A vacinação contra a covid-19 com o imunizante bivalente da Pfizer começa nesta segunda-feira (27) em todo o país. O diferencial da nova vacina é a proteção também contra as subvariantes da cepa Ômicron, considerada uma variante mais contagiosa do coronavírus.
Nesta primeira fase da campanha, a dose de reforço está disponível para idosos acima de 70 anos, pessoas acima de 12 anos com imunossupressão, indígenas, residentes em instituições de longa permanência e funcionários dessas instituições.
Como funciona a vacina bivalente?
A vacina bivalente é capaz de imunizar contra mais de uma versão de um vírus de uma só vez. Para isso, é usada a tecnologia do mRNA com dois códigos genéticos. No caso da Pfizer, que será usada no país, o imunizante usa o código da cepa original do coronavírus e o da variante Ômicron, que é a predominante nas infecções recentes no mundo todo.
Diferentemente das imunizações tradicionais, que usavam uma versão morta do vírus para que o corpo pudesse produzir anticorpos, as vacinas de mRNA são uma inovação na forma de fabricar imunizantes.
“A vacina monovalente, como o próprio nome diz, tem um tipo só do vírus que causa a covid. Ela foi originalmente desenhada com aquele chamado vírus ancestral, o primeiro que apareceu na China no fim de 2019. Então, todas as vacinas que a gente tinha e usou até agora eram monovalentes, independentemente do laboratório fabricante”, explicou o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha.
O mRNA tem a função de carregar as informações necessárias para a síntese proteica. Esses dados são captados pelos ribossomos (organelas que, entre outras funções, sintetiza, proteínas dentro das células). A partir disso, o corpo é capaz de produzir uma proteína específica, a proteína S, usada pelo vírus para invadir as células saudáveis.
Assim, os anticorpos e linfócitos T, que fazem parte do sistema imunológico, podem aprender essa informação para combater a proteína de um vírus real. Na prática, o novo processo passa a permitir que uma pessoa seja imunizada sem que o corpo tenha contato com o vírus, usando apenas um código genético do patógeno.
Quais as vacinas bivalentes disponíveis?
No Brasil, duas vacinas bivalentes, ambas produzidas pelo laboratório Pfizer, receberam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. São elas:
- Bivalente BA.1: protege contra a variante original + a variante Ômicron BA1;
- Bivalente BA.4/BA.5: protege contra a variante original + a variante Ômicron BA.4/BA.5.
Ambas são indicadas como dose única de reforço para crianças e adultos, ou como última dose de reforço. É importante respeitar o intervalo de 4 meses da dose mais recente para receber a dose bivalente.
Se o indivíduo não recebeu dose alguma ou só uma dose da vacina monovalente, a recomendação é completar o esquema de duas doses de monovalente para, posteriormente, receber a dose de bivalente, segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerentologia. Aqueles que receberam duas ou três doses da monovalente estão aptos a receber a injeção de bivalente, desde que respeitado o intervalo mínimo de 4 meses entre as aplicações.
O que acontece com as vacinas monovalentes agora?
O Ministério da Saúde reforça que as vacinas monovalentes contra a covid-19 seguem disponíveis em unidades básicas de Saúde (UBS) para a população em geral e são classificadas como “altamente eficazes contra a doença”, garantindo grau elevado de imunidade e evitando casos leves, graves e óbitos pela doença.
“A aplicação da bivalente não significa que as vacinas monovalentes não continuam protegendo. Elas continuam protegendo, mesmo para a variante Ômicron, mas, claro, tendo a possibilidade de uma vacina desenhada mais especificamente para a variante circulante, a tendência é termos melhor resposta”, explica Cunha.
Fonte: Época