A China disse nesta sexta-feira que “nunca” pede às empresas que entreguem dados coletados no exterior, um dia após o CEO do TikTok ser duramente questionado por congressistas americanos sobre questões de segurança nacional. A famosa plataforma de vídeos curtos, de propriedade do grupo chinês ByteDance, é acusada de dar às autoridades chinesas acesso aos dados de usuários em todo o mundo. A plataforma nega.
Seu chefe-executivo, Shou Zi Chew, foi submetido a intensos questionamentos na quinta-feira por congressistas republicanos e democratas dos EUA, que temem que Pequim possa usar o aplicativo para espionagem e coleta de dados.
Pequim rejeitou nesta sexta-feira essas acusações, insistindo que “atribui grande importância à proteção de dados privados”.
O governo “nunca pediu e não pedirá a empresas ou indivíduos que coletem ou liberem dados de países estrangeiros de uma forma que viole a lei local”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em entrevista coletiva.
— O governo dos Estados Unidos ainda não apresentou nenhuma evidência de que o TikTok represente uma ameaça à segurança nacional — acrescentou, criticando seus “ataques inaceitáveis” contra a plataforma. — Também observamos que alguns no Congresso dos Estados Unidos declararam que tentar banir o TikTok representava perseguição política xenófoba.
A Casa Branca, a Comissão Europeia, os governos canadense e britânico e outras organizações proibiram recentemente seus funcionários de usar o TikTok em dispositivos profissionais.
No centro da controvérsia está uma lei chinesa de 2017, que exige que as empresas locais entreguem dados pessoais relevantes para a segurança nacional às autoridades que os solicitarem.
Suspeitas
Na quinta-feira, Chew teve que admitir que os dados pessoais de alguns americanos ainda estavam sujeitos à lei chinesa, mas insistiu que isso mudaria em breve, prometendo que até o final do ano todas essas informações seriam gerenciadas exclusivamente por servidores do grupo texano Oracle, localizado nos Estados Unidos.
A ByteDance reconheceu em novembro que a equipe na China poderia ter acesso aos dados de usuários europeus. Em dezembro, a empresa explicou que vários funcionários usaram dados para espionar jornalistas. Mas o grupo nega veementemente qualquer controle do governo chinês ou acesso a essas informações.
— A ByteDance não pertence ou é controlada pelo governo chinês e é uma empresa privada — insistiu Chew aos congressistas. — Acreditamos que são necessárias regras claras e transparentes que se apliquem amplamente a todas as empresas de tecnologia: propriedade não é a base para lidar com essas preocupações.
Chew, no entanto, não parece ter convencido os americanos.
— Acho que o governo comunista de Pequim sempre terá o controle e a capacidade de influenciar o que fazem — respondeu Frank Pallone, um democrata.
A popularidade do TikTok disparou durante a pandemia de Covid-19, muito além de seu público inicial, os adolescentes. O aplicativo tem mais de um bilhão de usuários ativos em todo o mundo, cerca de 150 milhões deles apenas nos Estados Unidos.
Nos últimos anos, ultrapassou YouTube, Twitter, Instagram e Facebook em “tempo gasto” por adultos americanos em cada plataforma e está muito próximo da Netflix, de acordo com a Insider Intelligence.
Por O Globo