O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promoveu nesta segunda-feira (29) a maior série de trocas de primeiro escalão num único dia desde o início do governo: seis ministros deixaram seus cargos. As mudanças atingiram o Ministério da Defesa, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Justiça, Casa Civil, Advocacia Geral da União (AGU) e Secretaria de Governo.

Ao menos dois desses movimentos têm finalidade clara: aceno ao Centrão e aumento da influência junto aos quartéis militares.

O Centrão foi agraciado com a Secretaria de Governo: passará a ocupar o cargo a deputada federal Flávia Arruda, em substituição ao general Luiz Eduardo Ramos. Flávia é um nome do PL, de Valdemar da Costa Neto, e tem o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Ela disse que atuará para diminuir as tensões entre governo e Câmara: “Meu perfil é do diálogo, tenho interlocução com todos. Vamos diminuir as tensões”, disse.

Já outro movimento, a saída do general Fernando Azevedo e Silva do comando do Ministério da Defesa, foi recebida com preocupação por integrantes da ativa e da reserva das Forças Armadas e como algo além de uma troca para acomodação de espaços no primeiro escalão do governo.

Ao Blog do Camarotti, um general da reserva enxergou o movimento que levou à demissão de Azevedo e Silva como um sinal do presidente Jair Bolsonaro de que deseja ter maior influência política nos quartéis.

O anúncio ocorreu no início da noite desta segunda por meio da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. A oficialização será no Diário Oficial da União desta terça-feira (30).

Relações Exteriores

Sai Ernesto Araújo, entra embaixador Carlos Alberto Franco França

Contexto: A situação política de Ernesto vinha se deteriorando nos últimos dias. Nesta segunda, ele apresentou pedido de demissão a Bolsonaro. No Congresso, a avaliação é a de que a atuação do ministro isolou o Brasil no cenário internacional e prejudicou a obtenção de doses de vacina contra a Covid-19. Ernesto adotou em sua gestão os mesmos princípios da política externa do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Essa postura gerou atritos com importantes parceiros comerciais, como a China, principal destino das exportações brasileiras, além de maior produtor de insumos para vacinas no mundo. O agora ex-ministro fazia parte da ala ideológica do governo.

Ministério da Defesa

Sai Fernando Azevedo e Silva, entra o general Walter Souza Braga Netto

Contexto: Para fazer uma reforma ministerial, Bolsonaro pediu o cargo a Azevedo, ministro da Defesa desde o início do governo, em janeiro de 2018. Ao Blog do Camarotti, um general da reserva enxergou o movimento que levou à demissão de Azevedo e Silva como um sinal do presidente Jair Bolsonaro de que deseja ter maior influência política nos quartéis.

Advocacia-Geral da União

Sai José Levi de Mello do Amaral Júnior, entra André Mendonça

Contexto: Levi entregou a Bolsonaro uma carta de demissão. Nos bastidores, um dos motivos para saída de Levi foi o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra medidas restritivas adotadas na Bahia, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul. José Levi não assinou o documento. Ao analisar o caso, o ministro Marco Aurélio Mello, decano do STF, negou o pedido de Bolsonaro entendendo que não cabe ao presidente da República acionar diretamente o Supremo, o que foi considerado pelo ministro “erro grosseiro”.

Ministério da Justiça

Sai André Mendonça, entra Anderson Gustavo Torres

Contexto: Mendonça foi para a AGU no lugar de José Levi de Mello do Amaral Júnior; para o seu lugar, entra o delegado da PF Anderson Torres, secretário de Segurança do Distrito Federal.

Casa Civil da Presidência da República

Sai Walter Braga Netto, entra general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo;

Secretaria de Governo da Presidência da República

Sai o general Luiz Eduardo Ramos, entra a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF)

Fonte: G1

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