A ConstruCode, startup de tecnologia voltada para o setor de construção civil, espera encerrar 2022 com um faturamento de aproximadamente R$ 4 milhões. A história da companhia, que traz digitalização para diversos canteiros de obras no Brasil, é a definição de saber procurar (e achar) um oceano azul.
Diego Mendes, CEO da ConstruCode, nasceu em Jaguaquara, no interior da Bahia, mas sabia que não ficaria lá por muito tempo. Para sair de sua cidade natal, Mendes foi estudar Sistemas de Informação em Minas Gerais. Pouco tempo após colocar as mãos no diploma, ele começou a voltar seu olhar para o mundo do empreendedorismo, procurando formas de unir seu conhecimento e, ao mesmo tempo, ganhar dinheiro.
Mendes teve diversas ideias de startups interessantes, que foram desde um sistema que ajudava adolescente a juntar dinheiro até um software para clínicas de saúde, mas nada deu certo. Assim, em 2012, com o boom da construção civil vivido no país, ele sentiu que precisava entrar no setor.
“Eu tinha duas opções: começar a empreender em uma área que eu não entendia nada, ou estudar sobre o setor para me desenvolver nele”, conta Mendes. “Entrei na faculdade de engenharia civil, consegui um estágio na área e fiz da minha tese final a minha empresa.”
Durante os estudos, ele percebeu que o mercado de construção estava altamente atrasado em relação a digitalização do restante dos setores e ainda tinha práticas muito antiquadas em seu modo de operar.
Diego Mendes, CEO da ConstruCode
Ele explica que o processo é completamente contra-intuitivo, já que os projetos e toda a parte que antecede a obra são realizados de forma digital, mas na hora de tirar a ideia do chão eles voltam para o papel.
De acordo com um estudo realizado pela empresa, uma única obra pode chegar a gerar mais de 120 mil impressões. Como exemplo, o CEO conta que a construção de um prédio de 12 pavimentos gera, em média, 12 mil impressões, gastando mais de R$ 90 mil só com gráficas.
“Nossa função é digitalizar os canteiros de obra e mostrar que, em um país que tem dois celulares por pessoa, o aparelho pode ser uma ótima ferramenta de trabalho para o setor”, diz Mendes.
Para fazer isso, a ConstruCode desenvolveu uma plataforma que cria Códigos QR personalizados para cada usuário ou obra, que contém todas as informações necessárias para os trabalhadores que estão com a mão na massa.
“Além de reduzir, em média, 80% do custo de usar papel, a plataforma automatiza os processos manuais que exigem atenção e rastreiam os documentos, reduzindo o risco de retrabalho”, explica. “O que nós defendemos não é só a nossa marca. Nós queremos levantar a bandeira de realmente digitalizar a construção.”
Investimentos
Começar uma empresa com salário de estagiário não é das coisas mais simples do mundo. Porém, com uma apresentação na mão e muita vontade de empreender, Mendes conseguiu seu primeiro investimento-anjo, que totalizava R$ 200 mil na época. Foi o suficiente para colocar o projeto em prática.
Com o negócio rodando, a ConstruCode fez uma segunda rodada de investimentos, na qual levantou R$ 8 milhões e atingiu o valor de mercado de R$ 45 milhões. Pouco tempo depois a companhia orquestrou mais um investimento de R$ 2,6 milhões, mas esse não parece ser o fim.
Os valores foram utilizados para apostar em construtoras e incorporadoras que já usavam algum formato de tecnologia em seus projetos, mas podiam ter maior eficiência com o uso da nova plataforma.
“Normalmente essas empresas usavam serviços como o Google Drive para salvar as informações importantes, gerando o trabalho de procurar por documentos importantes na hora da obra. Nossa proposta é fazer o caminho inverso, deixando as informações nos lugares onde elas precisam ser usadas”, diz Mendes.
O processo é feito com os Códigos QR, que são colocados em lugares estratégicos da obra e atualizados automaticamente com as novidades que precisam ser passadas para os trabalhadores do canteiro.
“Nossa ideia não é ensinar as pessoas que não sabem usar tecnologia a entrar nesse mundo. Nós queremos pegar esse público que já usa alguma ferramenta para fazer o serviço, mas está mal servido” afirma Mendes.
Ele diz que de dez construtoras e incorporadoras ranqueadas como as melhores de São Paulo, oito já usam o serviço da ConstruCode. Para ele, o único setor que está sendo prejudicado com a sua empresa são as gráficas.
Com isso, o CEO da companhia afirma que está prestando um serviço que ajuda as empresas a estarem, cada vez mais, em linha com as práticas ESG.
Faturamento
Para 2022, que está chegando ao fim, o faturamento da companhia deve atingir R$ 4 milhões, mas Mendes estima um crescimento ainda mais acelerado para os próximos anos. De acordo com suas estimativas, em 2025 a empresa deve faturar R$ 12,8 milhões.
Mendes afirma que a expectativa de crescimento inclui, além do crescimento no número de obras por aqui, o início da expansão da plataforma para fora do país.
Por Vitória Fernandes