terça-feira,26 novembro, 2024

Estudo aponta desafios para o futuro das cidades inteligentes

A Visa patrocinou um estudo da ThoughtLab para munir líderes municipais de um plano para o sucesso das cidades no futuro. Os resultados do estudo recém-lançado Building a Future-Ready City (Construindo uma cidade preparada para o futuro, em tradução livre), mostram o que significa estar preparado para o futuro e o que as cidades precisam fazer para chegar lá. 

A ThoughtLab, com apoio da Visa, realizou um estudo comparativo mundial com 200 cidades e entrevistou 2 mil cidadãos em 20 cidades de diferentes partes do mundo para avaliar o alinhamento entre as estratégias das cidades e as expectativas dos cidadãos. Buscando insights qualitativos, a ThoughtLab entrevistou líderes de cidades para conhecer seus planos e fez reuniões com uma seleção global de especialistas em urbanismo. 

Para avaliar a preparação das cidades para o futuro, o estudo investigou o progresso de cada cidade em domínios urbanos críticos, entre os quais, infraestrutura digital, transporte, vida e saúde, assim como o nível de transformação que cada cidade entendia ser necessário para atender às futuras demandas urbanas. Além dos dados informados pelas próprias cidades, os economistas da ThoughtLab utilizaram dados de fontes secundárias confiáveis para desenvolverem um índice de preparação para o futuro. 

Algumas das áreas essenciais apontadas pelo estudo são impulsionar a transformação digital e a inovação; construir resiliência e agilidade; usar tecnologia e dados para melhorar as tomadas de decisão; adaptar-se às necessidades de saúde e segurança dos cidadãos; construir confiança e transparência; empoderar comunidades e cidadãos; e construir conexões globais nas esferas econômica, política e comercial. Das 200 cidades que participaram do estudo, Belo Horizonte (MG) e Aracajú (SE) figuram entre as mais bem colocadas da América Latina. 

Quais os desafios 

Entre os desafios apontados pelo estudo, a mudança climática é considerada o maior desafio das cidades. Além disso, é consenso entre a liderança das cidades e os cidadãos que moradias de custo acessível, a pessoa em situação de rua e saúde pública devem estar no topo das agendas urbanas. 

Porém, na prática, preparar-se para o futuro não é tarefa fácil para muitas cidades. A obtenção de recursos esbarra em desafios como ROI pouco claro, falta de capacitação e restrições orçamentárias; dificuldades para encontrar os fornecedores de tecnologia certos; velocidade das mudanças tecnológicas; e aspectos políticos decorrentes de governanças complexas e mudanças na administração.  

O estudo identificou os principais mecanismos usados pelas cidades para implementar suas estratégias urbanas e alcançar melhores resultados: 

  • Colaboração e parcerias, especialmente com instituições financeiras, universidades, empresas, startups e empresas de tecnologia, mas também com outras cidades e redes de cidades. 
  • Tecnologias emergentes, particularmente automação, inteligência artificial, veículos elétricos, Internet das Coisas, análise de dados, tecnologia móvel e nuvem. Dois terços das cidades prontas para o futuro citaram a importância dos gêmeos digitais para a concretização de seus planos. 
  • Análise de dados, com uso de mais fontes de dados e mais esforços para integrar, analisar, proteger e extrair valor dos dados. Isso inclui dados de segurança cibernética para melhorar a preparação para ataques cibernéticos. 
  • Diversificação dos financiamentos, em especial, financiamentos privados, empréstimos do setor público e privatização de ativos. 
  • Engajamento e confiança dos cidadãos, via meios de comunicação tradicionais e digitais, envolvimento dos cidadãos nas tomadas de decisão e criação de novos cargos, como o de vice-presidente de Cidadania. 

Planos de investimento futuro 

Apesar dos obstáculos, o estudo mostra que as cidades estão aumentando seus investimentos em tecnologia em todos os principais domínios urbanos. Em média, as cidades pretendem gastar um total de US$ 350 milhões nos próximos cinco anos, o que representa algo como US$ 470 por cidadão. Cidades preparadas para o futuro planejam gastar mais do que as outras nos seguintes domínios: 

  • Infraestrutura digital: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 275 por cidadão contra os US$ 127 planejados pelas outras 
  • Energia, água e outros serviços públicos: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 180 por cidadão, contra os US$ 121 planejados pelas outras 
  • Mobilidade e transporte: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 177 por cidadão, contra os US$ 119 planejados pelas outras 
  • Vida e saúde: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 117 por cidadão, contra os US$ 62 planejados pelas outras 
  • Meio ambiente e sustentabilidade: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 115 por cidadão, contra os US$ 77 planejados pelas outras 
  • Segurança pública: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 88 por cidadão, contra os US$ 45 planejados pelas outras 

Mudança climática é uma das áreas de menor investimento dentre esses domínios, embora seja o desafio mais citado por cidades e cidadãos. Parte disso reflete uma abordagem holística à sustentabilidade, incorporada aos planos de vários outros domínios. Ainda assim, o meio ambiente representa uma grande oportunidade para as cidades investirem em inovação localmente a fim de criarem empregos e construírem comunidades mais sustentáveis e preparadas para o futuro.

de João Monteiro

Redação
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