar o perfil de investidor, que pode ser conservador, moderado ou arrojado.
Também vale a pena pensar nos seus objetivos financeiros. Se a intenção for lucrar com o eventual desenvolvimento do agro, costuma fazer mais sentido buscar oportunidades relacionadas ao longo prazo. Ainda, é preciso pensar em sua estratégia. O investimento no agro pode ser adequado para diversificar a carteira ou até para potencializar o retorno, caso o mercado se desenvolva.
As principais formas de investimento no agronegócio
Uma das formas de investir com foco no agro é por meio de títulos de renda fixa que tenham lastro nesse segmento. Entre as alternativas, estão a letra de crédito do agronegócio (LCA) e o certificado de recebíveis do agronegócio (CRA). Na renda variável, você pode investir em ações de empresas ligadas ao agronegócio, como as companhias exportadoras de produtos agrícolas. Nesse caso, o investidor adquire papéis que representam uma parte do capital social do negócio e passa a participar dos seus resultados e riscos.
Importante lembrar que os investidores também podem recorrer aos ETFs ou fundos de índice. Esses são veículos financeiros que funcionam de modo coletivo, a partir da compra de cotas na bolsa de valores. Entre as possibilidades, existem ETFs ligados ao segmento agro, inclusive com foco internacional. Um exemplo é o FOOD11, baseado no ETF VanEck Agribusiness. Como o desempenho é baseado no índice MVIS Global Agribusiness (MVMOOTR), é possível se expor a mais de 50 empresas do segmento agrícola global.
Com apenas uma cota, portanto, é possível se expor ao desempenho de diversas empresas do agronegócio global, diversificando a carteira de maneira prática. Além disso, o investimento em ETF costuma oferecer boa liquidez, já que é viável negociar as cotas na bolsa de valores com relativa facilidade. “Entender o potencial que os ETFs podem trazer aos investidores brasileiros reforça a importância da diversificação de portfólio e permite investir em segmentos importantes no mundo, como o agronegócio, por exemplo”, finaliza Cauê.
Fonte: VCRP Brasil
Por: Portal do Agronegócio