A São Martinho, maior usina sucroalcooleira do mundo com sede em Pradópolis (SP), se tornou palco do laboratório de inovações da tecnologia 5G para o agro em parceria com a operadora TIM. Edi Claudio Fiori, head de Tecnologia da Informação da usina, afirma que a São Martinho tem iniciativas e estudos em 5G desde 2020, mas a implantação e operacionalização das células 5G ocorreram em agosto deste ano.
Segundo ele, trazer conectividade às operações é uma preocupação da usina desde 2014, quando iniciou o desenvolvimento de uma rede privada, já que nenhuma operadora demonstrava interesse no tema.
Na parceria, cabe à TIM, além de implantar e sustentar as células 5G, dar o apoio técnico necessário para os testes das soluções e realizar as adequações necessárias em todo o escopo das células 5G, bem como no núcleo da rede 5G.
“A iniciativa nasce vislumbrando o potencial agrícola, mas sem negligenciar as oportunidades industriais de uso da tecnologia 5G. Ainda não houve mudanças, mas os primeiros protótipos estão em teste usando essa conectividade com potencial promissor, tanto na parte agrícola, quanto na indústria”, disse o diretor.
As outras três unidades da São Martinho também estão conectadas. Nas usinas Santa Cruz, de Américo Brasiliense (SP), e Boa Vista, de Quirinópolis (GO), a conexão é via rede 4G privada. A Usina Iracema, de Iracemápolis-SP, está conectada via rede 4G pública, operada pela TIM. Em todas as unidades, os equipamentos da Case IH “conversam” com o Centro de Operações Agrícolas (COA), fornecendo dados em tempo real através de seus computadores de bordo.
O plano é continuar usando a rede 4G proprietária em operação para aplicações que demandam menor capacidade de banda, liberando a rede 5G para as operações que demandam menor latência e mais rapidez nos downloads, mas todas devem receber o sinal 5G depois que os primeiros produtos estiverem operacionais na unidade de Pradópolis.
12 milhões de hectares
A parceria com a São Martinho foi uma das destacadas pela diretoria da operadora TIM em sua coletiva de balanço em dezembro, em São Paulo. Fabio Avellar, CRO (chief revenue officer) da empresa, festejou o fato de a companhia, líder de telefonia móvel no Brasil, terminar o ano com mais de 12 milhões de hectares conectados no campo, 5 milhões a mais do que em 2021.
“Como boa parte desta cobertura é NB-IOT (narrow band-internet das coisas), tecnologia que amplia a cobertura porque a troca de dados entre máquinas é menor, esses 12 milhões podem ser considerados 24 milhões. Estamos satisfeitos e orgulhosos dessa liderança no Brasil também no campo que tem levado outras empresas agrícolas a nos procurar para se conectar.”
Outro grande negócio fechado neste ano foi a parceria com a BP Bunge Bioenergia para conectar as 11 unidades da empresa, totalizando 3 mil hectares espalhados pelos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins. O projeto contempla quase 100 novas torres 4G e a maioria vai utilizar energia sustentável através de painéis solares.
Sem citar valores, o executivo, que foi vice-presidente de experiência de cliente da concorrente Vivo por 19 anos, disse que o agro é a principal vertical sendo trabalhada pela TIM, operadora associada da iniciativa ConectarAgro, e também a que gera mais renda.
Ele afirma que, além dos grandes produtores e empresas do agro, há também soluções customizadas para pequenos e médios produtores que querem melhorar a produtividade e rentabilidade de seu negócio com a conectividade, que permite uso de telemetria em tempo real, automação dos equipamentos e melhorias na segurança da propriedade.
Até 2024, o plano da TIM é chegar a 16 milhões de hectares conectados no campo, quase 20% dos 84 milhões de hectares de área agrícola. O CRO destacou que o setor espera um posicionamento do novo governo sobre o uso dos recursos do Fundo de Universalização da Telefonia (Fust) para democratizar o acesso à internet na zona rural. Ele estima que em poucos anos todo o campo estará coberto com 4G ou 5G, já que existem tecnologias e demanda do setor.
Fonte: Grupo Idea