No dia 16 de março é celebrado o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas para relembrar a sociedade sobre as necessidades da redução dos impactos ambientais no Planeta Terra. Historicamente falando, a Revolução Industrial foi um dos maiores catalisadores do aumento da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Vale lembrar que esses gases, assim como o carbono, são essenciais para permitir a vida humana por ajudarem na manutenção da temperatura do planeta. Mas, existem agravantes que tornam essa situação um verdadeiro problema ambiental.
“As mudanças climáticas referem-se a mudanças de longo prazo nas temperaturas e nos padrões climáticos. Essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal fator da mudança climática, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás”
Organização das Nações Unidas (ONU)
O uso indiscriminado de combustíveis fósseis leva a um aumento dos gases estufa na atmosfera, fator que desregula a temperatura terrestre, resultando no aquecimento global. Especialistas afirmam que as atividades antrópicas, isto é, as atividades humanas são um dos maiores fatores para esse agravamento. Dentre os gases que mais intensificam o aquecimento global estão o dióxido de carbono e o metano. Em outras palavras, o aumento da temperatura do planeta, em decorrência das atividades humanas, causa irregularidades ambientais.
O que contribui para o aquecimento global
Na prática, o uso de gasolina e diesel, por exemplo, contribui para agravar a situação do aumento do efeito estufa. A queima do carvão para gerar energia também contribui. No Brasil, a mudança de uso da Terra tem um papel essencial para mudar o cenário. O desmatamento, da Amazônia e do Cerrado principalmente, é responsável por cerca de 50% das emissões brasileiras. Em segundo lugar, com cerca de 20% das emissões, vem a agropecuária – como a produção de metano pela fermentação entérica presente no processo de digestão do boi, explica Talita Assis, cientista e especialista no site Amazônia em EXAME, da EXAME.
Segundo a Maitê Leite, Gerente de Clima do Pacto Global da ONU no Brasil, a Revolução Industrial, no final do século XVIII, foi um dos eventos responsáveis pela utilização de combustíveis fósseis em larga escala. Leite comenta que este evento histórico mudou os hábitos de produção e consumo. “Passamos a aumentar a concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera, alterando ciclos biogeoquímicos, mudando nos padrões climáticos e causando perda de biodiversidade, resultando num impacto ambiental tal que denomina a era geológica atual como Antropoceno”, observa Leite.
2022 foi o ano mais quente já registrado
Segundo a NASA, mais especificamente o Goddard Institute for Space Studies (GISS), o ano de 2022 foi o quinto ano mais quente já registrado, se equiparando a 2015. O estudo diz que a temperatura global atingiu 0,89ºC acima da média. Este fato entra em concordância com uma previsão, da Organização Meteorológica Mundial, uma agência ligada à Organização das Nações Unidas, que diz que a Terra deve ficar, pelo menos, 1ºC mais quente a cada ano até 2024. Ainda segundo a ONU, a última década (2011-2020) foi a mais quente já registrada.
Pensando em limitar e controlar esse aumento da temperatura, o Acordo de Paris decidiu que os países participantes devem apresentar o que são capazes de fazer para limitar o aquecimento global a 1,5ºC por meio do plano de redução de emissões de carbono. Tudo isso através da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que nada mais é do que uma série de compromissos de descarbonização assumidos por cada país. “Os Acordos são essenciais porque prevê a participação dos países no enfrentamento às mudanças climáticas, mas que cada país assuma de maneira voluntária como pode contribuir para esse enfrentamento”, diz Assis.
Tendência de desastres
As ocorrências de desastres ambientais, como inundações e furacões, aumenta ano a ano. Nesse passo, o número de tragédias chegará a 560 em 2030;
Tudo isso porque o desequilíbrio ambiental acaba afetando todos os ciclos de vida na Terra, causando um grande efeito cascata. O aumento das temperaturas influencia em diversas situações como o derretimento das geleiras, que causa o aumento do nível do mar e gera impactos diretos a biodiversidade, como migrações e até mortes de algumas espécies.
Unidos, esses desequilíbrios podem contribuir para que eventos mais extremos em quantidade e intensidade aconteçam, como é o caso de secas e frios mais intensos. Ou seja, quanto mais a Terra aquecer, maior serão os desequilíbrios encontrados ao redor do planeta. Para Leite os tomadores de decisões tem papel essencial na mudança de trajetória.
“Os tomadores de decisão tem um papel fundamental no agravamento das mudanças climáticas, mas também tem o poder de estabelecer metas ambiciosas baseadas em ciência para a descarbonização, desevolver agricultura e pecuária locais e de baixo carbono, protegendo as florestas, ao mesmo tempo, que os padrões de consumo são repensados”, comenta Leite.
A sustentabilidade tem, cada vez mais, tido relevância entre a sociedade civil, governos e até empresas. “Para lidar com as mudanças climáticas, devemos repensar esses processos como a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica e combustíveis para os nossos carros”, diz Assis. “Devemos questionar o desmatamento, olhando para a questão do gado e fertilizantes, repensando a produção de resíduos”.
Para Leite, é necessário que a sociedade ouça e aprenda com os povos originários, que detêm conhecimentos e práticas sustentáveis do uso de recursos naturais. Outro caminho possível é através do questionamento e revisão dos modos de produção e consumido das sociedades. “É necessário reaprender que somos parte da natureza, que o meio ambiente e os animais são iguais a nós, e não meros recursos, já que sabemos que a existência humana depende intrinsecamente do equilíbrio de todo o ecossistema”, conclui.
Por Fernanda Bastos