A pandemia colocou em xeque o modelo da educação e provou a necessidade do uso da tecnologia nas escolas.
A urgente utilização de ferramentas tecnológicas, com pouco ou nenhum preparo de professores e gestores, como única possibilidade de dar continuidade à aprendizagem dos alunos, jogaram luz na defasagem de formatos de ensino e acelerou mudanças.
Para Lúcia Delagnello, mestre e doutora em educação pela Universidade de Harvard, o grande legado para a educação agora é a reflexão sobre o impacto que a pandemia teve em acelerar a incorporação das tecnologias.
“A realidade é que as crianças não aprenderam na pandemia [enquanto as escolas estavam fechadas] porque não tiveram o acesso adequado à tecnologia e os professores não sabiam usá-la. O que vimos foi o uso inadequado e não preparado para promover a aprendizagem”, afirma Lúcia Delagnello, que atualmente é diretora-presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB).
Um diagnóstico realizado pelo CIEB sobre o uso de tecnologia pelas escolas públicas brasileiras, lançado no final de 2022, mostrou que 43% dos gestores escolares consideram que a maioria dos docentes que atuam nas suas escolas apresenta habilidades e competências para o uso de tecnologia na sua prática pedagógica ainda em níveis iniciais.
Para a produção da publicação, foram tabuladas respostas de 117.638 professores de 104 mil escolas públicas brasileiras.
Lúcia reforça que países que já tinham a experiência em utilizar tecnologia na escola tiveram perdas muito pequenas na aprendizagem de seus estudantes durante a pandemia, como o caso da Estônia.
O que são as metodologias ativas?
Nesta modalidade de ensino, os estudantes são estimulados a serem protagonistas de sua aprendizagem.
Dessa forma, os professores atuam como tutores ou mentores, estimulando os alunos a buscarem respostas, soluções de problemas, e construírem conhecimento de forma conjunta com colegas e docentes. As respostas não são dadas facilmente.
As metodologias ativas se dão por meio de um ensino que prevê a apresentação de problemas e estudos de casos reais em que os estudantes devem propor soluções, passando por discussões em grupo e troca de conhecimentos.
Outra maneira de utilizar as metodologias ativas é por meio de uma proposta chamada sala de aula invertida, feito por meio do ensino híbrido, em que os estudantes precisam acessar previamente, de forma remota, o material da aula, seja por meio de texto ou vídeo, para seguir para a atividade presencial sobre o mesmo tema.
O objetivo é de que ele já tenha um pouco de informação sobre o que será conversado no encontro presencial para enriquecer o debate e ressignificar esses momentos.
Há, ainda, a gamificação que passa pelo uso de jogos, desafios e dinâmicas para engajar os alunos na sala de aula e a cultura maker em que os estudantes precisam tirar ideias do papel, que podem até ser respostas a problemas, desenvolvendo softwares ou protótipos físicos com itens eletrônicos ou papelaria por meio de atividades mão na massa.
Por: Metrópoles