O Setor de Entomologia do Instituto de Biociências (IB) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) recebeu, na última sexta-feira (16), uma coleção com quase 600 caixas de borboletas e outros insetos, reunidos pelo pesquisador Eurides Furtado ao longo da vida. A coleção estava na residência da família, em um sítio às margens da BR 163, a cerca de 80 km de Diamantino. Eurides faleceu no final de outubro.
O transporte da coleção para Cuiabá precisou de uma boa dose de planejamento e logística, envolvendo diversas pessoas, e só sendo possível pelo esforço conjunto entre a UFMT e a família de Eurides.
De acordo com o professor Fernando Vaz de Mello, curador do setor de entomologia da coleção zoológica da UFMT, antes do transporte definitivo, três viagens foram feitas à diamantino para preparar o material, trazer caixas soltas, documentos da coleção, etiquetar gavetas e armários e escorar borboletas maiores com alfinetes, uma a uma, para evitar que fossem danificadas pela trepidação da viagem.
“A maior preocupação era com a fragilidade das borboletas, mas graças aos ensaios prévios nas demais viagens a Diamantino e ao apoio e troca de ideias e experiências com o Júnior, filho do Eurides, que assistiu o pai lidando com a coleção em toda a sua vida, não houve nenhum dano a esse acervo tão importante” explicou e completou: “Esta foi a parte mais sensível do processo, já que o sítio fica a cerca de 1,2km da rodovia, descendo por uma estrada de chão pela qual o caminhão da UFMT não conseguiria passar”.
Três carros pequenos fizeram o trajeto das gavetas da sede do sítio até a margem da rodovia, onde a família tem um entreposto que abrigou as caixas e armários (levados pelo pequeno caminhão de propriedade da família) até o dia seguinte, quando chegou o caminhão da UFMT.
Em Cuiabá, outros 11 alunos de graduação e de pós-graduação ajudaram na descarga do material, além de outras pessoas. No total, foram transportadas nesse dia 554 caixas de borboletas (fora as cerca de 100 dos traslados anteriores) e seus 14 armários.
“A coleção foi continuamente incrementada e trabalhada durante mais de 50 anos, conta com aproximadamente 25 mil borboletas e mariposas de mais de cinco mil espécies de todo o mundo, perfeitamente preparadas e identificadas. É uma das mais importantes do Brasil em termos científicos, principalmente quanto à representação de espécies do sul da Amazônia e do Cerrado”, continuou.
Além dos animais, a UFMT também recebeu fichários, bases de dados e uma gigantesca coleção de fotografias elucidativas de hábitos e plantas-alimento das lagartas das espécies matogrossenses. “A medida da importância da coleção pode ser constatada pela amplitude da produção científica, inclusive internacional do Eurides, e pela disponibilização de dados e espécimes para acadêmicos especializados de todo o mundo por ele efetuada ao longo de décadas”, concluiu.
Por André Faust
