Muito além de referência no turismo com os destinos de verão que conquistam turistas do Brasil e do mundo, com os investimentos em diversos setores, nos últimos anos Florianópolis também marcou sua presença em esfera: a tecnologia e inovação.
No fim de outubro de 2022, quem passava perto da Passarela Nego Quirido via nos arredores do local uma grande movimentação de carros e pessoas, uma grande estrutura de luzes, banners e tudo com muita cor.
Porém, diferentemente do que acontece normalmente nos eventos daquele espaço, as pessoas estavam vestidas a negócio e não tinha música alta embalando toda aquela movimentação, que durou três dias.
Tratava-se do RD Summit, o maior encontro de marketing e vendas da América Latina, realizado no CentroSul, ali do ladinho da Passarela. O evento foi organizado pela Resultados Digitais, maior empresa do país na área e que, como o nome diz, tem tudo a ver com o desenvolvimento de tecnologias.
“Florianópolis, a Ilha da Magia, que soma a cultura da tecnologia e inovação às suas mais de 50 praias para ser a cidade perfeita para receber mais de 11 mil participantes”, dizia um dos textos do site do RD Summit.
Isso nos acende a pergunta: de onde surgiu essa cultura de tecnologia que faz a nossa querida Florianópolis ser uma das principais cidades brasileiras na área? O que nos tornou referência em tecnologia?
Como tudo começou
De acordo com a Acate (Associação Catarinense de Tecnologia), a capital catarinense tem mais de 3,9 mil empresas da área, que somam um faturamento de R$ 10 bilhões por ano (15% do PIB da cidade).
Não à toa, Florianópolis é chamada de “Ilha do Silício”, em referência ao Vale do Silício, principal polo tecnológico do mundo, que fica na Califórnia, nos Estados Unidos.
Tanto lá quanto cá, o cenário é praiano, com mar e bela natureza, mas o que parece apenas uma inspiração é, na verdade, uma boa condição para se criar esse ambiente.
Florianópolis e Califórnia não são propícios para o desenvolvimento de indústrias pesadas e viram no crescimento digital das últimas cinco décadas o cenário para desenvolver seu próprio ramo, a chamada indústria limpa.
Em Florianópolis, investimentos do tipo começaram nos anos 1980, ainda de forma tímida, em uma cidade que tinha menos de 200 mil habitantes. As grandes universidades públicas impulsionaram o nível de desenvolvimento e escolaridade na região, com destaque para UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) e IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina).
Hoje tem mais de 500 mil moradores, e a junção de fatores faz disso um sucesso: é uma Capital com alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), boa escolaridade, políticas, investimentos públicos e produção de conhecimento.
Educação desde cedo
Com esse crescimento, a cultura se desenvolveu e os investimentos na formação de bons profissionais da área se iniciaram desde cedo. Em parceria com as empresas, a Prefeitura Municipal de Florianópolis promove diversos cursos e eventos gratuitos para a gurizada que quer se desenvolver na área.
Em novembro, por exemplo, a rede pública fez o Techday, um dia de muito conhecimento e 22 oficinas para os mais de 500 estudantes de 18 escolas básicas, mais a EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Foram diversas oficinas para colocar a mão na massa e ver na prática como funciona esse mundo digital. Além disso, uma característica dos encontros tecnológicos no Techday é a troca de experiências, integração e contatos, o chamado networking.
Tudo isso com o envolvimento de diversos educadores das unidades envolvidas, que teve como palco a Escola Básica Municipal (EBM) Beatriz de Souza Brito.
Outras iniciativas importantes são de ensino continuado por meio da internet, como o Floripa Digital, programa que oferece mais de 40 cursos focados na qualificação. O Floripa Mais Tec é outra alternativa que conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Florianópolis.
Mercado bom e com grandes nomes
Com tudo isso, a iniciativa privada viu a oportunidade perfeita para investir e crescer. Hoje, são mais de 25 mil pessoas empregadas na área e com uma boa média de renda mensal, R$ 4 mil, um setor valorizado em comparação aos demais.
São trabalhos qualificados, que exigem bom nível de escolaridade e que, por isso, rendem bons frutos a todo o ecossistema envolvido. É só juntar isso à qualidade de vida e temos grandes empresas crescendo.
Em termos de produtos e serviços oferecidos, se forem entrar na área, se acostumem com os termos: desenvolvedores de software, games, fintechs, sem contar, claro, as empresas que produzem os equipamentos, os chamados hardwares.
Na área de sistemas para gestão, tem de tudo para atender: gestão pública e empresarial, da saúde, da educação, tecnologias educacionais, energia, indústrias etc. E esses são apenas alguns dos principais produtos da região.
Fonte: ND+