O governador Mauro Mendes (DEM) assinou um manifesto pedindo medidas urgentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Planalto para conter possíveis “atos ilegais e imorais” no Brasil. Junto com mais 15 governadores, a carta endereçada aos 3 Poderes, ataca a “agressões e fake news” por parte de algumas lideranças políticas que apoiam o governo Bolsonaro.

A informação é da coluna do jornalista Guilherme Amado, da Época, que revelou nesta segunda-feira (29) o temor dos governadores em uma possível “instabilidade institucional”, por conta de pedidos de alguns políticos para que as Polícias Militares se “rebelem” contra gestores.

A carta foi redigida após a morte do soldado da PM da Bahia, em uma tentativa de negociação por militares do próprio Estado. O soldado havia sofrido um surto e começou a atirar com fuzil para o céu. De acordo com a Coluna, após o ocorrido vários deputados bolsonaristas associaram a morte à “ordens ilegais” do governador da Bahia, Rui Costa (PT), que encabeça a lista dos governadores que assinaram o documento.

“Os governadores manifestam sua indignação em face da crescente onda de agressões e difusão de fake news que visam a criar instabilidade institucional nos Estados e no País”, diz trecho o documento. A carta, intitulada “Queremos verdade e paz”, não citou nomes mas mencionou “agentes políticos” e “autoridades federais”.

A crise entre bolsonaristas e governadores se intensificou desde o início da pandemia. Eles acusam sem provas vários governos estaduais de que teriam ‘sumido’ com o dinheiro enviado pelo governo federal de ajuda aos estados e municípios, aprovados no ano passado pelo Congresso Nacional.

Em Mato Grosso por exemplo, os bolsonaristas alegam sem provas que foram repassados mais de R$ 15 bilhões para o enfrentamento da pandemia. O governo nega e diz que o repasse foi cerca de R$ 4 bilhões.

“Registramos especialmente o nosso protesto quando são autoridades federais, inclusive do Congresso Nacional, que violam os princípios da lealdade federativa”, diz outro trecho da carta. A deputada Bia Kicis (PSL), presidente da CCJ, a comissão mais importante da Câmara, insuflou bolsonaristas nas redes sobre a morte do PM, afirmando que “chega de cumprir ordem ilegal”. Depois, apagou a publicação.

Em Cuiabá, o deputado Elizeu Nascimento (DC) postou em suas redes sociais uma nota afirmando que “o soldado Wesley, pressionado pelo cumprimento de ordens ilegais, tomou uma atitude de insurgência contra o Estado da Bahia e for morto por seus irmãos de arma. Estamos no modo turbo dos Desgovernadores. O socialismo mata”, disse o deputado bolsonarista.

Além de Mauro Mendes e Rui Costa, também assinaram a carta Flávio Dino (MA), Helder Barbalho (PA), Paulo Câmara (ES), João Doria (SP), Ronaldo Caiado (GO), Mauro Mendes (MT), Eduardo Leite (RS), Camilo Santana (CE), João Azevêdo (PB), Renato Casagrande (ES), Wellington Dias (PI), Fátima Bezerra (RN), Belivaldo Chagas (SE), Reinaldo Azambuja (MS), Waldez Góes (AP).

Veja a carta na íntegra:

CARTA DOS GOVERNADORES: QUEREMOS VERDADE E PAZ!

Os governadores manifestam sua indignação em face da crescente onda de agressões e difusão de Fake News que visam a criar instabilidade institucional nos Estados e no País. Vivemos um período de emergência na saúde, e a vida de todos os brasileiros está em grave risco.

Os governadores, juntamente com os servidores públicos e profissionais do setor privado, estão lutando muito para garantir atendimento de saúde e apoio social à população. Enquanto isso, alguns agentes políticos espalham mentiras sobre dinheiro jamais repassado aos estados, fomentam tentativas de cassação de mandatos, tentam manipular policiais contra a ordem democrática, entre outros atos absurdos.

Registramos especialmente o nosso protesto quando são autoridades federais, inclusive do Congresso Nacional, que violam os princípios da lealdade federativa. Conclamamos o Presidente da República, os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, bem como o Presidente do Supremo Tribunal Federal, para que adotem todas as providências de modo a coibir tais atos ilegais e imorais.

Os Estados e todos os agentes públicos precisam de paz para prosseguir com o seu trabalho, salvando vidas e empregos. Estimular motins policiais, divulgar Fake News, agredir Governadores e adversários políticos, são procedimentos repugnantes, que não podem prosperar em um país livre e democrático.

Finalmente, sublinhamos a nossa gratidão a todos os servidores públicos e profissionais que têm atuado incessantemente para vencermos a pandemia. Merecem especial destaque as forças policiais, que têm a nossa solidariedade e apoio em relação a reivindicações justas quanto à vacinação, pleito em análise no âmbito do Ministério da Saúde pela Comissão Intergestores Tripartite – CIT.

Brasília, 29 de março de 2021.

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