A relação entre a arte, a cultura e a economia é um dos temas do artigo “Como a economia criativa vem transformando o mundo dos negócios e como pode transformar sua empresa também”. O texto produzido pelo analista do Sebrae Nacional, Israel Jorge, convida quem empreende a repensar o conceito de economia criativa, a partir da sua essência artística e cultural, e a conhecer o potencial da arte e do pensar do artista, conhecido como “Art Thinking”, aplicado aos negócios.
As reflexões do analista do Sebrae Nacional fazem parte do livro “A Virada – Como Reinventar Seu Negócio Em Tempos de Incerteza”. A obra foi recém-lançada no Brasil e em Portugal, por meio da editora Lisbon Internacional Press, sob coordenação do assessor da presidência do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae, André Spínola. O prefácio da publicação é assinado por Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração da Magazine Luiza.
Para entender melhor o assunto, a Agência Sebrae de Notícias (ASN) conversou com o analista que também é mestre e doutor em economia criativa pela Universidade de Coimbra (Portugal). Confira abaixo a entrevista:
ASN – Como a economia criativa se relaciona com a inovação ?
Analista – Não se pode chamar a inovação em qualquer área de economia criativa, mas é evidente que há uma influência ou transbordamento dessa nova economia. O design, por exemplo, uma indústria criativa, já vem há algum tempo transbordando por meio do “Design Thinking”, essa abordagem tão utilizada ultimamente. E da mesma maneira que a forma de pensar do “designer” tem sido aplicada em outros contextos, a forma de pensar do artista também pode (e deve) ser. É o “Art Thinking”, um pouco mais recente e não tão conhecido.
ASN – Quais as características de negócios que atuam na economia criativa que podem ser aplicadas ou mais exploradas dentro do universo do empreendedorismo?
Analista – Reconhecendo o DNA artístico e cultural da economia criativa, é grande o potencial em trazer dela essa forma de pensar do artista (Art Thinking). E o artista inova de forma mais intrínseca e subjetiva, sem se prender apenas à “cocriação centrada no cliente”. Esse é um ingrediente complementar que pode fazer toda a diferença em tempos de incerteza, como colocado no subtítulo do livro.
ASN – Como a tecnologia pode ser aliada do processo criativo dentro do negócio?
Analista – A tecnologia deve sempre ser encarada como meio e não como substituição do que é ser humano, ou mais especificamente do que é ser um humano criativo. Os negócios precisam utilizá-la para potencializar (e não substituir) a criatividade, evitando a acomodação diante de ferramentas que enfatizam demais os aspectos quantitativos e coletivos e não abrem nenhum espaço para o mindset de artista.
ASN – Você poderia dar um exemplo ou orientação sobre como um empreendedor pode aplicar o “Art Thinking” dentro do seu negócio?
Analista – Para não falar dos exemplos de grandes empresas, como a Apple e todo o seu histórico de diferenciação por dimensões imateriais do consumo (com um forte viés artístico na valorização de aspectos estéticos e na oferta de soluções não “solicitadas” e nem sequer imaginadas pelo cliente), posso destacar o caso da Inesplorato. É um pequeno negócio do ramo das pesquisas de mercado que se inspirou na curadoria de arte, criando uma metodologia de curadoria de conhecimento e se destacando bastante. A questão, enfim, independentemente do ramo, é usar o mindset de artista para inovar por caminhos que provavelmente não seriam vislumbrados de outra forma. Há métodos para orientar esse processo que são oferecidos por empresas como a The Artian e a em3Ddorismo.