O biênio 2020/2021 foi marcado por um aumento na demanda e no uso de ferramentas digitais, não só nas cidades, mas também no campo, muito impulsionado pelo modelo remoto. Entretanto, a mesma pandemia que gerou esta situação também criou bastante dificuldade na implementação da conectividade.
Mas o ano de 2022 marcou uma aceleração na implementação de projetos que atendam esta demanda reprimida, o que contabilizou um número expressivo de novas áreas conectadas com a tecnologia 4G, na frequência de 700Mhz, defendido pela ConectarAGRO.
Recentemente, em novembro, chegamos a 12 milhões de hectares conectados, quase dobrando a área em 12 meses e chegando muito próximo aos 13 milhões de ha – ambição original da Associação para 2022. Este resultado só foi possível pelo trabalho conjunto de todos os agentes envolvidos, em especial as empresas associadas, produtores rurais, associações, cooperativas agrícolas e poder público.
O lançamento da ConectarAGRO ocorreu na Agrishow de 2019 e, três anos depois, realizamos a primeira troca de diretoria, trazendo à presidência a Ana Helena. Uma passagem de bastão com ar de continuidade, maturidade e reforço das conquistas anteriores. Seguimos firmes no objetivo de viabilizar a conectividade nas regiões remotas e rurais do Brasil, melhorando o campo e a vida das pessoas.
Ainda falando sobre empresas associadas, em 2022 passamos de oito para mais de 40 membros, um crescimento espetacular para qualquer associação. Nascemos com o objetivo de sermos inclusivos no sentido de permitir a entrada de empresas de diferentes segmentos e portes, desde que tenham interesse na ampliação da conectividade – muitas vezes também um meio de oferecer seus serviços e produtos para gerar produtividade e qualidade de vida à todos no campo. Esse posicionamento nos permite atrair empresas tão distintas em seus segmentos e modelos de negócio que enriquece os debates internos e apresenta mais opções de soluções aos desafios presentes e futuros.
Vejo com alegria que a ConectarAGRO amadureceu muito desde sua criação e ainda mais em 2022. Atualizamos nosso estatuto interno para refletir uma Associação que cresce e busca robustez na estrutura, sem perder a simplicidade na tomada de decisão. Agilidade com segurança.
Igualmente o mercado amadureceu e o leilão do 5G, por exemplo, trouxe algumas contrapartidas que exigem a instalação da tecnologia 4G em estradas que permeiam caminhos rurais, o que vai ajudar a somar hectares conectados e aproximar a tecnologia em áreas mais remotas.
Ao mesmo tempo, o agro tem se transformado e colaborado para chegarmos aos 12 milhões de hectares conectados. Vou citar três pontos.
- Durante a pandemia, fomos do mundo 100% presencial para o remoto e aprendemos a usar as ferramentas digitais para nos comunicar. Essa realidade não é exclusiva dos centros urbanos, mas também do campo, especialmente das gerações mais jovens e adeptas às novas tecnologias.
- Os preços das commodities foram muito favoráveis ao produtor brasileiro, fazendo com que a rentabilidade permitisse investimentos em tecnologias.
- Algumas situações da cadeia de suprimento tiveram suas logísticas afetadas pela pandemia e pelo atual conflito na Ucrânia, em especial o fornecimento de fertilizantes usados no Brasil. A situação de restrição motivou os produtores a buscarem alternativas para serem ainda mais eficientes no uso de insumos.
A conectividade entra como resposta a essas três situações. A somatória delas se tornou um forte motivador para o avanço da digitalização que por sua vez exige a conectividade
E como será 2023?
Um belo futuro nos aguarda. A ConectarAGRO, entre outras ações, manterá seus projetos e avançará no diálogo com governos estaduais para incentivar um modelo de negócios que faça a conectividade chegar ao pequeno produtor. Nesse sentido, as parcerias com cooperativas agrícolas e outras entidades agregadoras também são uma excelente opção.
A tendência do aumento da área conectada deve se manter e a calculadora de retorno anunciada por nós na Agrishow deve apoiar os produtores rurais a visualizarem os benefícios de se utilizar bens e serviços conectados para ganhar eficiência, ao reduzir custos e desperdícios, facilitar manejos e proteger seu patrimônio. O pulo do gato está no uso das ferramentas digitais para melhorar a produção.
E indo além, independentemente de condições de mercado do curto prazo, o agro alcançou condições de seguir suas tendências. É um setor muito autônomo e que tem protagonizado sucessos seguidos nos últimos anos, com aumento de produção e produtividade, inovação e liderança no competitivo mercado internacional.
Nosso maior desafio para os próximos anos passa a ser o de encontrar novas alternativas para implantar essa conectividade em todas as regiões desse país, de extensão e características continentais, e em propriedades de todos os portes.
Por Gregory Riordan