Que o poder transformacional da IA (Inteligência Artificial) na sociedade é enorme todo mundo já sabe. Talvez um dos melhores exemplos é que sua força e potencial transformador acabaram por mudar a atitude do desbravador, visionário, intrépido e ambicioso Elon Musk, da Tesla, SpaceX, Neuralink e outros empreendimentos disruptivos, em alguém mais cauteloso, ao assinar cartas junto com Bill Gates, Stephen Hawking e outros líderes em tecnologia, em 2015, e depois, em 2021, pedindo mais cautela e regulação prévias antes de abrir ainda mais o espaço para o uso amplo da Inteligência Artificial.
Mas o lançamento do ChatGPT-3, sua evolução 3.5 e a anunciada versão 4.0 colocaram muitos elementos de IA ao alcance de um sem-número de usuários, precipitando discussões e debates sobre todo seu poder transformador no mundo, em suas mais diversas áreas e atividades, da educação aos negócios, passando pelo emprego, economia, finanças, medicina, comportamento e muito mais.
Em especial, quando avançam os conceitos da IA generativa como sendo um modelo capaz de criar conteúdo original, que nunca existiu antes, baseado em algoritmos que são treinados em conjuntos de dados e podem aprender a reconhecer padrões e criar novos caminhos com base nesses padrões.
Pensando na cadeia de valor do varejo e do consumo, é possível imaginar uma nova era que vamos nominar varejo generativo. Ou seja, uma combinação do omnivarejo com a Inteligência Artificial usando algoritmos para analisar dados dos clientes, como histórico de compras, preferências e comportamentos, e fornecendo recomendações personalizadas, além de produtos, serviços e soluções que atendam necessidades em tempo real.
Além disso, o varejo generativo permite que as empresas melhorem a eficiência operacional e o potencial aumento de vendas, ao usarem dados para tomar decisões mais eficazes e com melhor taxa de retorno.
O ChatGPT e suas variantes apenas popularizaram o uso da IA. Mas no mundo dos negócios, do varejo e do consumo, a incorporação dessas ferramentas, que podem parecer distante da nossa realidade atual, já é presente e traz resultados.
A Amazon reportou que mais de 35% de suas vendas são por recomendações personalizadas e uma expressiva redução de horas trabalhadas em suas áreas de logística, nos centros de distribuição e nos processos de separar e embalar pedidos, além da redução em mais de 50% nas taxas de fraudes e no aumento para 90% na precisão da previsão do comportamento da demanda.
Alibaba, Sephora, H&M, Zara, Carrefour e Walmart também reportam significativos avanços no uso de IA na personalização da experiência dos clientes, gerenciamento de estoques, previsão de demanda de produtos e serviços, otimização de preços e melhoria da eficiência operacional.
Na realidade brasileira, Magalu, Renner, iFood e a inovadora Petlove estão entre as que já incorporaram alguns desses conceitos de varejo generativo para melhoria da experiência de seus clientes e dos resultados.
Na multivarejo Petlove, o uso da IA tem sido aplicado de forma precursora no segmento envolvendo personalização da experiência dos clientes; no chatbot, fornecendo suporte em tempo real; na previsão da demanda; na otimização dos preços e nas análises de dados, identificando tendências e comportamentos de compras.
A evolução da vida, da sociedade e dos negócios sempre acontece em eras ou ciclos. E não é diferente no mundo das cadeias de valor do consumo e do varejo.
Estamos definitivamente no estágio inicial do varejo generativo, que, como todo ciclo ou era, todo mundo sabe como começa, mas ninguém sabe, com certeza e antecipadamente, como terminará.
E não existe a opção do pare o mundo que eu quero descer, ou mesmo ter uma pausa.
Vale refletir.
Nota: Nos próximos dias 18 e 19 de abril vai acontecer o DigitAIl analisando, debatendo e promovendo as evoluções que acontecem no e-commerce e no varejo, considerando especialmente as inovações precipitadas pela transformação tecnológica e digital, incluindo conceitos do varejo generativo.
Por: Marcos Gouvêa de Souza
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